Ibama dissolve comitê de recuperação da ararinha-azul
IBAMA -Terça-feira, 16/07/2002
(O governo brasileiro quer a soberania sobre o destino de todas as ararinhas-azuis em cativeiro existentes no mundo)
O Ibama decidiu dissolver o Comitê para Recuperação da Ararinha-Azul (Cyanopsitta spixii), criado em 1990 com o objetivo de estabelecer estratégias de recuperação da espécie, uma das mais ameaçadas de extinção do mundo e endêmica da caatinga baiana. A dissolução do grupo deve-se, entre outros fatores, à falta de colaboração e às atitudes tomadas, à revelia do comitê, por parte de alguns membros.
O que desencadeou a crise interna do comitê foi o fato de o governo brasileiro não ter a soberania sobre o destino das aves que encontram-se no exterior, sendo isso uma grave ameaça ao programa de recuperação da espécie. Das cerca de 60 aves existentes em cativeiro no mundo, o Brasil detém a propriedade de apenas oito delas. As demais estão em poder de mantenedores que integravam o grupo e de colecionadores particulares.
Nos últimos meses, o Ibama tentou reestruturar o comitê mas não obteve sequer o posicionamento da maioria dos membros em relação à nova proposta, fundamentada no princípio de que o governo brasileiro deve ter a soberania sobre o destino de todas aves. No entendimento dos especialistas, as ararinhas-azuis cativas devem ser manejadas como uma única população devido a fatores genéticos e demográficos. O último exemplar selvagem conhecido dessa espécie e que habitava a região de Curaçá, no sertão da Bahia, desapareceu em outubro de 2000.
“A dissolução do comitê não representa o fim dos esforços do Brasil para salvar a espécie.”, afirma Iolita Bampi, coordenadora-geral de Fauna do Ibama. A partir de agora, cabe apenas ao instituto a continuidade do programa de recuperação da ararinha-azul. “Sem a cooperação dos mantenedores será impossível a recuperação da ararinha-azul e teremos que assumir a trágica extinção de mais uma espécie brasileira”, disse Iolita Bampi.
Além da extinção do comitê, o Ibama e o Itamaraty pediram às autoridades Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, na sigla em inglês) a intervenção junto aos mantenedores estrangeiros para que eles se posicionem em relação à proposta brasileira. O Ibama também espera o apoio das ONGs ambientalistas nacionais e estrangeiras para pressionar os mantenedores a devolverem a propriedade das aves ao Brasil.
Fonte: IBAMA – www.ibama.gov.br