Projeto busca por lei que proíba uso de cavalos em charretes e carroças em Venâncio Aires (RS)
-11 de Novembro de 2016-
Recentes casos de maus-tratos a cavalos em Venâncio Aires (RS) vem mobilizando inúmeras pessoas nas redes sociais e também a Organização Não-Governamental Amigo Bicho, assim como o Conselho Municipal de Proteção Animal. Os protetores querem uma lei afim de evitar que animais “responsáveis” por puxar carroças e charretes pela cidade sigam sendo explorados e, em muitos casos, sofrendo, puxando cargas pesadas, na chuva e sol, mal alimentados e sendo chicoteados.
O projeto de iniciativa popular, que ainda será formulado, será apresentado aos novos administradores e legisladores do Município. Nos próximos dias um encontro dos protetores será realizado para discutir e chegar a um avanço no assunto, com possíveis multas, punições e regras.
“O problema precisa ser erradicado, amenizando na raiz. Os charreteiros usam o pobre animal até ele perder toda a sua energia. Se tivéssemos uma legislação específica que regulamentasse e aplicasse multas teríamos um grande avanço no município”, destaca a voluntária da Amigo Bicho, Alessandra Ludwig. Ela ainda salienta que de todos os casos, nesta situação, atendidos pela ONG até hoje, sete animais já vieram a óbito. “Quando acontecem esses casos nós da ONG somos cobradas por não poder fazer mais, por uma responsabilidade que não é nossa, mas sim do Poder Público”.
Santa Cruz sanciona Lei
De autoria do vereador Gerson Trevisan (PSDB), a Lei que proíbe a circulação de veículos de tração animal na zona urbana, sancionada semana passada pelo prefeito Telmo Kirst, prevê a retirada gradual das carroças. Em até quatro anos não poderão mais circular no Centro e em até nove anos não poderão mais circular em todo o perímetro urbano – à exceção de eventos tradicionalistas e atividades, públicas ou privadas, como haras, turfe, hipismo, equoterapia e cavalgadas.
Também fica permitido o uso desses veículos por forças de segurança que tenham grupamentos de montaria. A lei estipula também que, em um prazo de quatro anos, o Município faça o cadastro dos atuais condutores de veículos de tração animal e elabore políticas públicas para garantir a colocação dessas pessoas no mercado de trabalho.
A preocupação dos protetores envolve a situação econômica dos trabalhadores, como catadores. Em Santa Cruz, o projeto ‘Cavalo de Lata’ visa a substituição das carroças por carrinhos elétricos, recarregáveis na luz, com capacidade para 500 quilos. O Projeto, de forma voluntária e apartidária, o encaminhamento de carroceiros independentes para o mercado de trabalho formal. Ao mesmo tempo faz o atendimento e o encaminhamento dos cavalos que sofreram maus-tratos por uso em carroças para chácaras previamente cadastradas pela equipe para sua total aposentadoria.
Casos de maus-tratos no município
Na semana passada, na manhã do feriado, 2 de novembro, a ONG Amigo Bicho foi acionada para o resgate de um cavalo nas proximidades da Escola 11 de Maio, no bairro Coronel Brito.
Ao chegar no local se depararam com o animal caído, bem debilitado, sendo que não comia nem bebia água. Na ocasião, as voluntárias receberam a informação de quem seria o possível tutor. Ao localizá-lo, o mesmo lhes informou que havia adquirido o animal, já doente e debilitado e estava tentando o ajudar, com soro e pasta de vermes. A ONG se solidarizou com ocaso e ofereceu auxílio veterinário, no entanto, o equino não resistiu e veio a óbito na manhã de quinta-feira.
Um outro caso que chocou a população ocorreu em fevereiro deste ano quando uma égua foi abandonada em Linha Sapé porque já não tinha mais forças para seguir adiante.