Entamoeba histolytica
O centenário de descobrimento da Entamoeba histolytica transcorreu em 1975. Lösch encontrou trofozoítos nas fezes de um pobre lenhador russo em São Petersburgo que foi acometido de um ataque prolongado e fatal de diarréia. Lösch considerou oportunista o organismo ainda que ele o encontrasse nas fezes e nas úlceras intestinais no exame post mortem.
O relato de Lösch acentua aspectos importantes da doença. Não é nem tropical nem exótica, mas ocorre universalmente, particularmente se são relaxadas as condições sanitárias e de higiene pessoal. A amebíase deve ser considerada em todos os pacientes com diarréia, sintomas cólicos vagos ou hepatomegalia inexplicada.
Sete diferentes espécies de ameba habitam a boca e os intestinos do homem, mas apenas a E. histolytica foi conclusivamente demonstrada como causadora de enfermidade.
A E. histolytica é um protozoário relativamente simples, existe em duas formas, um cisto e um trofozoíto móvel.
O trofozoíto, a forma parasitária, vive na parede e na luz do colo. Reproduz-se por divisão binária e requer outras bactérias ou tecidos para sobreviver. Cresce melhor, mas não exclusivamente, sob condições anaeróbicas. Existe em uma forma pequena (10 a 20 micra) e uma grande (20 a 60 micra).
As formas pequenas, “minuta” (diminutas), encontram-se nas fezes não disentéricas. As formas grandes encontram-se na doença invasiva.
Os trofozoítos morrem fora do corpo e, caso ingeridos, o ácido gástrico os destrói. Não transmitem a doença; os cistos espalham a infecção. Os cistos sobrevivem ao secamento, à refrigeração e sob acidez. São mortos por temperatura acima de 55ºC e pela hipercloração da água.
As infecções com E. histolytica são cosmopolitas, sua prevalência diminui com a urbanização e o melhor saneamento. Os portadores assintomáticos de cistos espalham novas infecções, a epidemia ocorre a partir da contaminação fecal, geralmente de um suprimento de água. Os homens têm mais a doença amebiana do que as mulheres por razões inexplicáveis.
As paredes dos cistos ingeridos desintegram-se na luz do intestino delgado e liberam os trofozoítos. A maior parte dos pacientes com amebas não tem sintomas. O organismo vive tranqüilamente na luz do intestino e espalha-se como cistos nas fezes, não ocorreu a invasãotecidual.
A amebíase pode causar:
portador assintomático
disenteria não complicada
disenteria complicada ( perfuração, peritonite, hemorragia)
doença cólica não disentérica (ulceração cólica proximal, ameboma,estenose em qualquer local, intussuscepção)
abscesso hepático simples
abscesso hepático complicado (múltiplo, extensão à pleura, pericárdio, peritônio)
Infecções menos freqüentes em outros locais (pele, genitália, pulmão, cérebro)
O diagnóstico é feito através de exames de fezes, biópsiase testes sorológicos.
O tratamento é medicamentoso.
* Artigo originalmente publicado na Saúde e Vida On line