Macaco brasileiro é capaz de produzir pedra afiada parecida com ferramenta pré-histórica
-24 de Outubro de 2016-
Estudiosos dizem que eles usam características diferentes para as pedras lascadas, como bordas afiadas e tipo de corte.
Quebrar pedras para produzir fragmentos cortantes não seria uma habilidade exclusiva dos nossos ancestrais humanos, de acordo com pesquisa publicada nesta quarta-feira (19) na revista científica “Nature”. O estudo revela que macacos-prego do Brasil também são capazes de produzir tais objetos.
“Observamos o Sapajus libidinosus (macaco-prego, nativo do nordeste e do centro do Brasil) quando quebra pedras deliberadamente e cria involuntariamente fragmentos que têm várias semelhanças com os produzidos pelos primeiros homínidos da idade da pedra”, disse à AFP Tomos Proffitt, pesquisador da Universidade de Oxford.
Os animais observados são do Parque Nacional Serra da Capivara, no estado do Piauí. Já se sabia que a espécie utiliza essas ferramentas de pedra para romper nozes, como castanhas de caju, do mesmo modo que fazem os chimpanzés. Esses primatas fazem isso há cerca de 700 anos.
No entanto, os pesquisadores encontraram ainda mais detalhes sobre o modo de produção desses objetos cortantes: os macacos golpeavam reiteradamente uma pedra contra outra e produziam fragmentos.
Eles seriam capazes inclusive de escolher as pedras que vão usar em função da sua composição e forma, preferindo as arredondadas. Estudiosos dizem que esses animais determinam características diferentes para as pedras lascadas, como bordas afiadas e tipo de corte.
“Esta observação é importante, já que os arqueólogos sempre pensaram que a produção de fragmentos de pedra que apresentam rupturas em curva e bordas cortantes era uma exclusividade dos homínidos”, explica Proffitt.
Diferentemente dos nossos ancestrais, porém, os primatas não controlam a utilização dos fragmentos obtidos. Desse modo, “é difícil compreender por que os macacos talham as pedras assim”, segundo os pesquisadores. Em outras palavras, o ato intencional dos homínidos é fortuito nos macacos, o que constitui uma grande diferença.
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