Cirneco do Etna
Do estudo das raças mediterrâneas poderiamos deduzir que a origem do cirneco encontra-se nos antigos legréis, assim como ocorre com o cão dos faraós, atualmente localizado nas Baleares, com o qual tem muitos pontos de contato, se excetuamos as dimensãoes. Os fenicios fizeram do lebrel o objeto de um valiosíssimo comércio, levando-o primeiro da Ásia à África e sucessivamente às costas da Grécia e seu arquipélago, à Sicilia e a outras ilhas mediterrâneas.
Hoje não existe, na Sicilia, um tipo de lebrel autêntico, o que faz pensar que os mesmos cães deixados pelos fenicios nas costas sicilianas foram-se adaptando e modificando gradativamente até converterem-se nos cirnecos atuais, com uma diminuição paulatina, provavelmente devida à falta de alimento, de grandes espaços livres onde galopar e aos cruzamentos reiterados entre consangüíneos. Mas haveria permanecido inalterada a característica das orelhas retas, próprias dos antigos lebréis.
O cirneco do Etna, na sua forma atual, é indiscutivelmente autótone da Sicilia, onde é encontrado desde tempos imemoriais: isto é testemunhado por uma quantidade de descobertas arqueológicas, como pedras esculpidas e moedas antigas. Em Adrano (onde ainda hoje a raça é muito abundante), existia desde tempos pré-históricos um templo dedicado a uma divindade local: era custodiado por cirnecos, dotados, segundo Eliano (De natura animalium II) de um extinto sobrenatural, graças ao qual agrediam os sacrílegos e aos ladrões, enquanto recebiam festivamente os devotos.
Os cirnecos atuais são os únicos cães empregados para caçar nas ladeiras do Etna, cuja rocha vulcânica torna difícil não só a carreira, mas a simples marcha. Especialistas na caça do coelho selvagem e da lebre, caçam com igual destreza qualquer presa com pernas: faisões, perdizes, galinholas e codornizes. Trabalham lentamente, com o nariz na terra, seguindo o rasto da presa com paciência e atenção. Absolutamente silenciosos, são ouvidos somente quando cavam ou estão muito perto.
PADRÃO DA RAÇA- Bruno Tausz
Padrão FCI nº 199. Origem: Itália;
Nome de origem: Cirneco dell’Etna; Utilização: caça.
Classificação FCI — Grupo 5 – Cães Spitz e Tipo Primitivo;
– Seção 7. – Tipo Primitivo;
ASPECTO GERAL – cão do tipo primitivo de formas elegantes e deslanchadas, de talhe médio, pouco atarracado mas, robusto e resistente. A conformação é sub-dolicomorfa de construção leve, e estrutura inscrita no quadrado e pêlo fino.
TALHE – altura na cernelha: machos: de 46 a 50 cm. Tolerância 52 cm.
fêmeas: de 42 a 46 cm. Tolerância 50 cm.
– – comprimento: (padrão não comenta).
– peso: machos: de 10 a 12 quilos;
fêmeas: de 8 a 10 quilos.
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PROPORÇÕES – o comprimento do tronco é igual a altura na cernelha (construção quadrada);
– a profundidade do tórax é ligeiramente menor que a distância do cotovelo ao solo;
– a proporção entre o comprimento da cana nasal e o comprimento total da cabeça:
– a cana nasal não atinge à metade do comprimento total da cabeça.
– o focinho está para o crânio na proporção de 8 para 10, mas os exemplares mais apreciados são os que têm o comprimento do focinho igual ao do crânio.
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TEMPERAMENTO – cão de caça adaptado a terrenos ásperos, especialmente indicado para a caça ao coelho selvagem – dotado de grande temperamento e, ao mesmo tempo, doce e afetuoso.
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PELE – fina, bem ajustada aos tecidos musculares em cada região do corpo. A pigmentação varia conforme as manchas da pelagem.
As mucosas e a pele da trufa são pigmentadas com as cores descritas para a trufa e não devem apresentar manchas pretas nem ser despigmentadas.
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PELAGEM – Pêlo: raso na cabeça, nas orelhas e nos membros, semilongo (cerca de 3 cm) mas bem liso e assentado na pele sobre o tronco e na cauda, textura vítrea.
