Convulsão e epilepsia
Em fevereiro minha cadela vira-lata de 5 anos, até então normal, teve sua primeira convulsão, desde então, elas vêm se repetindo com um intervalo de cerca de 12 a 15 dias. Nós a levamos à sua veterinária e, após exame de sangue(cujo resultado foi um pouco alterado – linfocitose e leucopenia), nos foi dado o diagnóstico de um provável tumor no cérebro.
Resolvemos levá-la a outro veterinário que praticamente descartou a possibilidade de tumor no cérebro e começamos a pensar em epilepsia. Desde sua primeira consulta ela toma gardenal e suas convulsões continuam. Novamente, a levamos a um terceiro veterinário que após exames de sangue, fezes e glicose chegou ao mesmo diagnóstico – epilepsia. Então fomos adequando as doses do gardenal. O resultado do último exame de sangue foi normal, a taxa de glicose também e o exame de fezes não apresentou nada de errado, mas mesmo assim ela continua tendo convulsões religiosamente duas vezes por mês, oquê nos deixa em dúvida quanto ao diagnóstico de epilepsia.
Suas convulsões ocorrem sempre de madrugada, no começo era só uma, mas a partir de maio são duas com um intervalo que varia de 2:00 hs a 30 minutos. Após tê-las ela fica totalmente estranha, anda o tempo todo e às vezes quando chega a bater em uma das paredes continua a andar como se não houvesse parede e se enfia em qualquer buraco que aparecer … muito estranho !!! Mas durante todo o resto de tempo ela continua como sempre foi, uma cachorrinha super alegre e brincalhona, não apresentando nenhuma alteração de comportamento, a não ser quando ocorrem as convulsões.
Como vocês podem notar ela é muito querida e já estamos sem saber o que fazer e em quem confiar. Temos medo de que o gardenal tomado por tanto tempo a cause algum mal, visto que já ouvi falar que ele pode causar problemas nos rins e no fígado.
Muito obrigada, desde já, pela atenção e pela maravilhosa revista.
Fernanda
Prezada Fernanda,
a convulsão é uma descarga paroxística excessivamente anormal em uma determinada população de neurônios, ela é uma disfunção da substância cinzenta do cérebro. A convulsão pode ser originada por diversos fatores, entre eles doenças hepáticas, renais, tumores cerebrais, má formações cerebrais e epilepsia. A epilepsia é uma das causas da convulsão, sendo a sua causa mais comum, cerca de 2 a 3 % dos cães apresentam está doença.
A epilepsia aparece na faixa etária de 6 meses a 4-5 anos. o seu diagnóstico é dado por eliminação de outras possiveis causas. geralmente, tumores cerebrais aparecem na faixa de 8 anos em diante, e mesmo após as crises convulsivas os animais apresentam algum sinal neurológico. o diagnóstico definitivo para este caso geralmente só pode ser dado por tomografia.
Pelo seu relato, o mais provavel é que seu animal tenha realmente um quadro de epilepsia, entretanto é necessário que ele faça um exame neurológico para que se possa avaliar suas condições gerais, os exames complementares também são importantes, e devem incluir: hemograma, glicose sérica, tgo, tgp, fosfatase alcalina, ureia, creatinina e calcio. Em casos de epilepsia, o primeiro medicamento usado no controle é o fenobarbital (gardenal), entretanto, outros anticonvulsivantes podem ser usados, inclusive com associações entre eles, mas o ajuste de dose é importante, ela é muito variável.
O controle da epilepsia é de grande importância, pois a cada crise o animal fica mais propenso a novas convulsões. o primeiro objetivo é eliminar as convulsões. Geralmente, algum tempo antes da crise alguns animais apresentam um sinal de que ela irá se desencadear, as vezes um vômito, comportamento diferente, vocalização, etc. isto possibilita interceder antes que ela ocorra.
Já existem estudos para o controle cirúrgico dos casos refratários. As raças poodle e pastor alemão são bastante propensas a casos de epilepsia, sendo que a segunda raça pode apresentar com frequência casos refratários da doença.
Qualquer outra informação, estou a sua disposição.
atenciosamente,
Dr. André Lacerda – Teresópolis – RJ