O Betta e sua Reprodução
A classificação do betta é a seguinte:
Reino: Animal
Filo: Cordados
Classe: Teleósteos
Ordem: Perciformes
Família: Anabantid æ
Gênero: Betta
Espécies: Betta splendens
Dentro do aquarismo, o betta sem dúvida é um dos peixes mais procurados, tanto pela sua beleza quanto pelas suas curiosidades. São belos peixes, com diversos coloridos e padrões. Chegam a 7 centímetros (macho) e 4 centímetros (fêmea), tendo esta um colorido tão atraente quanto o macho, porém com nadadeiras pequenas e uma listra (atualmente quase imperceptível, graças aos trabalhos genéticos) no meio do corpo.
A primeira curiosidade é quanto à sua respiração. O betta é um peixe que consegue “respirar” o ar atmosférico, graças a um órgão chamado labirinto que fica situado no cérebro. Graças a esse órgão, o betta consegue viver em aquários sem equipamentos, o que barateia muito seu custo. São peixes da mesma família o beijador e as colisas.. Note-se, porém, que esse tipo de aquário deve ser bem cuidado, já que não possui bomba aeradora e, por conseqüência, não possui sistema de filtragem.
É muito popular esse peixe ser mantido em aquários chamados “betteira”, que geralmente não chegam a meio litro de capacidade. Esses peixes foram descobertos próximos a uma tribo asiática chamada Bettah (pronuncia-se betá), em poças e alagados dentre plantações de arroz. São peixes, portanto, que estão acostumados a viver em locais relativamente pequenos, não porém em locais minúsculos em que, muitas vezes, mal conseguem nadar.
Esses peixes merecem um aquário com, no mínimo, 1 litro de capacidade, sendo desejável um aquário próximo aos 5 litros. Nesse aquário, pode-se colocar alguma planta (artificial ou natural), alguma rocha decorativa e um limpa-vidro ( Otocinclus affinis , por exemplo) e algum limpa-fundo (Corydoras spp .), que auxiliarão na limpeza do aquário (lembre-se que são peixes gregários: coloque no aquário ao menos 2 exemplares). A troca de água, num aquário até 1 litro, deve ser no máximo dia sim dois não, e no mínimo 1 vez por semana. Esse intervalo dependerá dos cuidados tidos com o aquário: quantidades exatas de alimento e materiais naturais (cascalho, rocha etc.) contribuem para menos trocas de água. Aquários com capacidades maiores podem ser limpos uma vez por semana, sempre também observando os cuidados citados. Utilize sempre água da mesma fonte, com temperatura e pH iguais.
Alguns aquaristas testaram colocar esses peixes em aquários grandes, em que mostraram ter uma vida normal. Em alguns casos, dois machos foram colocados em um mesmo aquário (com capacidade superior a 500 litros), e mostraram convivência pacífica (por estabelecerem território suficiente). Porém, são casos isolados e em estudos, tanto a convivência quanto à tolerância a grandes ambientes. Note-se porém que o betta é um peixe que não aceita convivência entre eles (machos especificamente), porém aceitam convivência com outros peixes. Em alguns casos podem se mostrar agressivos, mas no geral aceitam convivência comunitária e, por vezes, chegam a apanhar.
Quanto à reprodução, o betta é um peixe relativamente fácil de reproduzir. A maior dificuldade, porém, é a manutenção dos filhotes. São alevinos muito pequenos e alimentá-los e uma tarefa complicada.
O macho deve ser colocado em um aquário com capacidade entre 8 e 15 litros, tendo este plantas naturais (rabo-de-raposa é indicada, pela resistência e facilidade de crescimento) e sem cascalho de fundo. Ao lado desse aquário, coloca-se outro com a fêmea. Esta tem que estar gorda, porém ainda não pronta para reprodução. Percebe-se este estado dela observando seu abdômen: quando apta ao cruzamento, apresenta um ponto branco na cloaca. O ideal é colocar a fêmea ao lado do aquário do macho quando estiver faltando aproximadamente uma semana para a postura: nesse tempo, o macho pode construir o ninho de bolhas. Um bom macho constrói um ninho com aproximadamente 7 por 7 centímetros, mas pode perfeitamente ter menor tamanho.
Após a colocação da fêmea ao lado do macho e este ter construído o ninho de bolhas, e notando-se que a fêmea está pronta (observando-se o ponto branco), esta é colocada junto ao macho. Imediatamente este começa a persegui-la, incessantemente. Dá-se, então, uma série de investidas do macho, em que este chega a bater e machucar a fêmea. Após essas investidas, a fêmea rende-se aos abraços do macho; em cada abraço, a fêmea libera cerca de 40 ovos, que são imediatamente fertilizados pelo macho. Após a fertilização, o macho pega ovo por ovo, com a boca, e coloca um em cada bolha. Ao término da ovipostura, o macho começa a perseguir a fêmea, mas agora com o intuito de afastá-la de perto do ninho. É momento então de retirar a fêmea do aquário, tomando o máximo de cuidado para não danificar o ninho de bolhas.
Dois dias após a postura, nascem os alevinos. São diminutos (aproximadamente 3 milímetros) e devem ser alimentados após dois dias do nascimento: com uma lupa, verifica-se que o saco vitelínico já foi todo o consumido. Para alimentar os filhotes, podem ser utilizados preparados industrializados ou se utilizar de culturas caseiras. São inúmeras as possibilidades, sendo a recomendação procurar uma loja especializada ou consultar um aquarista. Assim que os filhotes adquirirem tamanho adequado (aproximadamente 5 a 6 milímetros), podem ser oferecidos náuplios (filhotes) de artêmias e rações industrializadas trituradas.
Conforme os alevinos forem crescendo, perceber-se-á o dimorfismo entre machos e fêmeas. Nessa época deve-se separar os jovens machos, podendo cada um ser colocado em um vidro de palmito, por exemplo.
Em todo este processo, os aquários devem ficar em local sossegado, sem muito movimento de pessoas e/ou animais, e que incida a luminosidade matutina.
Criar peixes é uma experiência gratificante. Boa sorte!!!
Bacharel em Química
Auxiliar Veterinário
Aquariólogo