Até que a morte os Separe!
Não, não vou falar de casamento! Existem coisas mais importantes.
As pessoas podem decidir o que fazer de suas vidas, infelizmente os cães não podem. Estou cansado de receber telefonemas ameaçadores no canil:
Voz – Estou com um probleminha, será que vocês podem me ajudar?
É que eu vou me mudar para um apartamento e, lá no condomínio, eles não aceitam cachorro, depois ele já mordeu meu filho e quer atacar as pessoas, mas ele é ótimo… tenho um carinho enorme por ele e estou sofrendo muito porque vou ter que me desfazer dele.
Então eu gostaria de doar o Killer para alguém que ame os cães e sei que irá tratá-lo muito bem, vocês aí aceitam doações?
BT – Infelizmente não podemos aceitar doações, procure a Sociedade Protetora dos Animais.
Voz – Eles não aceitam, se vocês não aceitarem vou ter que mandar sacrificar…
Isto dito em tom de ameaça!
O que pode um cão fazer quando não serve mais?
Em primeiro lugar, quando uma pessoa decide ter um cão, deve pensar muito bem, pois ele, supostamente, irá conviver com ela em torno de 10 a 12 anos. Claro que devemos pensar que essa união será até que a morte nos separe, mas não a eutanásia.
A Dor de Consciência
O primeiro passo é a doação! As pessoas tentam doar para quem certamente irá cuidar muito bem do seu “amado” cãozinho. Não fariam isso com seu próprio filho.
Algumas dessas pessoas, porque não dizer, a maioria, quer se desfazer do seu cão, e com razão, porque já teve problemas com ele. Ou ele mordeu alguém, ou os vizinhos estão reclamando, ou foi proibido na convenção de condomínio ou, simplesmente, o cachorro foi comprado para presente no aniversário do filho e o filho encheu o saco e não quer mais o brinquedo.
Traduzindo em bom português, em virtude de sua dor de consciência, a pessoa quer transferir o “problema” para outra pessoa. A outra pessoa vai aceitar e vai ter os mesmos problemas. Rapidinho esse cão será doado novamente.
Cada vez que um cão troca de dono, torna-se mais inseguro e, conseqüentemente, mais agressivo.
O fim dele, com certeza, será o sacrifício, termo abominável que serve para esconder o verdadeiro sentido do ato: execução sumária! Assassinato!
… e nós, humanos, ainda insistimos em classificar certos animais de “Assassinos”.
O Humano Teme, o Humano Mata!
Sempre foi assim.
Olha quanto tempo a humanidade levou para entender as baleias. Quantas baleias foram assassinadas até quase a extinção!
Chamaram a orca de baleia assassina. Mas ela só mata para sua própria subsistência, para comer, como nós fazemos com as galinhas, bois, porcos, tartarugas, coelhos etc.
Hoje a famosa baleia assassina é excelente auxiliar terapeuta para crianças autistas, conseguindo curas incríveis jamais alcançadas anteriormente por qualquer psicoterapeuta.
Quando um tubarão ataca um surfista, que está fazendo, no entender dos tubarões, o ritual terminal da morte, “debatendo-se” na superfície da água como o fazem os peixes moribundos, sai em todos os jornais do mundo.
Os tubarões só dão a primeira mordida, porque a carne humana é muito ruim. Esta é a razão de tantos sobreviventes a ataque de tubarões. Para cada surfista atacado, o humano assassina perto de quinhentos mil tubarões, só para usar sua cartilagem e vender, como remédio, porque dá lucro.
Nós tememos, nós matamos.
– É cobra? Mata por via das dúvidas, não interessa se é venenosa ou não.
Mesmo as cobras venenosas, só atacam para se defender ou para defender seu rango. O “veneno” das cobras é igual ao nosso suco digestivo, só que, como elas engolem a caça inteira, injetando esse suco para matar e não engolir o bichinho vivo.
Nós, humanos e civilizados, montamos um abatedouro de gado, chegamos ao cúmulo de nominar este abatedouro de “Abatedouro Santa Izabel” e assassinamos os bois na base de porrada.
Nós, humanos e civilizados temos esportes como a caça e o tiro ao pombo, só para conferir nossa pontaria e passar horas agradáveis assassinando animais.
Antes de Comprar um Cão
Um cão é um ser vivo, merece o nosso respeito! Nós humanos já passamos pela fase de escravizar a mulher, depois de escravizar os inimigos e os delinqüentes. Mais tarde fomos capazes até de comercializar escravos humanos porque não acreditávamos que o negro possuísse alma.
Hoje ainda, usamos o trabalho escravo de animais como o boi de tração, o cavalo de charretes e o cão de trenó.
Testamos medicamentos em animais para “evitar” de testar em seres humanos. Porque o ser humano se acha mais importante que seus companheiros de vida na terra? Porque procuramos vida em outro planeta quando ainda não conseguimos compreender direito a vida daqui? Porque sujamos e depredamos o nosso planeta e, ao mesmo tempo, desejamos colonizar o sistema solar transformando Marte num planeta semelhante à Terra?
Temos que evoluir daí.
Ainda hoje temos coragem para tirar a liberdade de um passarinho, que não cometeu crime algum, só pelo prazer de ouvi-lo cantar todos os dias.
Porque justificamos que animais nascidos em cativeiro não sobreviveriam caso fossem libertados? Por acaso alguém já viu um passarinho morto depois de libertado? Então porque insistimos em acasalá-los proliferando exemplares cativos cuja capacidade de voar é o nosso próprio símbolo de liberdade absoluta?
Ainda bem que não acreditamos em reencarnação sob outra forma animal!
É muito comum multinacionais oferecerem filhotes em sorteio, como prêmio, para conseguirem um número maior de consumidores. Muito comum, também, é oferecerem às crianças um filhote como presente de aniversário, no meio de outros brinquedos.
O cão-objeto está em alta, às vezes substituindo bonecas.
As crianças os levam no colo, colocam-nos para dormir em caminha de boneca, sem se dar conta que este comportamento não é etologicamente normal entre os animais.
A grande vantagem dos cães-objeto é que, na realidade, funcionam como excelentes psicoterapeutas. Aos poucos as crianças vão compreendendo os animais, de uma forma geral. Não só os cães.
Os adultos ainda precisam dez anos de psicanálise para viver o aqui e agora. O instinto e a incapacidade de compreender o lapso de tempo levam crianças e animais a só conseguirem viver dessa maneira.
A relação das crianças com os animais é muito mais próxima do instinto e muito menos intelectual.
São as crianças de hoje que vão ensinar aos educadores adultos como deverá ser o relacionamento entre homens e animais no próximo milênio.