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Única pacarana fêmea criada em zoológico no país está em quarentena sendo preparada para reprodução

Zoológico do Acre é o único do país a ter espécie rara de pacarana, considerada o 3º maior roedor do mundo. Animal está incluído no Livro Vermelho de Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

Pacarana é o único roedor que consegue comer com uma mão só — Foto: Denis Henrique/arquivo

O Parque Ambiental Chico Mendes, onde funciona o zoológico de Rio Branco, é o único do país a ter disponível para visitação uma espécie rara de paca, a pacarana – também conhecida como paca-de-rabo, de nome científico Dinomys branickii. A espécie é considerada o 3º maior roedor do mundo, segundo a bióloga e administradora do parque, Joseline Guimarães.

A bióloga disse que há no local cinco pacaranas, dois machos adultos, sendo um alfa, dois filhotes machos de 11 meses, e uma fêmea que, atualmente, está separada em quarentena.

“O nosso zoológico é o único do país que tem a espécie para visitação e ela é a única fêmea. Ela está em quarentena porque, como tem muito macho, a gente separou para ela ganhar mais peso e a gente cuidar melhor. Ela está sendo preparada para, futuramente, uma nova reprodução, mas ainda não há uma data certa. É uma ação preventiva, porque as fêmeas dessa espécie são muito sensíveis”, explicou.

A administradora disse ainda que essa é a mesma fêmea que teve filhotes em fevereiro do ano passado, quando as equipes do local conseguiram reproduzir dois machos da espécie rara de roedores.

“Aqui no parque já realizamos quatro reproduções da espécie, outros dois filhotes dessa fêmea chegaram a ser enviados para o Instituto Onça-Pintada [na cidade de Mineiros, no sul de Goiás] mas um, infelizmente, morreu”, acrescentou.

Joseline disse ainda que é comum em zoológicos alguns animais serem encaminhados para quarentena para pegar peso e terem algum cuidado a mais.
“Os dois machos de 11 meses são filhotes dessa pacarana com um dos dois machos adultos. Um deles é o macho alfa, os filhotes ainda estão em adaptação. Um dos machos adultos também está em quarentena”.

Onde é encontrada?

O animal, segundo a bióloga e doutoranda do Programa PPGESPA da Universidade Federal do Acre (Ufac) Elaine Oliveira, tem uma distribuição geográfica restrita, e é encontrado somente nas florestas tropicais da Amazônia Ocidental, Venezuela, Colômbia, Brasil – somente na Amazônia -, Equador, Peru e oeste da Bolívia.
“Há pouquíssimas espécies em cativeiro atualmente. É um roedor de tamanho grande e robusto, pode chegar a 12 Kg, é um animal endêmico da região amazônica e têm hábitos noturnos. No Brasil, pode ser encontrado nos estados do Acre e extremo oeste do Amazonas”, explicou.

Pesquisadora e doutoranda estuda as pacaranas — Foto: Elaine Oliveira/Arquivo pessoal

Estrutura morfológica

A espécie possui uma estrutura morfológica diferente dos demais roedores, com um crânio desenvolvido e habilidades de escalar. Além disso, é o único roedor que consegue comer com uma mão só.

“O Animal tem uma gestação de 7 a 9 meses, podendo nascer de 1 a 2 filhotes, encontrada em grupos familiares, e se alimenta de raízes, frutos, folhas, castanhas e tubérculos, seus predadores naturais podem ser a onça parda e o quati”, afirmou.

Elaine disse que, provavelmente, as pacaranas ocupam um papel importante na predação de raízes e sementes na floresta. Ela disse ainda que não é um animal não tem a carne apreciada para o consumo humano.

“Mas, ela ataca as lavouras de milho e macaxeira, que são muito comuns em nossa região e acabam sendo abatidas para que deixem que causar prejuízos na lavoura”, acrescentou a pesquisadora.

Risco de extinção

A bióloga disse ainda que a pacarana está incluída no Livro Vermelho de Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

“Atualmente, encontra-se listada no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção, inserida na categoria de deficiência de dados, pois não há muitos dados sobre essa espécie na literatura”, explicou.

Segundo Elaine, seu trabalho de doutorado aborda ‘As possíveis zoonoses que a pacarana pode transmitir, caso tenha contato com o ser humano em ambientes de lavouras ou ainda na mata’, como é o caso da leptospirose, salmonelose e a febre maculosa.

“Ainda estamos estudando os parâmetros hematológicos e realizando coleta de endo e ectoparasitas desses animais, para que tenhamos maior conhecimento sobre essa espécie, dentro de uma visão da conservação dessa espécie, pensando em sua função biológica na floresta Amazônica”, finalizou.

Fonte: Globo.com