Espiroquetose das Galinhas
(Borrelia anserina)
A espiroquetose das galinhas, assinalada no Rio de Janeiro por Marchoux & Salimbeni, em 1903, é uma septicemia de curso geralmente subagudo, que se manifesta clinicamente por febre, sonolência, arrepiamento de penas e diarréia amarelada. A Borrelia pode infectar gansos, patos, perus, galinhas, faisões, perdizes, pombos, corvos, pardais domésticos, estorninhos, papagaios cinzentos dentre outros.
A transmissão da doença é feita, entre nós, pelo Argas persicus , carrapato que parasita habitualmente as aves domésticas e vive nas frestas e buracos dos galinheiros, saindo somente à noite para sugar os hospedadores. Nos carrapatos que sugam aves infectadas, os espiroquetas atravessam a parede do intestino e ganham o celoma. Mosquitos, outros insetos picadores e de ave para ave através dos excrementos também são incriminados como modo ou agentes de transmissão. O período de incubação é de 4 a 8 dias. Os filhotes são especialmente suscetíveis (1 a 3 semanas de idade). As aves adultas podem se infectar.
Os sinais clínicos nos casos agudos incluem anorexia, febre alta, depressão, diarréia amarelada, letargia, ataxia e paralisia. Os sinais de doença crônica incluem anemia, paralisia e dispnéia. A morbidade é alta, e a mortalidade varia entre 10 a 100% dependendo da suscetibilidade do hospedeiro. Recuperação espontânea pode ocorrer ao redor do sexto dia pós-infecção. Na necrópsia, pode ser observado hepatomegalia com hemorragias e focos necróticos, enterite hemorrágica mucóide, pericarditeserofibrinosa e inchaço nos rins.
O diagnóstico da espiroquetose é fácil porque as aves atacadas mostram lesões características: aumento do fígado (hepatomegalia) e do baço (esplenomegalia), este apresentando manchas branquicentas, aspecto de noz-moscada; o exame microscópico do sangue, em campo escuro, revela a presença de numerosos espiroquetas (a não ser que já tenha sobrevindo a crise). Mesmo nos animais mortos, a pesquisa de espiroquetas dá resultado positivo em perto de 85% dos casos. Também se pode chegar ao diagnóstico colhendo o Argas persicus no galinheiro e examinando-lhe o líquido coxal. Anticorpos (aglutinação, técnicas de fluorescência e imunodifusão) podem ser demonstrados do quarto ao trigésimo dia pós infecção. A cultura da Borrelia é muito difícil.
Artigo originalmente publicado no site da Animal Exótico
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