Dinossauro bizarro tinha crânio de vidro e pastava como vaca
Animal do grupo dos saurópodes viveu na África há 110 milhões de anos.
Espécie tinha nove metros e trocava dentes uma vez por mês enquanto comia vegetais.
Faz 60 anos que paleontólogos franceses descobriram os ossos do dinossauro na região de Saara, e uma década desde que Paul C. Sereno, da Universidade de Chicago (EUA), começou a montar um esqueleto mais completo do bicho. E só agora a equipe de Sereno reconheceu a anatomia bizarra e o jeito peculiar de se alimentar da criatura.
Os pesquisadores acabam de publicar um artigo científico no qual relatam que o dinossauro, batizado de Nigersaurus taqueti, tinha um pescoço estranhamente curto, ossos delicados e uma cabeça que apontava sempre na direção do chão. Ao contrário das espécies mais comuns de dinossauros pescoçudos, o animal pastava no nível do chão, tal e qual as vacas modernas.
Segundo Sereno, o dinossauro de nove metros de comprimento e centenas de dentes em sua mandíbula quadrada provavelmente vivia de samambaias e outras plantas rasteiras. A espécie de 110 milhões de anos foi descoberta no Níger e tem parentesco com outro dinossauro herbívoro bem mais famoso, o Diplodocus. “Nunca tínhamos visto nada parecido com ele. É um quebra-cabeças — uma versão radical do Diplodocus, com o mínimo necessário de estrutura corporal”, diz Sereno.
Crocodilos gigantes
Na época em que o bicho viveu, a região do atual Níger era um habitat luxuriante, cheio de florestas e grandes cursos d’água e infestados com crocodilos de 12 m de comprimento. O Nigersaurus, com tamanho equivalente ao de um elefante, era um dos herbívoros mais comuns do lugar.
O crânio relativamente pequeno do dinossauro, analisado com tomografia computadorizada por Lawrence M. Witmer, da Universidade de Ohio, ajudou a dar detalhes sobre seu cérebro e ouvido interno. Com base nesses dados, os cientistas inferiram a postura da cabeça do bicho. Descobriram que ele não conseguia erguer o pescoço e que tinha um focinho voltado para o chão, e não para frente.
Os dentes estavam organizados em 50 colunas na parte da frente da boca. A tomografia revelou nove dentes de reposição atrás dos que estavam sendo usados — conforme um ficava gasto, o outro tomava seu lugar, numa taxa média de troca de um dente por mês.