Robôs podem reduzir uso de animais em testes de laboratório
Pesquisa americana testa robôs para analisar efeitos de substâncias químicas.
Cientistas americanos estão dando o primeiro passo para testar substâncias químicas em células criadas em laboratório, uma técnica que poderia reduzir o uso de animais em testes desse tipo, segundo um artigo publicado na revista Science e discutido no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), em Boston.
Duas agências do governo americano estão estudando a possibilidade de usar robôs de alta-velocidade para a realização desses testes.
O objetivo a longo prazo é reduzir os custos, o tempo e o número de animais usados em testes de laboratórios para analisar os possíveis efeitos danosos de pesticidas e produtos de limpeza, entre outras substâncias, sobre os humanos.
A técnica se segue aos pedidos para que cientistas usem menos animais nas pesquisas.
Os robôs teriam capacidade para realizar milhares de testes por dia, identificando substâncias químicas com efeitos tóxicos.
Mais rápido e barato
Falando em um link de vídeo ao vivo, Francis Collins, diretor da Pesquisa Nacional do Genoma Humano do Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), afirma que os testes com robôs poderiam representar um método mais rápido e barato de testar as substâncias.
“Historicamente a toxicidade sempre foi determinada com a injeção das substâncias em animais de laboratório, observando se eles ficam doentes, e depois analisando seus tecidos em um microscópio”, explicou ele.
“Apesar de este método trazer informações importantes, ele de ser caro, leva tempo, usa um grande número de animais e nem sempre prevê se as substâncias serão danosas aos humanos.”
Programa de cinco anos
Essa pesquisa – uma colaboração do NIH com a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) – tem potencial para revolucionar o modo como substâncias químicas tóxicas são identificadas.
“No fundo, o que a gente quer saber é: Esse composto prejudica as células?”, disse Collins.
“Então, será que poderíamos, em vez de observar um animal inteiro em nossa primeira linha de análise, observar células individuais de diferentes organismos, ou diferentes animais, com diferentes concentrações do composto?”
O programa de pesquisa de cinco anos vai usar robôs de análises automatizadas de alta velocidade desenvolvidos durante o projeto do genoma humano.
Isso vai permitir que eles completem 10 mil análises em células e moléculas por dia, em comparação com 10 a 100 estudos por ano em cobaias.
Longo prazo
Amostras das substâncias químicas serão adicionadas a células humanas ou animais, crescidas em laboratório.
Essa mistura será estudada para encontrar sinais de toxicidade, usando uma variedade de testes genéticos e bioquímicos.
O objetivo a longo prazo é desenvolver métodos de testes que não dependam de animais e sejam rigorosos o suficiente para ser aprovados pelos reguladores.
Atualmente, estão sendo estudados os efeitos toxicológicos de mais de 2 mil compostos químicos em células humanas ou em roedores.
Mas os cientistas afirmam que ainda há muitos anos pela frente até que os testes sem o envolvimento de animais se tornem rotina, mesmo que a pesquisa tenha um resultado positivo.
Fonte: Globo