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COR – a – fulvo unicolor mais ou menos intenso ou diluído, como isabela, areia etc;
b – fulvo e branco nas suas gradações (lista branca na cabeça, no peito, patas brancas, ponta da cauda branca, ventre branco; (menos apreciado o colar branco); tolerado o branco unicolor com manchas laranja; admitido o manto fulvo com patas mais claras e mais escuras.
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CABEÇA –
Crânio – de formato ovoidal no sentido longitudinal; as linhas superiores do crânio e do focinho são paralelas ou pouco divergentes. A linha superior do crânio é ligeiramente convexa, parecendo quase plano, a largura entre os arcos zigomáticos é menor que a metade do comprimento total da cabeça, arcadas superciliares pouco desenvolvidas, sulco frontal pouco desenvolvido, crista occipital quase imperceptível, protuberância do occipital pouco desenvolvida.
Stop – grau de acentuação em torno de 140º.
Focinho – o comprimento do focinho atinge no mínimo os 80% do comprimento do crânio, a profundidade, medida na metade do comprimento é a metade desse comprimento, a largura (medida na metade do comprimento) é menor que a metade do comprimento. O focinho, portanto é em ponta com a linha superior reta e a linha inferior é determinada pela mandíbula.
Trufa – formato bastante retangular tendendo a grande, cor, conforme a pelagem (marrom, melhor o mais escuro, marrom claro, cor de carne).
Lábios – finos, sutis e ajustados, recobrem apenas os dentes mandibulares. A comissura labial é apenas perceptível. Bochechas planas.
Mordedura – de desenvolvimento normal ainda que de aparência não robusta, mandíbula pouco desenvolvida com o queixo fugidio. Os incisivos inseridos ortogonalmente nos maxilares e perfeitamente alinhados e bem articulados. Dentes articulados em tesoura, com completos e bem desenvolvidos.
Olhos – de aparência preferencialmente pequena, cor ocre não carregado, âmbar e também cinzas, nunca marrom ou castanho escuro, de inserção lateral, expressão doce, as rimas das pálpebras desenham um contorno oval com pigmentação igual à da trufa.
Orelhas – inseridas bem no alto e próximas, de porte ereto e bem rígido com a concha voltada para a frente, formato triangular com ponta estreita. Não podem ser amputadas. O comprimento não ultrapassa a metade do comprimento da cabeça.
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PESCOÇO – linha superior muito arqueada (convexa). Comprimento igual ao da cabeça. Ligeiramente tronco-cônico, musculatura bem modelada, principalmente na face dorsal. Pele fina e esticada, muito ajustada, sem barbelas.
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TRONCO –
Linha superior – reta e descendente da cernelha para a garupa.
Cernelha – elevada sobre a linha dorsal, estreito por convergência das pontas das escápulas, articulando-se harmoniosamente com o pescoço, isto é, sem marca alguma.
Dorso – reto, musculatura sem grande desenvolvimento. O comprimento da parte torácica é em torno de três vezes o comprimento da parte lombar,
Peito – peito de preferência estreito. O comprimento do tórax é pouco mais da metade da altura na cernelha (cerca de 57%) e a largura (medida na parte mais ampla do tórax) é pouco menor que 1/3 da altura na cernelha, a profundidade do peito atinge o nível dos cotovelos ou quase, sem, porém ultrapassá-los.
Costelas – Costelas arqueadas, jamais planas, perímetro torácico é cerca de 1/8 maior que a altura na cernelha
Ventre – seco e retraído.
Lombo – um terço do comprimento da caixa torácica. O comprimento do lombo é, aproximadamente, 1/5 da altura na cernelha e sua largura se aproxima do valor do seu comprimento, músculos curtos e pouco aparentes mas, sólidos.
Linha inferior – delineada pelo perfil do ventre sem marcas bruscas. Ventre seco e retraído, flancos de comprimento iguais na região renal.
Garupa – preferencialmente plana, sua inclinação é de cerca de 45º com a horizontal, portanto garupa escocesa, seca e robusta, seu comprimento é de aproximadamente 1/3 da altura na cernelha e sua largura se aproxima da metade de seu comprimento. Os músculos da garupas não são aparentes.
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MEMBROS (padrão não comenta).
Anteriores – visto de perfil, o conjunto dos aprumos evidencia a vertical imaginária baixada da articulação escapuloumeral até tocar a ponta dos dígitos, assim como a vertical imaginária baixada da articulação úmero-radial divide o antebraço e o carpo em duas partes quase iguais, saindo na metade do metacarpo. O aprumo, visto de frente deve mostrar a vertical imaginária baixada da ponta do ombro que divide em duas partes iguais o antebraço, o carpo, o metacarpo e a pata.
