Brucelose ou Mal de Bang
A Brucelose também chamada de mal de Bang ou aborto infeccioso, é uma doença causada pelo germe (bactéria) Brucella abortus nos bovinos. É uma ZOONOSE, isto significa que é uma doença que passa do animal para o homem e vice-versa.
A ocorrência é comum em todo o mundo e principalmente no Brasil, e não sendo combatida pode causar prejuízos à produção animal pelas seguintes razões:
- atua como uma das causas de diminuição da eficiência reprodutiva onde uma conseqüencia disto è redução da produção de bezerros a menos de 50%
- causa diminuição de leite da ordem de 20% (pela ocorrência de quadros de mastite)
uma de cada cinco vacas que abortarem, jamais readquire a eficiência reprodutiva normal 4.o criador e sua família podem ser infectados, visto que a doença passa para o homem via ingestão de leite contaminado. - A infecção penetra no organismo animal por via digestiva (por alimento contaminados com feto abortado e restos placentários) e em seguida passa para o sangue, indo se localizar em várias partes do corpo.
Embora as bezerras não manifestarem a doença e não mostrarem sinais da presença da bactéria no corpo, ajudam a propagá-la da seguinte forma: quando jovens, filhas de mães com brucelose, não apresentam a doença, mas quando se tornam prenhes (fase adulta) passam a eliminar o germe no meio ambiente por abortamento, contaminando a alimentação e assim contagiando outros animais. As vacas e novilhas prenhes retém o germe na placenta (a membrana que recobre o feto). Além disso, os microorganismos invadem os gânglios linfáticos e podem causar inflamações nas articulações.
Muitos touros contraem a brucelose, porém, somente alguns propagam a doença, quando os germes se instalam nos gânglios linfáticos próximos ao testículo e outras partes do aparelho reprodutor e são eliminados com o sêmen, mas isto ocorrendo em quantidade baixíssima.
A introdução de animais infectados no rebanho é o principal caminho de entrada da brucelose em uma criação. Uma vez introduzida a doença, surge o aborto, com os envoltórios fetais e as secreções invadidas de Brucella. A disseminação se faz com os alimentos na água contaminados e do contato entre animais que se lambem.
Depois de um aborto, a infecção pode desaparecer do útero, mas permanece ativa no úbere por muito tempo. Quando os ovários são atingidos, a esterilidade em geral ocorre ou então a eficiência reprodutiva diminui. Não obstante, alguns animais se recuperam e adquirem grande resistência a uma nova infecção à apresentação de novos quadros de aborto, mas possuem o germe em pequena quantidade.
Quando a doença é introduzida em um rebanho sadio, há um surto inicial violento, durante dois anos e depois deste período ela desaparece aparentemente, pois adquire caráter crônico. No entanto, se animais novos são introduzidos, logo adquirem a enfermidade se não forem tomados cuidados profiláticos.
O período de incubação de brucelose é bastante variável, indo de duas semanas a mais de sete meses. Na maioria dos casos, porém, oscila entre 30 a 60 dias.
SINTOMAS
O aborto é o sintoma mais freqüente, porém, há vacas que não abortam. As vacas que abortam vão se tornando resistentes e em conseqüência, os abortos vão se tornando menos freqüentes nas sucessivas gestações. Outros sintomas são os seguintes:
retenção da placenta e esterilidade;
nos machos, orquite e apidimite:
inflamação das articulações e abcessos subcutâneos também podem ocorrer (mais comumente no cavalo).
DIAGNÓSTICO
Quando um animal está infectado de brucelose, uma das substâncias formadas no sangue para defesa contra enfermidade é a aglutinina (anticorpo). Esta substância é encontrada no soro e a sua quantidade depende da extensão a atividade da infecção.
Quando tal soro é posto em contato com um antígeno composto de microorganismos de Brucella, estes sofrem aglutinação. Esta é a base da prova de aglutinação para o diagnóstico da brucelose. Esta prova, que pode ser feita pelo método lento (Soro Aglutinação Lenta) em tubo ou pelo método em placa ( Soro Aglutinação Rápida) ou pelo Ring-test, exige conhecimentos técnicos para a execução e para a interpretação.
A prova do anel, ou “ring-test”, é um método rápido para determinar se em um rebanho existem vacas com brucelose e consiste em um processo especial de aglutinação para o diagnóstico – da Brucella em amostras de leite.
Em geral é feita em uma amostra de leite de cada vaca de um rebanho. É relativamente simples e muito sensível, pois pode acusar a presença até de uma vaca doente em todo o conjunto. Exige porém, técnica especial. A soro aglutinação é o teste que deve ser feito uma vez por ano (mínimo) em todo o rebanho e os animais com reação positiva devem ser eliminados.
PROFILAXIA
Dentre as medidas profiláticas, a mais prática é a vacinação sistemática das bezerras aos quatro a oito meses de idade. A vacina usada é com a cepa brucella b.19, fabricada com uma linhagem de Brucella abortus de virulência atenuada.
O fator que mais dificulta o emprego da vacinação contra a brucelose é que, aproximadamente duas semanas depois do animal receber a vacina, seu sangue começa a reagir como se a infecção fosse natural. Esta reação persiste por tempo variável, porém, nos animais vacinados na idade apropriada, geralmente desaparece quando eles chegam aos dois anos. A imunidade conferida pela vacinação das bezerras não diminui com o aumento da idade.
Nos animais vacinados depois de adultos a reação é persistente, e não distingue na compra de um bovino, porque ambos dão reação positiva.
Além da vacinação, podem ser tomadas estas medidas profiláticas:
exame anual de todos os animais componentes do rebanho;
não introdução de animais infectados na fazenda;
aquisição somente de indivíduos com atestado negativo de soro aglutinação, ou oficial de vacinação;
reexame de todos os animais que tomarem parte em feiras e exposições;
isolamento das vacas que abortarem e exame antes da volta do rebanho;
desinfecção dos alojamentos, currais, bebedouros e utensílios que possam ter sido contaminados por animais que abortarem;
fervura ou pasteurização do leite usado na alimentação de animais quando provenientes de animais suspeitos;
vacinação feita por orientação de órgão oficial, com fornecimento de atestado para cada animal vacinado.
Bibliografia:
Millen, Eduardo – Guia do Técnico Agropecuário “Veterinária e Zootecnia”
Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1984
Revisão e apoio Técnico Veterinário –
Dr. Márcio Liboni –
Médico Veterinário em Londrina – PR
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe