Quokka, marsupial australiano ‘rei das selfies’, está ameaçado de extinção
-05 de Outubro de 2016-
Incêndios florestais e atividades humanas têm ameaçado animal.
Quokkas se tornaram famosos por parecerem ‘sorridentes’.
Os quokkas são pequenos marsupiais com um sorriso que se tornou fenômeno viral de selfies na Austrália, onde correm o risco de desaparecer devido a incêndios florestais e por causa do desenvolvimento humano e da atividade dos predadores.
O quokka (Setonix brachyurus) é um herbívoro noturno que mede pouco mais de 40 centímetros, com pelagem marrom acinzentada e uma longa cauda, e é considerado a versão menor dos wallaby.
A União Internacional para a Conservação da Natureza agora colocou em sua lista de espécies vulneráveis esses pequenos marsupiais, cujas fêmeas têm somente um filhote ao ano e vivem, em média, dez anos.
O animal, que habita exclusivamente o sudoeste da Austrália, era conhecido pelo povo aborígene de Noongar como “Bangup”, “Bundeuo” ou “Quak-a”.
Ao ver esse marsupial pela primeira vez, o explorador holandês Willen de Vlamingh o descreveu como “uma espécie de rato tão grande como um gato”, por isso batizou o lugar onde os avistou como Rottenest (ninho podre).
A ilha de Rottnest, situada perto da cidade de Perth, é o principal habitat dos quokkas, com cerca de oito mil e 12 mil exemplares.
A abundância em Rottnest transformou esses animaizinhos – que não têm medo dos humanos e parecem sorrir o tempo todo – em uma atração para os turistas, que tiram selfies com eles e inundam as redes sociais no país.
Por outro lado, a situação dos quokkas no território continental australiano é preocupante, já que desde a colonização europeia no final do século XVIII sua população diminuiu drasticamente para os atuais 4 mil exemplares.
Grande incêndio
O grande incêndio que arrasou 98 mil hectares de floresta do sul da Austrália Ocidental em fevereiro de 2015 agravou a situação, até levar a população de quokkas em Northcliffe à beira da extinção, alertou Merril Halley, encarregada da conservação de espécies do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
“Achamos que havia cerca de 500 exemplares antes do incêndio e os estudos indicam que agora há apenas 39. Nos entornos da área incendiada há mais exemplares e acreditamos que possam ter fugido das chamas para esses lugares”, disse Halley à Agência Efe.
A terrível realidade é que os sobreviventes do incêndio passam dificuldades porque estão isolados uns de outros e em pequenos espaços, nos quais há pouca vegetação para se alimentarem e ficam muito mais expostos como presas.
Entre os predadores estão o dingo (cão selvagem) que chegou ao continente há quatro mil anos, e raposas e gatos introduzidos pelos europeus.
O desenvolvimento humano também afetou os quokkas, já que perderam seu habitat devido a uma maior utilização de terras agrícolas, à poda de árvores, à urbanização e ao uso de espaços para atividades recreativas.
“Os incêndios são um risco adicional, sobretudo porque são cada vez mais intensos, o que ameaça ter um maior impacto no habitat dos quokkas”, contou a representante do WWF.
Os quokkas da região continental do país são de muita importância “porque são geneticamente mais diversos” e o possível desaparecimento deste emblemático animal “teria um grande impacto no ecossistema”.
O WWF, que coloca colares e utiliza câmeras de vídeo para estudar os movimentos dos quokkas, calcula que serão necessários 15 anos para que a população da área incendiada se recupere.
O objetivo é dificultado pela ameaça constante dos predadores e pela possibilidade de mais incêndios de grande impacto no habitat desses animais.