Saúde Animal

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Influenza (gripe)




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gripeÉ a gripe, também chamada de influenza, doença das mais comuns que se conhece, causada por um vírus, sendo susceptíveis de contrai-la, além do homem, também animais, e principalmente suínos, que estão entre as maiores vítimas além de pássaros.

Robert Webster, pesquisador do St.Jude Children’s Research Hospital de Menphis, EUA demonstrou que o vírus da gripe, responsável pelas maiores pandemias que se tem notícia, por ele denominado de super-virus, é resultante de combinação genética do vírus que ataca o homem e aquele que ataca aves, quando simultaneamente penetram em células de porco, onde apenas um deles sozinho não desencadearia nenhum mal, porém ocorrendo simultaneidade, devido recombinação de seus materiais gênicos, o vírus resultante adquire alta infectividade, e então quando vêm a penetrar no homem são responsáveis pelas epidemias graves que já ocorreram na humanidade.

Cada sub-tipo é nocivo para determinada espécie animal, e quando infecta a espécie para a qual é o mesmo patogênico a doença decorrente transcorre sem maior gravidade ou complicações; Vindo porém a infectar espécie animal para a qual não seja o sub-tipo patogênico, não ocorrem sinais ou sintomas da infeção, como ocorre com suínos infectados pelo sub-tipo de aves ou o sub-tipo do homem. Porém, ocorrendo penetração do sub-tipo de aves em suínos, e simultaneamente a variedade humana, embora os suínos não fiquem doentes, porque nenhum dos dois sub-tipos lhe é patogênico, tais sub-tipos se recombinam geneticamente, servindo o porco como verdadeiro criatório para a variedade de vírus que dessa combinação gênica resulta, e vindo tal super-virus a infectar o homem, sobrevem a doença com inusitado ímpeto e gravidade.

Esclarecendo melhor o assunto: o sub-tipo humano somente é nocivo ao próprio homem, assim como o sub-tipo das aves o é às aves e aquele de suínos o é a essa espécie animal, o mesmo ocorrendo com o sub-tipo de eqüinos que sómente é infectante aos eqüinos. Em caso de penetração desses sub-tipos na própria espécie para os quais é o mesmo nocivo, a doença transcorre com suas características próprias e sem maiores conseqüências.

No entretanto, na eventualidade da penetração do sub-tipo humano e simultânea penetração do sub-tipo das aves em um usino, como foi demonstrado pelo pesquisador americano, por recombinação de seus respectivos materiais genéticos, o vírus resultante, denominado de super-virus, torna-se patogênico tanto ao homem quanto aos próprios suínos, e a doença daí resultante reveste-se de suma gravidade, vindo a se constituir de epidemia,e caso se espalhe pelo mundo, é a epidemia denominada de pandemia, como ocorreu após a primeira grande guerra, com início dos primeiros casos na Espanha, porisso na época chamada de Gripe Espanhola, quando chegou a causar milhares de vítimas.

Webster analisou fígados de porcos de origem italiana por mais de 12 anos; nas primeiros análises os vírus não apresentavam características a não ser aquelas do vírus humano ou então aquelas do vírus de pássaros, e em nenhum dos casos, tais animais se apresentavam doentes do mal; No entretanto, recentemente, conseguiu isolar de suínos italianos, os chamados vírus híbridos, resultantes da recombinação desses dois sub-tipos, os quais se revestiram de excepcional infectividade e patogenicidade para o homem, motivo de haverem porisso sido denominados de super-virus.

A virulogista Jussara Nascimento, coordenadora no Rio de Janeiro, do Centro Internacional de Referência para o vírus da Influenza, nome esse técnico e sinônimo para a Gripe, esclareceu recentemente, que o material genético desses vírus divide-se em oito segmentos, os quais quando originários de sub-tipos de pássaros e humanos,tais segmentos se reagrupam, misturando-se entre si, e dessa reorganização gênica surgindo os chamados super-virus. Tal fenômeno é parecido com aquele observado entre outras espécies vegetais superiores, como o milho, e denominado de heterose, vigor híbrido ou luxuriância.

