Saúde Animal

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Larva migrans

Prezados amigos:

Meu filho está com Larva migrans na barriga. Sei que esta larva (também chamada bicho geográfico) na verdade é um parasita intestinal de cães e gatos. Em nossa casa temos uma cadela Collie de 10 meses que mora na varanda e jardim, e dois gatos que frequentam a mesma área.
Como saber de quem meu filho pegou isso? E qual o tratamento que deve ser ministrado à cadela e aos gatos para curá-los, caso estejam infectados? Como prevenir para que não volte a acontecer?
Agradeço desde já a atenção dispensada, e aguardo uma resposta a mais rápida que for possível.

Atenciosamente,

Ricardo Marques
Caro Ricardo,

Há vermes que penetram na pele e permanecem vagando entre a epiderme e a derme. O quadro clínico resultante é a larva migrans cutânea, também conhecida por dermatite serpiginosa ou dermatite linear serpiginosa e, popularmente, por “bicho geográfico” , “bicho da areia” ou “bicho das praias”.
Na generalidade dos casos, esta síndrome é devida às larvas de terceiro estádio do Ancylostoma braziliense, parasito normal do intestino de cães e gatos. Mas também outros helmintos já foram identificados como responsáveis ocasionais pelo mesmo quadro, entre os quais: A. ceylanicum,
A. caninum, A. stenocephala e, menos comumente: A.duodenale, Necator americanus e Strongyloides stercoralis que podem, eventualmente, ficar na pele, abrindo túneis, sem achar seu caminho para realizar o ciclo pulmonar.
O momento da penetração das larvas infectantes pode passar despercebido. Porém, nas pessoas sensibilizadas, surgem pontos vermelhos ou pápulas, acompanhados de coceira. Desses pontos partem os túneis que desenham um trajeto irregular e caprichoso, avançando de 2 a 5 centímetros por dia. Algumas vezes, a linha serpeante restringe-se a uma pequena área; outras, alonga-se como o traçado de um mapa. O número de larvas e, portanto, o número de trajetos inflamatórios lineares varia de uma única a dezenas ou centenas, localizando-se em qualquer região da superfície do corpo. As partes que mais frequentemente se põem em contato com o solo são as mais sujeitas: pés, pernas, mãos e antebraço. Crianças que brincam sentadas no chão, exibem-nas na região glútea, coxas
etc.
O sintoma mais intenso é a coceira que costuma ser pior à noite. Há casos de manifestações pulmonares concomitantes, sendo possível que algumas larvas tenham alcançado os pulmões ou que tenha havido infecção simultânea por outros ancilostomídeos. A duração do processo é muito variável, podendo curar-se espontaneamente ao fim de
poucos dias ou durar semanas e meses. O tratamento deve ser feito pelo médico.
A larva migrans cutânea é encontrada por toda parte onde se encontrem cães e/ou gatos infectados com ancilostomídeos, sobretudo A. braziliense e A. ceylanicum. O problema é mais frequente em praias e em terrenos arenosos, onde esses animais poluem e meio com suas fezes. Em muitos lugares, são os gatos as principais fontes de infecção. O hábito
de enterrar os excrementos, tão característico desses animais, e a preferência por fazê-lo em lugares com areia, favorecem a eclosão dos ovos e o desenvolvimento das larvas. As crianças contaminam-se ao brincar em depósitos de areia para construção, ou nos tanques de areia dos locais destinados à sua recreação. Todos os animais domésticos devem ser tratados sistematicamente e com regularidade para prevenir-se as reinfeções.
Um abraço com afeto.

Dr. Paulo Cesar Madi – Clínica Médica – Santo Antonio da Posse