Lar… doce lar… Primeiro Animal: Cão
Procure pegar o filhote na parte da manhã, pois assim ele o período diurno para conhecer o ambiente, além de poder ter a atenção da família. Se ele puder chegar no fim de semana (sábado pela manhã), melhor ainda.
Nossa principal tendência é exagerar nos cuidados dados ao cão, de forma que ele vive mais no nosso colo que no chão. Esse nosso comportamento é normal, desde que dosado.
Não podemos nos esquecer de que o cãozinho está em fase de desenvolvimento e de adaptação a uma nova situação de vida. Sendo assim, temos que lhe dar oportunidade de se desenvolver, ao mesmo tempo em que brecamos uma possível “superdependência” de nossa companhia.
Nos primeiros dias de novo lar, costumeiramente o cão chora à noite, fruto da falta de sua mãe e irmãos. Nessa fase, recomenda-se um dos procedimentos:
1) colocar um relógio com um “tic-tac” sonoro, perto do animal (porém sem que ele veja o relógio);
2) colocar, em volume bem baixo, um rádio, com músicas calmas (clássicas, por exemplo), ou em rádio AM (por causa das vozes), também sem que o animal aviste o aparelho. Algumas pessoas também tomam por procedimento colocar junto ao filhote uma bolsa de água quente.Este procedimento não é dos mais recomendáveis, por dois motivos: em pouco tempo a bolsa esfria, não surtindo mais o efeito desejado (o de simular o calor da mãe e irmãos); o cão pode, eventualmente, criar dependência desse procedimento. Mas, e a dependência do relógio ou rádio? É mais difícil acontecer, pois música, vozes e barulhos são comuns no dia-a-dia; já a bolsa ficaria em contato com o animal, enquanto o rádio ou o relógio estará longe de seu alcance.
Desde a chegada do animal é importante estabelecer os lugares de alimentação, descanso, brincadeiras e higiene. É importante tomar alguns cuidados, como não deixar os potes de comida e água perto do local estabelecido como “banheiro”. Os cães possuem um acurado senso de limpeza, e com certeza procurarão um local longe da “cozinha” para fazer suas necessidades.
Um fator que deve ser levado em consideração é o desmame. Desmames prematuros podem eventualmente provocar distúrbios comportamentais. Considerando-se o tempo de gestação e vida, percebemos que os fatos aprendidos na vida do cão ocorrem mais rapidamente que em nossa vida. Enquanto levamos 18 anos para chegar à adolescência e começar a ingressar na vida adulta, esse acontecimento na vida do cão leva em média 1 ano e meio, apenas. Desse modo, é importante respeitarmos o tempo necessário de convívio entre o filhote e a mãe e irmãos. Assim, podemos observar bem o caráter do animal na hora da escolha, o que certamente contribuirá para que não nos arrependamos no futuro.
Em geral não se recomenda desmame antes dos 60 dias, sendo desejável que o filhote seja separado da mãe aos 90 dias. É nessa fase que a mãe ensinará ao filhote as lições necessárias à vida adulta. É aqui também que o papel do criador se torna importante: grande parte da sociabilização ocorre nessa fase. Recomenda-se, então, que os filhotes sejam apresentados às mais diversas situações de nosso quotidiano: andar de carro; estar em contato com os mais diversos tipos de animais e pessoas; barulhos (músicas, fogos…)… Expondo os filhotes às situações, logo percebemos as que trarão problemas de adaptação. Como o cão é novo, Contornar a situação é bem mais fácil.
Aos 90 dias de vida, grande parte da personalidade do cãozinho já está formada. Procure, então, conhecer a ninhada toda e os pais: através desse conjunto você pode ter idéia se algum desses filhotes se encaixa no perfil que está desejando para a família. Repare nas instalações da casa (devem estar limpas e arejadas) e no modo de interação do criador com os animais (que deve ser a mais amistosa e natural possível).
Se a intenção é um cão exclusivamente de companhia, todos os filhotes devem ter um comportamento “doce”, assim como os pais. Pais bravos podem ser um indicativo de que os filhotes podem desenvolver essa personalidade. O desejável é que toda a sua família possa entrar em contato com os cães adultos e filhotes, sem nenhum risco à segurança. Se a intenção é um cão de guarda, recomenda-se que o procedimento seja o mesmo acima. Um bom adestrador ensinará o cão a guardar a casa, porém é importante que o animal tenha um caráter dócil com as pessoas da família. Ter um cão que só respeite o “chefe da casa”, além de não ter graça, pode eventualmente trazer algum risco à família.