Não estando um determinado organismo, quer se trate do homem ou animal, imunizado por infeções anteriores contra aquele super-virus, não existirão portanto em seu organismo anticorpos específicos contra aquele novo sub-tipo; No caso de vir a se infectar com tal sub-tipo, sem defesas orgânicas portanto, a doença virá se exteriorizar com extrema gravidade, como ocorre com populações indígenas quando contagiadas pelo homem branco com uma simples gripe com o vírus que lhe é próprio.

As maiores vítimas da virose são pessoas idosas ou convalescentes de outras infeções, assim como pessoas debilitadas e mal nutridas. Também pessoas que sofrem de asma e outras afeções pulmonares poderão no caso de vir a se contaminar pelo vírus da gripe, terem a doença com evolução grave e até mortal. Pessoas diabéticas que tem maior dificuldade para combater infeções, também são as maiores vítimas da virose, nesses casos, devido às infeções secundárias à gripe que podem se instalar em seus organismos, nas quais podendo inclusive evoluir a doença para formas clínicas graves.

Os sintomas da gripe são por demais conhecidos de todos, iniciando-se quase sempre por lacrimejamento, mal estar e perda do apetite, sobrevindo em seguida corrimento seroso pelo nariz e sintomas de fotofobia, ou seja sensação de incômodo quando exposto à luz, assim como dores musculares e articulares: a chamada popularmente de quebradeira, que obriga a pessoa a procurar o leito, e em muitos casos impedindo exercer trabalhos físicos. Sobrevem em seguida tosse, suores frios e corrimento agora mucoso, pelo nariz, o qual evolui para purulento e, em seguida a cura, ou então na falta de repouso e super alimentação: complicações pulmonares e até pneumonia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) mantém vigilância permanente sobre o vírus da Gripe, melhor dizendo, seus diversos sub-tipos, a traves da coleta de material procedente de pessoas doentes, os quais são enviadas para três centros mundiais de análise,situados na Grã Bretanha, Austrália e nos Estados Unidos, este último, situado em Atlanta, no Estado da Geórgia, denominado Centro de Controle de Doenças. A partir do resultado do sequenciamento genético divulgado por esses três Centros, a OMS, órgão das Nações Unidas, faz a divulgação de qual ou quais devem ser as vacinas recomendadas para os invernos seguintes, já que nos países de Clima Temperado, como o são aqueles do hemisfério Norte, a Gripe se reveste de maior gravidade. No Brasil tal controle é pequeno, principalmente devido nossas características climáticas diferentes daquelas do hemisfério norte. No Verão, a gripe praticamente desaparece , sendo necessária para que ressurja no inverno seguinte, a ação de vetores, como o são as aves migratórias e mesmo o homem em suas viagens intercontinentais, funcionando como disseminadores do mal.

As aves migratórias carregam o vírus de um local para outro, a través de suas andanças, melhor dizendo suas voanças, levando consigo o vírus e os transmitindo a outros animais, inclusive à porcos, os quais na eventualidade de dupla contaminação com sub-tipos originários do homem e de aves , podem dar origem ao sub tipo híbrido – responsável pela ocorrência grave da doença, como foi anteriormente esclarecido.

A Pandemia ocorrida em 1968, conhecida como Gripe Hong Kong, foi devastadora devido ao fato das proteinas externas do vírus, aquelas que desencadeiam as principais reações de demarcação da defesa humana – eram tão diferentes de qualquer outra, que as defesas imunológicas humanas foram pegas de surpresa, e muitas pessoas vieram a perecer devido às infeções secundárias que ocorreram.

Existem no mercado farmacêutico, vacinas modernas, eficientes contra o mal, porém é necessário conhecer-se o sub-tipo de vírus e a vacina haja sido preparada tendo em mira tal sub-tipo, o que nem sempre é possível.

Como tratamento de doentes de gripe, o repouso e a superalimentação são ainda as prescrições básicas.

Isolamento de doentes seria o ideal, quando possível, como medida profilática geral, o que é irrealizável na prática, devido à facilidade com que o vírus se propaga, inclusive a través do próprio ar ambiente.

Dr. Carmello Liberato Thadei
Médico veterinário - crmv-sp-0442