Dermatologia em Equinos
Prezados Doutores,
gostaria de obter algumas orientações sobre tratamento de lesões de pele em eqüinos.
Tenho uma égua mangalarga paulista de 11 anos de idade, que freqüentemente tem pequenas áreas do pescoço com ausência de pelos. Inicialmente apresenta um pequeno nódulo (de 1-2 cm ) de diâmetro, e que com a fricção, cai e deixa uma área de alopecia .
Não há prurido local. Estas lesões são bilaterais, e não incomodam o animal, mas sim sua dona, que como médica-pediatra, não se conforma com as divergências entre as possíveis causas da doença, nem com a ineficácia dos tratamentos já instituídos.
Bem, pensando em micose já aplicamos anti-micóticos : canestem spray, banhos com shampo à base de sulfeto de selênio, creme manipulado de thiabendazol à 10%, e outros que não me recordo no momento, mas nada apresentou resultado satisfatório. Não aplicamos iodo, pois minha égua apresentou certa vez reação alérgica grave, quando tentamos esse produto, e inclusive precisamos usar corticóide I.M. .
Notei que essas lesões aparecem mais no verão, pois no inverno não noto nada de anormal. Podem me sugerir algo diferente?
Que acham de soluções à base de sulfato de cobre à 1% ou 3% ? E violeta de genciana ou ácido salicílico em álcool à 5% ?
Que me dizem sobre o uso de cetoconazol em eqüinos ? Em humanos é muito eficiente para tratar micoses disseminadas. Bem, acho que é só no momento.
Aguardo ansiosamente pela resposta e agradeço desde já.
Déborah
Agradeço o seu contato.
Com relação à dermatose que a sua égua vem apresentando, acredito tratar-se de lesão provocada por fungo Trichophyton mentagrophytes (var. granulare) ou T. crinacei, que causam lesões como as descritas em seu email. Esta dermatose é tambem denominada micose de verão, por isso só aparecem em determinada época, como foi descrito. Seu aparecimento no animal pode estar relacionado a vários fatores: deficiência de vit. A, desbalanceamento alimentar, baixa resistência, entre outros. Pode ser transmitida por fomites contaminados (escovas, cabrestos, guias, selas , etc..), bem como instalações com problemas de higiene geral.
Pode ser também secundária a processos alérgicos, bastante comuns também na época do verão.
Recomendo portanto que faça uma avaliação criteriosa de todos os ítens citados e também faça alguns exames laboratoriais para identificação das macro e microconideas.
A sintomatologia é parecida com a descrita em seu mail, podendo até mesmo chegar a complicações secundárias contaminantes, com formação de foliculite supurativa.
Sobre o uso de cetoconazol , pode ser utilizado até mesmo combinado com clorhexidina 2%, com ótimos resultados, embora economicamente não seja viável.
Aos tratamentos anteriormente prescritos, recomendo observar também os cuidados de manejo do animal em questão.
Reforço, porém, que a identificação do agente é de grande importância.
Recomendo que se faça uma nova avaliação clínica de seu animal, por clínico especialista em eqüinos.
Caso persista alguma dúvida ou queira trocar novas informações, peço-lhe a gentileza de entrar em contato.
Dr. Clélio Costa Carreira – Veterinário em Campinas – SP