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Toxocaríase Humana




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toxocara2Ocorrência no Homem:

Este é um caso de lesão ocular em um menino de 8 anos, causada por larva de Toxocara sp. Outras regiões preferenciais desta larva são o fígado e o sistema nervoso central.Devido às dificuldades de diagnóstico, não se pode conhecer com certeza a frequência da infecção larvar por Toxocara no homem. Os pacientes que sofrem de invasão ocular são os que mais buscam a assistência médica, mas é possível que para cada caso oftálmico existam vários com infecções larvares em outros órgãos, tais como o coração, fígado, pulmões e cérebro.

A Enfermidade no Homem:

Excetuando-se os casos muito raros de toxocaríase intestinal com parasitos adultos, a infecção humana se produz por larvas de Toxocara e a localização é extra-intestinal (larva migrans visceral). As larvas de segundo estágio migram por diferentes órgãos e tecidos, onde podem permanecer durante muito tempo. A síndrome ocorre sobretudo em crianças de 18 meses a 3 anos de idade, mais expostos a ingerir ovos de Toxocara, mas se apresenta também em indivíduos adultos. As larvas produzem nos órgãos, lesões focais de granulomas eosinófilos, que podem generalizar-se.

Vermes adultos de Toxocara canis no intestino do cão.As manifestações clínicas dependem do número de larvas e de sua situação anatômica. As infecções leves podem ser assintomáticas, com exceção de uma eosinofilia persistente. A gravidade dos quadros clínicos é variável, predominando os de sintomatologia leve. O sinal mais comum é a eosinofilia crônica. A percentagem de eosinófilos pode chegar a mais de 50% da pesquisa total de leucócitos. Nas primeiras etapas da enfermidade são freqüentes uma hepatomegalia e uma pneumonia, com hipergamaglobulinemia. As reinfecções freqüentes afetam simultaneamente o fígado e os pulmões, debilitando muito o paciente. Nas crianças maiores e nos adolescentes é freqüente na primeira semana, uma síndrome com febre, acesso de tosse, náuseas, vômitos e dispnéia. Os sintomas podem ficar recorrentes durante vários meses. Em crianças pequenas a enfemidade pode apresentar-se em uma forma mais grave, com acessos asmáticos, febre alta, anorexia, artralgias, mialgias, náuseas, vômitos, hepatomegalia, linfadenopatia e as vezes urticária e edema angioneurótico.

toxocara1A forma ocular é a mais freqüente e se apresenta como uma manifestação tardia. A presença da larva nos olhos pode causar diminuição progressiva da visão e sua perda repentina. O estrabismo é freqüente. A afecção é unilateral, e geralmente sem sintomas sistêmicos nem eosinofilia. As endoftalmias por larvas de Toxocara tem sido muitas vezes confundidas com retinoblastomas e tem determinado a extirpação do globo ocular afetado.

As larvas podem localizar-se no SNC, mas não se tem comprovado sua participação na etiologia de afecções cerebrais. Os casos fatais por larva migrans visceral são raros. A enfermidade não se transmite diretamente de uma pessoa a outra.

Fonte de Infecção e Modo de Transmissão:

toxocaraOvo de Toxocara canis ao exame parasitológico fecal.A grande difusão e alta prevalência de Toxocara em cães e gatos, o grande número de ovos que estes eliminam e a resistência dos mesmos, são fatores que contribuem para a contaminação do solo, que é a fonte de infecção para o homem. As crianças são as mais expostas por suas atividades em contacto com o solo e por carrear terra e diferentes objetos contaminados para a boca. O adulto pode adquirir a infecção se não se observam regras básicas de higiene pessoal, sendo quase sempre as mãos sujas, o veículo dos ovos do parasito.

Diagnóstico:

toxocara4O diagnóstico da toxocaríase larvar humana apresenta grandes dificuldades. A Vermes adultos de Toxocara canis.presença de eosinofilia, hipergamaglobulinemia e hepatomegalia, junto com a sintomatologia descrita ou os exames oftalmoscópios no caso de toxocaríase ocular, permitem suspeitar a presença da infecção.

O diagnóstico se confirma pelo exame histopatológico do tecido hepático, obtido por biópsia, ou do globo ocular nos casos de enucleação. Podem ser usadas várias provas imunobiológicas, tais como hemaglutinação, precipitação em agar-gel, imunofluorescência e hipersensibilidade cutânea. Estas provas são de certa utilidade, mas nenhuma é inteiramente satisfatória, devido à falta de especificidade e a freqüência de reações cruzadas com outras helmintíases. A prova de microprecipitação com larvas vivas tem dado ultimamente resultados promissores. O diagnóstico de toxocaríase intestinal em cães e gatos não oferece dificuldade e se estabelece mediante a observação de ovos dos parasitos no material fecal.

O citoxocara3clo de vida deste verme se fecha de várias formas. Em princípio o ciclo se dá de forma direta, isto é, os vermes adultos localizados no intestino eliminam ovos que contaminam o solo. Animais tanto adulto como filhotes se infestam ao farejar e lamber o solo contaminado. Crianças também podem se
contaminar ao brincar no chão. O verme pode ainda ser transmitido aos filhotes pela sua mãe, tanto pela placenta como pelo leite.
Controle:

A medida principal de controle consiste na vermifugação periódica de cães e gatos. Os cães recém nascidos com infecção pré natal são de especial interesse na profilaxia. Se recomenda tratar os cachorros a duas semanas de nascido com adipato de piperazina e repetir a medicação a 3, 4 e 8 semanas de idade. os demais cães e gatos tem de ser submetidos a exames coprológicos e se deve, obrigatoriamente, vermífugá-los em caso de encontrar-se ovos de Toxocara.

Para a prevenção da enfermidade no homem é importante observar as regras de higiene pessoal e ensiná-las às crianças desde a primeira idade.

José Brites Neto
Médico Veterinário CRMV-SP 11996