Calorias… Você sabe exatamente o que elas representam?
Na onda de brincadeiras e memes nas redes sociais, alguns já disseram que elas são “vermezinhos que habitam as gavetas e encolhem as nossas roupas”. Outros já acham que elas moram mesmo na mente dos que estão “fazendo regime”. Afinal, quem já não se fez aquela pergunta “quantas calorias será que tem nesta delícia de prato“?
Mas… piadas a parte, você sabe o que elas realmente são e qual a sua importância para os pets? É sobre isto que vamos falar.
As calorias correspondem a unidade de medida da energia disponível no alimento. Embora não seja um nutriente (e sim a propriedade de alguns deles), a energia é vital para a manutenção e a síntese de tecidos e, excetuando-se a água, é o componente mais crítico em uma dieta. Ela não tem massa ou dimensão, mas é transformada em calor que pode ser mensurado: assim, uma caloria é a quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura da água de 14,5ºC para 15,5ºC. Como esta unidade é muito pequena para ser usada em nutrição, o conteúdo energético do alimento é expresso em quilocalorias por uma dada quantidade de alimento (Kcal/100g ou Kcal/kg, por exemplo).
Ela é obtida a partir de três nutrientes: lipídeos, carboidratos e proteínas. Parte da energia total contida no alimento (denominada energia bruta) é eliminada nas fezes (resultando na energia digestível) e na urina (dando origem a energia metabolizável). A energia que é efetivamente utilizada para a manutenção e as atividades produtivas é chamada de líquida e desconta da energia metabolizável o chamado incremento calórico, ou seja, o gasto energético necessário para a metabolização dos nutrientes. Para cães e gatos, trabalha-se com sistemas que consideram a energia metabolizável dos alimentos.
Por sua vez, as necessidades energéticas dos animais variam de acordo com a espécie, raça, a fase fisiológica (gestante, lactante, filhote, adulto, idoso), o nível de atividade e também são calculadas em quantidade de energia metabolizável por dia. O cálculo dessas necessidades é feito a partir da relação entre o peso e a superfície corpórea.
Dessa forma, é a partir da concentração de energia existente no alimento e das necessidades energéticas diárias que se calcula a quantidade a ser consumida por dia. Assim, se um alimento tem, por exemplo, 3.550 kcal/kg e a necessidade energética de um cão adulto é 990 kcal/dia, ele deverá consumir 279 gramas por dia.
Um alimento deve, então, ser formulado para que todas as necessidades dos demais nutrientes (proteína e aminoácidos, ácidos graxos essenciais, vitaminas e minerais) sejam supridas através do consumo desta porção de alimento. Isto é extremamente importante! Porque, em algumas fases fisiológicas mais exigentes como a lactação, alimentos de baixa densidade energética, ou seja, com menores concentrações de energia metabolizável por grama/kg podem não atender as necessidades nutricionais, já que os pets precisariam comer quantidades muito grandes do alimento o que pode ser limitado pelo trato gastrointestinal, por exemplo.
Os sinais da deficiência energética são inespecíficos e generalizados. Um dos mais evidentes é a perda de peso. Também ocorre diminuição na velocidade de crescimento (nos animais jovens), perda de massa muscular (já que há mobilização de proteína para a produção de energia), entre outros.
Já o excesso na ingestão leva ao seu estoque na forma de gordura, no tecido adiposo, o que predispõe ao sobrepeso e a obesidade (com todas as suas implicações).
Então, as calorias não são vilãs! Ao contrário, são vitais! O problema está em consumi-las abaixo ou acima das necessidades… Como ocorre com tudo nesta vida!
Médica Veterinária, Dra. em nutrição de cães e gatos