Aedes. Cuidado com ele!
Ele se tornou o grande vilão do verão. Sua foto está estampada na televisão, nos jornais, nos sites de notícias, nas redes sociais e em cartazes espalhados pelas cidades. As secretarias de saúde de municípios e estados, além do Ministério da Saúde, o tem como inimigo público da vez. Também pudera! Não bastasse a luta para controlar os quatro tipos de vírus de dengue transmitidos por ele, há agora a febre chikungunya e o zika vírus (associado a casos de microcefalia em recém-nascidos).
O certo é que este vilão é um velho conhecido. Comum em áreas tropicais e subtropicais, este mosquito da família Culicidae e do gênero Aedes é originário do Egito e acredita-se que tenha chegado ao Brasil com embarcações na época do tráfico de escravos. Tem hábitos diurnos e a fêmea precisa de sangue para a produção de ovos.
Até pouco tempo, o foco no combate ao mosquito era evitar a transmissão da dengue. No entanto, a inoculação de outros vírus fez com que, nos últimos tempos, os tutores questionassem sobre a possibilidade de que a picada do Aedes pudesse levar a doenças em cães e gatos.
A preocupação tem fundamento. Quem tem animal de companhia em casa já deve ter ouvido falar no “verme do coração” ou Dirofilaria immitis, que causa a chamada dirofilariose. Parte do seu desenvolvimento acontece em insetos (vetores) que são hospedeiros intermediários do parasita. Assim, as microfilárias passam de L1 a L3 (que é a larva infectante) em mosquitos do gênero Aedes spp, Culex ssp e Anopheles spp. A L3, então, fica no aparelho bucal do mosquito infectado e, quando a fêmea pica o cão ou gato, ela é inoculada na corrente sanguínea.
Essas larvas têm predileção pelos tecidos circulatórios- para onde migram e sofrem novas mudas. No último estágio larval, L5, vão para as artérias pulmonares e atingem a forma adulta. A gravidade dos sintomas apresentados varia de acordo com o número de vermes adultos presentes e, se houver uma infestação maciça, ventrículo direito e veia cava podem ser tomados. Dessa forma, cães e gatos podem sofrer de insuficiência cardíaca com dificuldades respiratórias, inchaço de membros, tosse, desmaios, entre outros. É um quadro grave que pode levar à morte.
A manutenção do ciclo de vida é garantida porque as fêmeas adultas de Dirofilaria immitis continuam a lançar L1 na circulação sanguínea. Os mosquitos ao picarem cães e gatos ingerem a L1 que se desenvolve a L3 e podem ser transmitidas a um animal não infectado em um novo repasto sanguíneo.
Para prevenir a doença, há coleiras e repelentes próprios para animais de companhia, além de medicamentos preventivos que podem ser prescritos pelo médico veterinário.
Agora, é fundamental que se faça o controle dos vetores. Por exemplo, ao tomarmos todos os cuidados para evitar o acúmulo de água e, assim, diminuir as chances de sermos infectados pelo vírus da dengue ou chikungunya, também estamos fazendo um grande bem para os cães e gatos.
Então, continuemos vigilantes e atuantes! É simples e nossos amigos agradecem.
Médica Veterinária, Dra. em nutrição de cães e gatos.