Saúde Animal

Saude Animal

Saúde Animal

Esporotricose – Micoses Gamosas




logo_artigos

As chamadas Micoses gomosas são infeções de natureza fúngica, produtoras de gomas, isto é, tumores que evoluem para supuração e ulceração. Na maioria das vezes ocorre primeiro na pele uma lesão chamada primária, seguida por linfangite nodular. Na prática tanto médica como médico-veterinária, quase sempre uma micose gomosa ou úlcero-gomosa é sinônimo de esporotricose. No entretanto, outros cogumelos podem também determinar micoses gomosas, porém o cogumelo do gênero Sporotrichum em 95 % dos casos é o agente causal.

São duas as espécies de cogumelos produtoras dessa doença, sendo porém poucas as diferenças entre elas:

Sporotrichum Schenckii Link, 1809.
Rhinocladium Schenckii Sacardo e Marshall, 1885.

São ambos cogumelos cujos habitat natural parece ser representado pelo reino vegetal. Em animais, como cavalos, cães, gatos, coelhos e ratos, ocorre também a esporotricose espontânea. Lutz e Splendore, ambos pesquisadores brasileiros, em 1907 e 1908 isolaram da mucosa bucal de ratos esses agentes patogênicos.

Ao exame direto com microscópio ótico, do pus retirado dessas lesões úlcero-supurativas, apresenta-se o cogumelo sob a forma de pequenos corpúsculos Gram-positivos, quando coradas pelo Método de Gram. Têm eles a forma baciliforme, e em geral encontram-se fagocitados por células gigantes ou polimorfo-nucleares do organismo animal infectado.

Arêa Leão e Goto, recomendam para a verificação do cogumelo, a diluição do pus em 10 a 15 vezes seu volume, com solução fisiológica, e com esse material fazerem-se esfregaços, que devem em seguida serem corados pelo corante Giemsa. Tal coloração não deve exceder 30 minutos. Nesses esfregaços serão então visualizados as formas esféricas do parasita, cercadas de halo claro e com massa cromática corada em violeta, ao lado de formas em naveta. Corpúsculos radiados, em forma de estrela, podem ser observados nas lesões esporotricóticas.

As culturas desses cogumelos são facilmente obtidas, com material retirada das lesões gomosas: Inicialmente brancas, nos meios de Agar-Sabouraud, que com o tempo tornam-se enegrecidas. Podem ocorrer variações grandes dos aspectos dessas culturas, dependendo da composição desses meios, seu pH, substrato e temperatura.

O exame microscópico da cultura revela filamentos micelianos septados, com 2 micras ou menos de diâmetro, ramificados, e aderentes aos mesmos, conídios piriformes, ovóides ou esféricos. Podem disporem-se em grupos esses conídios, nas extremidades de ramificações laterais. O fungo fermenta a glicose, a galactose, a levulose e a sacarose; Não fluidifica a gelatina. Não produz indol e não coagula o leite.

Dos animais de laboratório, o mais sensível é o rato para inoculação e isolamento do cogumelo, nos quais verificam-se quase sempre peritonite e orquites específicas causadas pela infecção.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – O quadro clínico é muito variado, interessando tanto ao dermatologista, quanto o clínico geral, ao neurologista, oftalmologista e mesmo ao cirurgião geral. Estão essas lesões gomosas difundidas por todo o mundo.

Os especialistas brasileiros Almeida e Lacaz, em 1944, baseados em casos assinalados no Brasil, classificaram essa doença em:

1 – Formas viscerais e em outros órgãos: Forma gomosa, Forma gomosa ulcerada, Forma tuberculoide, Forma sifiloide, Forma Verrucosa, pustulosa, nodular, furunculoide, papilomatosa, ectimatiforme, ulcerosa, úlcero-vegetante, Estomatite, Faringite, Rinofaringite, Laringite, Enterite, Conjuntivite.
2 – Formas tegumentares (cutâneo-mucosa): Lesões pulmonares, lesões osteoarticulares, lesões musculares, lesões hepáticas, esplênica, renais, etc. e sistema nervoso.
3 – Formas mistas: Linfático-tegumentares e Linfático-visceral.

DIAGNÓSTICO DE LABORATÓRIO –
1 – CULTURA – Coleta direta do material da lesão quando externa, ou mediante punção, devendo o material ser semeado em meio de Sabouraud-glicose, em tubos que devem em parte serem deixados mesmo a temperatura ambiente e em parte em estufa .Sistemático e contínuo exame em microscópio do material que vier a crescer nesse meio de cultura, para observação do tipo de cogumelo e suas características culturais.

2 – PROCESSOS SOROLÓGICOS

A – Técnica criada por Widal e Abrami em 1908, chamada de Soro-Aglutinação.
B – Técnica de Moore e Davis.
C – Técnica de Newton Neves da Silva, de 1950.
D – Reações Intra-dérmicas de Bruno e Bloch.
E – Reação Intra-dérmica de Ramos e Silva e Padilha Gonçalves em 1950.

EXAME ANÁTOMO-PATOLÓGICO: Nesse exame histo-patológico, revelam-se três zonas bem definidas na peça anatômica lesada. O centro da lesão é constituído de minúsculos abcessos ou zonas necróticas; em seguida, aparece área formada por células epiteloides e células gigantes, tipo Langhans; Uma terceira zona é constituída por vasos sangüíneos de neoformação e por infiltrado celular (células do tecido conjuntivo, linfócitos, plasmacélulas, etc. Dizemos então, que existem três zonas: a periférica ou sifiloide, a do meio ou tuberculóide e a central ou supurativa.

TRATAMENTO – O primeiro a ser instituido foi o Iodeto por via oral, em doses crescentes e até o limite da tolerância individual. Mesmo após a cura clínica, deve ser continuado esse tratamento por mais duas ou três semanas. É ainda o melhor tratamento para essa doença. A violeta de genciada é também utilizada nesse tratamento, em solução aquosa na concentração de O,5 %, aplicada por via meningeana.

Dr. Carmello Liberato Thadei
Médico veterinário - crmv-sp-0442