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Bactéria com armadilha genética impede inseto de se reproduzir




luke_news

destaque_noticia_barbeiroEm teste, micróbio neutralizou barbeiro, o transmissor da doença de chagas. Técnica que ‘desliga’ DNA vital pode ser usada contra o Aedes, diz cientista.

Um grupo de cientistas ingleses inventou um novo método para aniquilar insetos, usando bactérias para infectar essas criaturas com um tipo de material genético que as torna estéreis.

Em estudo os criadores da técnica descrevem ter obtido sucesso em testes contra o barbeiro (transmissor da doença de chagas) e contra a Frankliniella occidentalis, uma tripse, praga comum em plantações.

O novo método, afirmam, pode vir a ser usado também contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya.

O que os cientistas usaram para impedir os insetos de se reproduzir é uma técnica conhecida com RNA de interferência, o RNAi, uma maneira de sabotar a produção de algumas moléculas de um organismo.

O RNA é um material genético semelhante ao DNA, mas que tem a capacidade manipular o funcionamento do organismo. A RNAi pode ser usada para desligar genes específicos — no caso da pesquisa, trechos de DNA que controlam a fertilidade do animal.

A técnica não vinha sendo aplicada com frequência em pesquisas com insetos, porém, porque requeria que cada criatura recebesse injeções individuais. O que cientistas ingleses mostraram agora é que bactérias simbióticas — que convivem em paz com o inseto em seu trato digestivo — podem ser inoculadas com os trechos necessários de RNA e “entregá-los” aos insetos.

Na prática, bactérias inofensivas se tornam patógenos mortais, mas que afetam apenas os insetos que os cientistas desejam atacar. Esses micro-organismos são programados para produzir os trechos necessários de RNA, proliferam e infectam outros indivíduos.

No teste descrito agora pelos cientistas, o grupo usou uma versão modificada da bactéria Rhodococcus rhodnii para produzir o RNAi e espalhá-lo pelo inseto.
“Essa tecnologia nos permite alvejar insetos de maneira muito mais eficiente do que com pesticidas convencionais, e sem efeitos colaterais”, afirmou em comunicado Paul Dyson, professor da Universidade de Swansea que desenvolveu a técnica. “O uso de bactérias como ‘cavalos-de-Troia’ contorna algumas das dificuldades em entregar RNAi para o inseto.”

Os experimentos que demonstram o sucesso da técnica no barbeiro e nas tripses estão descritos em estudo na revista científica “Proceedings of the Royal Society B”.

Fonte: O Globo