Lipidose Hepática em Felinos
Ao ler o título deste artigo, a maioria das pessoas pode pensar que se trata se algo estranho, diferente e incomum, ainda mais se tratando de gatos. Ledo engano. Antes do ponto final espero esclarecer os proprietários dos felinos e chamar a atenção para essa enfermidade de fácil ocorrência.
O gato pode ser acometido por algumas doenças que são próprias da espécie, como a lipidose hepática idiopática. É uma doença grave e pode ser fatal caso o proprietário não perceba a tempo. Esta enfermidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado, levando a disfunção deste órgão. É bastante comum em gatos de diversas idades e não há diferença quanto à raça ou sexo.
Os sintomas são progressivos, o proprietário geralmente relata que o animal parou de comer (anorexia), vômitos, perda de peso e apatia. O gato também pode estar ictérico (pele e mucosas amareladas).
A doença ocorre muitas vezes após situação de estresse, como a chegada de um novo animal ou membro da família, mudança de casa, durante uma doença crônica, após cirurgia e algumas vezes está associada com histórico de obesidade. Mas atenção! O termo idiopática sugere que não tem causa definida, ou seja, o animal simplesmente desenvolve a doença sem motivo aparente. Se seu gato parou de se alimentar, fique atento! Gatos são muito sensíveis e seu abatimento é visível em 1 ou 2 dias sem comer. Neste caso, será preciso restabelecer o equilíbrio metabólico do animal através de alimentação forçada, pois se o gato não ingerir os nutrientes necessários, a doença pode se agravar e o animal pode desenvolver encefalopatia, coma e conseqüentemente vir a óbito!
Quanto mais cedo diagnosticar a lipidose hepática maior a chance de cura. O proprietário de vê ficar alerta para alguns sinais: vomito + anorexia, já é mais que o suficiente para correr para uma clínica veterinária. Um gato sem disposição para comer por um dia já é muito preocupante!
O tratamento além da medicação consiste em assegurar que o gatinho se alimente. A maioria dos gatos requer a alimentação forçada (orientada por um médico veterinário) que pode ser através de seringas de 10 ml, feito pelo próprio proprietário em casa ou por meios de tubos de alimentação, realizado pelo veterinário na clínica.
A dieta deve ser rica em proteínas com nutrientes e calorias apropriados, vitaminas e suplementos realizada de 6 a 8 vezes ao dia. A dieta deve ser líquida para melhor digestão e absorção e facilitar a passagem pelo tubo ou seringa.
A terapia indicada pela veterinária deve ser seguida à risca. As revisões devem ser mantidas fielmente, para que o profissional possa fazer acompanhamento do peso corporal do animal, o grau de hidratação e de icterícia, além de refazer os exames de sangue.
À medida que o animal demonstrar interesse pela dieta, a alimentação forçada deve ser diminuída. Quando animal estiver ingerindo normalmente a quantidade necessária de nutrientes, a alimentação forçada deve ser interrompida.
O sucesso do tratamento vai depender muito do amor e dedicação do proprietário com seu bichano.
Carla Diele – Médica Veterinária
CRMV-RJ 6165
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