Torção-dilatação- volvulo gástrico
Muito obrigado por ter respondido meu e-mail. De fato esta sendo muito difícil para mim aceitar o falecimento do meu cachorro. Neste final de semana que passou, analisei o caso e sinto que se talvez eu visse a reação do meu cão, talvez ele não teria morrido. Não acho que ele teve torção gástrica mas sim uma indigestão. Mas como a senhora disse, devido ao amor que sentimos e difícil superar.
Gostaria de esclarecer mais algumas duvidas:
Quando ha uma torção gástrica outros órgãos são prejudicados ?
Pode haver uma hemorragia interna ?
Quais os órgãos afetados ?
De que maneira são afetados ?
Faço estas perguntas pois o veterinário falou (não consegui ficar presente na cirurgia) que o baço do meu cão estava grande e havia coágulos de sangue. Realmente isto e possível ?
Mais uma vez agradeço a compreensão. Aguardo resposta.
Um grande abraço,
Alexandre
Acho que uma forma de esclarecer as dúvidas é falar sobre a torção-dilatação- volvulo gástrico. Esta afecção acomete principalmente animais de porte grande, sendo um quadro agudo, e que freqüentemente pode levar o animal ao óbito nas
primeiras 12 horas da sua instalação. Geralmente ocorre após o animal se alimentar. Inicialmente o estômago roda sobre o seu próprio eixo levando uma obstrução do cárdia e do piloro que é a entrada e saída do estômago. Ocorre acumulo de gases levando a uma dilatação do órgão, e finalmente o piloro (saída) se desloca e vai se posicionar junto ao cárdia( entrada). Quando ocorre a torção, o baço roda junto com o estômago, provocando uma congestão deste órgão, havendo com isto um seqüestro muito grande de líquidos ocasionando um choque hipovolêmico, bem como ocorre a liberação de um fator que deprime o miocardio. Existem ouras alterações importantes, como por exemplo desequilíbrio eletrolitico.
Existem diversas formas de condutas, entretanto eu adoto o seguinte procedimento, que é chamado de cirurgia em dois tempos:
– inicialmente coloco o animal no soro e tento repor a volemia, deve se dar em torno de 50 ml de soro por cada Km de peso, o mais rápido que possível, pois o choque é a principal causa do óbito neste caso.
– Imediatamente faço um bloqueio com anestésico local e realizo uma pequena cirurgia para realizar a descompressão do estômago.
– Estabilizo o animal e em cerca de 2 horas realizo a cirurgia definitiva.
– A taxa de sucesso neste procedimento é em torno de 60-70%.
Posso dizer que o organismo é afetado como um todo, temos distúrbios no baço devido a congestão, no estômago, no coração, na hemodinâmica do animal, na respiração, etc. Entretanto em alguns caso, como já citado, estas alterações as vezes podem ser controladas.
Um grande abraço.
Dr. André lacerda de Abreu Oliveira – Teresópolis – RJ