Teoria da Geração Espontânea, e nossos meios de defesa.
No tempo da antigüidade clássica, mais precisamente durante a vida do filósofo grego Aristóteles, acreditava-se que a vida pudesse ser gerada espontaneamente, ou seja, originar-se sem o concurso de outros seres vivos afins.
Aristóteles, embora seja considerado hoje pioneiro no campo da investigação filosófica, dados seus múltiplos e variados interesses não só no campo da Filosofia como também das Ciências, inclusive as chamadas Naturais, que hoje abarcam inclusive as ciências Biológicas em geral, foi aquele que enunciou a chamada Teoria da Geração Espontânea, dando mesmo a receita para ser gerada uma família de ratos: Bastava ser armazenado num local qualquer, algum cereal como o milho por exemplo, que ao fim de algum tempo seria gerado no local uma ninhada de ratos…
Foi Aristóteles quem iniciou o estudo sistemático da Lógica, um dos ramos da Filosofia que permite a descrição formal e avaliação do raciocínio, que perdurou até final do século XIX como núcleo central dessa disciplina. O interesse de filósofo grego quanto às diferentes funções das palavras na língua está na origem do estudo moderno da própria Gramática, o que faz dele um dos precursores da filosofia da linguagem e da lingüística. Ainda hoje quando de discute questões centrais da Metafísica, como por exemplo: O que é substância? O que é próprio dos seres? Eram essas indagações abordadas e esmiuçadas em seus debates junto a Platão, que foi seu mestre na Academia Grega, e que discutia essas e outras questões transcendentais do conhecimento vigente nessa época.
No entretanto, a chamada Teoria da Geração Espontânea era aceita por todos, filósofos ou não, e sem nenhuma discussão de sua certeza, e muito menos sua contestação. Acreditava-se nela, e pronto!
Esse preâmbulo foi anteriormente exposto, devido o fato de ser eu freqüentemente perguntado, tanto por clientes proprietários de animais meus pacientes, como por amigos, e mesmo leitores de meus artigos aqui publicados nesta Home-Page sobre Saúde Animal, que formulam a seguinte questão: Como meu cão pegou essa doença, se ele não sai de dentro de minha casa? Mal vai ele até o portão da nossa residência. Ainda agora uma leitora de um artigo meu, repetiu a mesma pergunta: Como meu cão pegou sarna, que a Veterinária diz ser ele portador, já que não sai de nossa casa?
É essa uma contestação própria de nossa época, já que hoje sabemos devido os conhecimentos que nos foram transmitidos pelos chamados Caçadores de Micróbios, como o foram os cientistas modernos: Spallanzani, Pasteur, Koch, Roux e Behring, Metchnikoff, Theobald Smith, Walter Reed, Paulo Ehrlich, e tantos outros que com suas pesquisas demonstraram que existem sim os chamados micróbios, sejam eles bactérias, protozoários, fungos ou vírus, que como seres vivos microscópicos que são, também necessitando de outros seres para se perpetuarem em sua vida parasitária causam assim doenças, sejam infeções ou moléstias de outra natureza como o são as simples doenças parasitárias como as sarnas. Enfim, hoje todos sabem por ser do conhecimento geral, e até as crianças sabem pois desde tenra idade são advertidas por suas mães, para não porem a mãozinha suja na boca que pode pegar doença!!!
Enfim, mesmo sabendo que as doenças infecciosas ou parasitárias só podem ser causadas pelo próprio agente causador, seja ele bactéria, vírus, fungo, protozoário ou simplesmente um verme, ainda ficamos na dúvida de como tal agente chegou aos nossos animais, e mesmo a nós mesmos, causando doenças!
Respondendo a essa última indagação: O próprio ar atmosférico que nos rodeia e tão necessário à nossa própria existência, assim como a de todos os seres vivos em geral, pode funcionar como propagador também de doenças. O vento, varrendo os lugares por onde passa, pode levar germes em geral, assim como ovos ou larvas de parasitas para outros locais, inclusive para dentro de nossa própria casa, e assim contaminar alimentos ou a própria água que bebemos, e funcionar como propagador de moléstias. Insetos, pássaros silvestres, enfim qualquer ser vivo que livremente possa invadir nosso ambiente doméstico, pode levar consigo, muitas vezes sem mesmo saber, outros seres menores causadores de doenças.
Insetos sugadores de sangue, como o são os pernilongos em geral, estando contaminados por moléstias que também a eles próprios são causadoras de doenças, vindo os mesmos a picar com suas mandíbulas sugadoras o nosso sangue ou dos nossos animais, com a finalidade de se alimentarem, podem transmitir àqueles que tenham sido picados moléstias parasitárias como a Leishmaniose, a Maleita, a Dengue, a Febre Amarela, etc..
Nós não demos permissão para que esses invasores de nossos domicílios nos mesmos penetrassem, no entretanto, eles voando livremente pelo espaço que lhes é próprio vieram ao aconchego de nosso lar, nos contaminando e nos causando doenças.
Outros insetos, como as baratas e formigas, estando contaminados por haverem antes lambido algo contaminado, podem e causam muitas vezes infeções graves, como a própria salmonelose conhecida vulgarmente como tifo, ou mesmo infeções menos graves.
Um simples cumprimento, dado muitas vezes por um amigo que nos aperta as mãos sem saber ou mesmo se lembrar que antes as contaminou de alguma forma, como deixando de as lavar após realizar algum trabalho manual onde teve ocasião de as contaminar com germes ou larvas de parasitas, e inadvertidamente, já que eles mesmos desconhecem tal fato.
Nós mesmos, ao visitarmos casas de nossos conhecidos ou amigos, nessas casas acolhedoras como o são as casas deles todos, muitas vezes também inadvertidamente, podemos nos contaminar, assim como também nossas próprias roupas por contato com algo infectado. Até a sola de nossos sapatos, pisando pelos caminhos que palmilhamos todo o tempo, podem se contaminar passando por locais previamente contaminados por poeira contendo germes ou ovos de parasitas infectantes.
Enfim, devemos nós todos nos conscientizar que estamos rodeados por outros seres vivos, muitos deles infinitamente pequenos que não são vistos por nossa vista, como os germes em geral, e assim sendo devemos tomar sempre precauções para não nos contaminarmos.
Quais são essas precauções: Cuidados higiênicos, tais como banhos freqüentes, ou simples lavagem das mãos e mesmo sua desinfeção quando necessário. Limpeza também de nossas roupas e calçados, enfim aqueles cuidados gerais que fazem parte dos cuidados hoje realizados por todos nós, que vivemos num mundo civilizado.
A água que bebemos, e também aquela que deixamos a disposição de nossos animais, assim como aquela que preparamos o nosso alimento, ou mesmo é utilizada para nossos banhos e lavagens das mãos, também deve merecer especial cuidado higiênico. Deve ser sempre obtida de fontes que sofreram tratamento prévio, como deve ser aquela procedente dos serviços de abastecimento urbano. Até os dejetos próprios e de nossos animais, deve ser descartado sempre em locais que possam e devem ser em seguida desinfetados, como as redes de esgotos urbanos ou rurais.
Enfim, por último, uma advertência: Não faça desses cuidados uma obsessão, sob pena de ver-se em seguida presa de fobia a tudo e a todos.
Nosso próprio organismo, e aqueles dos nossos animais, possuem também meios próprios de se auto-precaverem contra esses todos invasores de sua integridade, como o são seus meios próprios de defesa orgânicos.
CRMV-SP-0442.