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Pesquisadores brasileiros e argentinos descobrem fluorescência em rã

luke_news

-17 de Março de 2017-

‘Este caso é o primeiro registro científico de uma rã fluorescente. Não há relatos precedentes sobre isto, e também sobre estas moléculas que podem ser fluorescentes’, declarou Carlos Taboada.

Este caso é o primeiro registro científico de uma rã fluorescente (Foto: C.TABOADA-J.FAIVOVICH/MACN-CONICET/AFP)
Este caso é o primeiro registro científico de uma rã fluorescente (Foto: C.TABOADA-J.FAIVOVICH/MACN-CONICET/AFP)

Pesquisadores de Brasil e Argentina identificaram fluorescência em uma rã arborícola encontrada na América do Sul, informou na quinta-feira (16) à AFP um dos autores do estudo.

“Este caso é o primeiro registro científico de uma rã fluorescente. Não há relatos precedentes sobre isto, e também sobre estas moléculas que podem ser fluorescentes”, declarou Carlos Taboada, um dos pesquisadores.

Em um laboratório do Museu Argentino de Ciências Naturais de Comodoro Rivadavia (MACN), em Buenos Aires, Taboada explicou à AFP o alcance do trabalho do qual participou.

Taboada trabalha na equipe liderada pelo argentino Julián Faivovich, principal pesquisador do MACN e do Conselho Nacional de Ciência e Técnica (Conicet), cuja descoberta foi recentemente publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Além dos argentinos, participaram da pesquisa os brasileiros Andrés Brunetti e Fausto Carnevale, ambos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Segundo Faivovich, a descoberta “modifica radicalmente o que se conhece sobre a fluorescência em ambientes terrestres, permitiu encontrar novos compostos fluorescentes que podem ter aplicações científicas ou tecnológicas, e gera novas perguntas sobre a comunicação visual entre anfíbios”.

Integrante do departamento de Biodiversidade e Biologia Experimental da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade de Buenos Aires, o pesquisador explica que a origem da fluorescência se deve a “uma combinação da emissão (de compostos) das glândulas da pele e da linfa, que é filtrada pelas células pigmentares também da pele, que nesta espécie é translúcida”.

Surpresa no laboratório

Há seis anos, a equipe tentava explicar a origem metabólica dos pigmentos em rãs quando encontraram a fluorescência (Foto: C.TABOADA-J.FAIVOVICH/MACN-CONICET/AFP)
Há seis anos, a equipe tentava explicar a origem metabólica dos pigmentos em rãs quando encontraram a fluorescência (Foto: C.TABOADA-J.FAIVOVICH/MACN-CONICET/AFP)

Há seis anos, a equipe tentava explicar a origem metabólica dos pigmentos em rãs quando encontraram a fluorescência, revelou Taboada em entrevista no laboratório biológico.

“Descobrimos um fenômeno fotobiológico, por assim dizer (…). Quando fomos olhar os animais que estavam em cativeiro e detectamos esta fluorescência tão intensa ficamos emocionados. Foi bastante desconcertante”.

A espécie na qual o fenômeno foi identificado é a “Hypsiboas punctatus”, uma rã arborícola que vive na América do Sul e cujas propriedades óticas eram desconhecidas até o momento.

“Esperamos para divulgar a descoberta até termos certeza de que o fenômeno não era consequência do cativeiro. Detectamos as propriedades em todos os exemplares que estudamos”.

Taboada estimou que é muito possível que esta fluorescência se manifeste também em outras espécies que apresentam propriedades de pele muito semelhantes à “Hypsiboas punctatus”.

Questão metabólica

O fenômeno da fluorescência significa que “as moléculas absorvem luz de uma determinada longitude de onda, se excitam e reemitem a luz de outra cor de menor energia, que neste caso é o verde-celeste”, revelou o pesquisador.

“Não parecia ser uma anomalia ou qualquer doença, mas claramente uma questão metabólica e fisiológica presente na espécie”.

María Lagorio, pesquisadora independente especialista em fluorescência, foi convocada para a equipe após a descoberta.

“A fluorescência em organismos naturais é muito comum em espécies aquáticas, e mais ou menos usual em alguns insetos, mas nunca havia sido reportada cientificamente em anfíbios”.

Neste sentido, é “uma descoberta inédita e tem a relevância de ser quantitativamente importante”.

Fonte: Por France Presse