A altura de todo o membro torácico, até o cotovelo é um pouco maior que a altura na cernelha.
Ombros – a escápula deve ter o comprimento de quase um terço da altura na cernelha e uma inclinação de 55º com a horizontal, as pontas das escápulas são próximas, a angulação escápulo-umeral é de 115/120º.
Braços – o comprimento é a metade da altura do membro torácico até o cotovelo, o braço é paralelo ou quase ao plano médio do tronco, pouco oblíquo em relação a horizontal, a musculatura do braço é bem modelada.
Cotovelos – posicionado no nível da linha do esterno ou abaixo, trabalhando paralelo ao plano médio do tronco, angulação úmero-radial em torno de 150º.
Antebraços – o comprimento é igual a 1/3 da altura na cernelha, sua direção é vertical, a articulação carpo-cubital é evidente, ossatura leve mas, sólida.
Carpos – seguem o prumo do antebraço, osso pisiforme bem protuberante.
Metacarpos – o comprimento não deve ser inferior a 1/6 da altura de todo o membro torácico até o cotovelo, mais largo que o carpo mas, plano e seco, levemente inclinado, ossatura plana e seca.
Patas – formato oval, de lebre, dígitos compactos e arqueados, unhas fortes e curvas de cor marrom ou cor rosada de carne tendendo ao marrom, jamais pretas, solas duras e pigmentadas da mesma cor da unha.
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Posteriores – visto de perfil, o aprumo evidencia a vertical imaginária baixada da ponta da nádega até tocar a ponta dos dedos ou quase, o aprumo, visto por trás, evidencia a vertical imaginária baixada da ponta da nádega e que divide em duas partes iguais a ponta do jarrete, metatarso e pata.
O comprimento total do membro pélvico é em torno de 93% da altura na cernelha.
Coxas – longas e largas: o comprimento é 1/3 da altura na cernelha, músculos planos com a face posterior da coxa pouco convexa, a largura da face externa da coxa é igual aos de seu comprimento, a angulação coxofemoral é cerca de 115º.
Joelhos – situado na vertical baixada da ponta da nádega; a angulação femoro-tibial é cerca de 120º.
Pernas – comprimento pouco menor que o da coxa, e angulada a 55º com a horizontal. Os músculos que a guarnecem são secos e bem divididos, ossatura leve com a canela bem marcada.
Metatarsos – de comprimento igual a 1/3 do comprimento do membro anterior ao cotovelo, de formato cilíndrico e sua posição é vertical, isto é, perpendicular ao solo, sem ergôs.
Jarretes – a distância da sola da pata à ponta do jarrete não ultrapassa os 27% da altura na cernelha, sua face externa é larga e a angulação tíbio-társica é cerca de 135º.
Patas – ligeiramente ovais com todas as características das anteriores.
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Cauda – inserção baixa, mais para grossa e uniforme em todo seu comprimento até atingir o jarrete ou ultrapassá-lo ligeiramente. Em repouso portada em cimitarra, em atenção enrolada sobre o dorso. Pêlo raso.
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Movimentação – galope também com tempos de trote.
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Faltas – avaliadas conforme a gravidade.
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Eliminatórias – Faltas eliminatórias de julgamento
– convergência das linhas superiores do crânio e focinho, cana nasal côncava,
– prognatismo acentuado,
– pigmentação preta ainda que parcial,
– orelhas totalmente caídas ou de morcego,
– unhas pretas, almofada plantares ou digitais pretas,
– cauda enrolada sobre o dorso,
– unicolores marrons ou fígado, manchas pretas, manchas marrons, presença de pêlos pretos ou marrons,
– altura inferior a 2 cm do limite mínimo ou superior a 52 cm nos machos e 50 nas fêmeas; pelagem tigrada ou mucosas pretas.
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DESQUALIFICAÇÕES – as gerais e mais:
prognatismo superior, monorquidismo, criptorquidismo, despigmentação total, olhos louçados.
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NOTA: os machos devem apresentar dois testículos de aparência normal, bem desenvolvidos e acomodados na bolsa escrotal.
"Diretora de Conteúdo e Editora Chefe