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Ansiedade de separação: o que causa e como agir





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O que acontece quando o seu cão fica sozinho? Ele late ou uiva sem parar? Destrói objetos e móveis? Faz xixi e cocô pela casa inteira? Lambe as patas ou o rabo até se machucar? Dorme o tempo inteiro a ponto de não fazer as necessidades, nem comer ou beber água? Saliva muito? Então, ele pode ter o que chamamos de ansiedade de separação, ou seja, ele não sabe ficar sozinho.

A ansiedade de separação é um comportamento considerado natural nos cães até certo ponto. Isto significa que eles sentem uma ansiedade para ter alguém do grupo por perto e não conseguem ficar sozinhos. Isso porque, sem o grupo, o cão não consegue sobreviver na natureza, pois precisa do outro para caçar, procriar, alimentar-se, defender-se de outros animais etc.

Porém, a ansiedade de separação exagerada acaba se tornando um problema de comportamento. Hoje em dia, os cachorros costumam ficar sozinhos, pelo menos, oito horas seguidas, já que seus donos precisam sair para trabalhar. Dessa forma, os eles acabam desenvolvendo este comportamento que, teoricamente, atrairia os outros membros da matilha, como latidos e uivos, e ainda extravasariam a ansiedade.

Em casos de ansiedade de separação, o cão só apresenta esses problemas quando está sozinho ou longe do dono (mesmo quando este está em casa). O animal fica extremamente apegado ao dono (ou a algum membro da família), tornando-se, na maioria dos casos, uma “sombra” que segue o dono para todos os lados.

Mas como isso acontece? Pode ocorrer com algumas alterações na rotina: a volta do dono ao trabalho, a chegada de um novo membro na família, após uma mudança de casa ou após visitar um novo ambiente, por exemplo. Além disso, alguns proprietários incentivam o cão a ficar o tempo todo junto, no colo, no sofá, na cama etc., o que também pode contribuir para este problema se desenvolver. Outros cães pedem carinho o tempo inteiro e o dono acaba cedendo, já que passam pouco tempo juntos, e o proprietário acaba querendo compensar.

Geralmente, o dono faz a maior festa quando chega em casa e recompensa o cão com carinho no momento em que o animal mais demonstra ansiedade. Por isso, uma das formas de melhorar a ansiedade de separação é tornar as chegadas em casa bem discretas. O dono deve conseguir ignorar o cão até que ele se acalme. As saídas também devem ser sem estardalhaço: nada de dramatizar! O ideal é treinar também a dessensibilização de certos comportamentos que acontecem quando o dono vai sair de casa: pegar chaves, pegar bolsa, colocar os sapatos, abrir a porta etc. Tudo isso deve ser feito mesmo quando não precisar sair. Assim, o cachorro fica habituado a esses comportamentos sem demonstrar tanta ansiedade, já que nem sempre a saída acontece.

O cão precisa ser ensinado a ser mais independente. O dono não deve ficar com o cão o tempo inteiro no colo, grudado, recebendo carinho. É possível usar o comando “fica”, nesses casos, até que o cachorro não o fique seguindo o tempo inteiro, de um cômodo para outro. O treino deve ser gradativo, começando por tempos curtos até que se consiga sair por períodos maiores, posteriormente. O local onde o animal vai ficar quando o dono sai também é importante: não se deve deixá-lo na lavanderia sozinho se todas as coisas legais acontecem na sala e no quarto, por exemplo. O cão deve sempre ficar no ambiente em que está mais acostumado e onde tem mais o cheiro do dono.

O enriquecimento ambiental também deve ser usado: distrações como ossinhos, brinquedos com o cheiro do dono, petiscos caninos espalhados pela casa podem ser deixados quando o cão vai ficar um longo período de tempo sozinho.

Para casos mais graves, em que o cão pode se machucar, por exemplo, é imprescindível contar com uma ajuda veterinária. O uso de medicamentos pode ser eficiente na evolução do tratamento. No entanto, sem tratar o lado comportamental, o caso não será resolvido. Além do veterinário, realize uma avaliação comportamental para um melhor diagnóstico e tratamento com um consultor especializado.

Texto: Tatiane Ichitani (Adestradora e Consultora Comportamental da Cão Cidadão)
Revisão e edição: Alex Candido