Voltando ao primeiro dia da mascote na casa, por passar por um período de stress durante a adaptação, o cão pode ter diarréia. Para evitar esse quadro, é importante tomar algumas providências: 1) continuar, por pelo menos 15 dias, com a mesma alimentação fornecida pelo criador; 2) não ficar com o animal no colo por períodos prolongados; 3) inventar brincadeiras e exercitar a mascote por algumas horas no dia; 4) respeitar os períodos de sono, que são mais numerosos nessa fase de vida.
Uma providência que deve ser quase imediata: levar o filhote ao Médico Veterinário de sua confiança. Esse procedimento é importante, pois: 1) pode-se identificar alguma moléstia (como verminoses, que são comuns nesse período de vida); 2) recebemos as melhores instruções para cuidar da raça escolhida (e dos “vira-latas” também!!); 3) o Médico Veterinário traçará um plano de cuidados, desde a vermifugação até às vacinas, o que proporcionará melhores condições de vida (ou seja, vida longa) ao animal.
Quando o filhote é o primeiro da família é natural que o “enchamos” de mimos. Tome cuidado, pois todos os cães são inteligentes e sabem se aproveitar das situações. Um vício criado geralmente é um vício para a vida toda. Temos que ser carinhosos, porém enérgicos na hora de educar. Não exite em dar uma bronca oral severa quando o filhote fizer algo errado; porém, agrade-lhe muito quando fizer a coisa certa.
Um dos costumes primeiros que devemos dar ao animal é quanto ao local do “banheiro”. Seja qual for a raça e a finalidade de tê-la, é importante acostumar o cão a urinar e defecar em um único local, basicamente por dois motivos: primeiro, a higiene para o próprio cão e para a família; segundo, para facilitar a manutenção. Esse aprendizado, geralmente, demanda algum tempo. Devemos ter extrema paciência até que o cão associe que aquele é o único local em que deverá fazer suas necessidades. Há produtos no mercado que podem auxiliar, mas esse costume só será aprendido com o esforço e paciência de alguma pessoa.
No princípio, o animal fará suas necessidades em qualquer lugar. Note que, após as refeições, passados alguns minutos o cão começa a farejar e rodear o chão: é nessa hora que devemos levá-lo ao local desejado como sanitário. Claro que, nos primeiros dias, o cão estará se ambientando na casa, e não conhecerá nenhum caminho. Mas, tão logo você perceba que o filhote já sabe circular pela casa, ao levá-lo ao “banheiro” o faça com o cão vendo o caminho, para que o memorize. Nos primeiros dias não o repreenda. Após a ambientação, porém, comece com uma repreensão bem branda, sempre o levando ao local escolhido.
Se perceber a vontade do animal, já o leve ao local; porém, se ele já tiver defecado ou urinado, a repreensão só será válida imediatamente após esse “deslize”: um minuto depois, a bronca já não será mais válida, pois o cão tem memória curta para esses acontecimentos, e não associará a bronca ao fato. É importante que, nos primeiros dias, você deixe nesse local fezes e urina, para que o cão possa se guiar pelo cheiro. Lave o local indesejado que o cãozinho defecar e/ou urinar com desinfetante e álcool, passando depois boa quantidade de água limpa.
Na medida em que o tempo for passando, assevere a repreensão. Jamais, porém, bata no animal ou esfregue seu focinho no chão. Isso contribuirá para que o filhote amedronte-se frente à pessoa, o que não contribuirá em nada.
Tome também o seguinte cuidado: os cães têm uma associação limitada (comparada à nossa). Muitas vezes, as pessoas usam um canudo de jornal para bater no chão e fazer barulho, como método de repreensão. Não queira, pois, que o filhote faça necessidades no jornal.
Outro fator que deve ser levado em consideração: a alimentação. Quanto ao número de refeições, podemos considerar o seguinte quadro:
Idade (meses) |
Porte
|
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Pequeno
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Médio
|
Grande
|
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(número de refeições)
|
|||
1,5 a 3
|
4
|
4
|
4 |
3 a 6
|
4
|
4
|
3
|
6 a 9
|
3
|
3
|
2
|
9 a 12
|
3
|
3
|
2
|
12 em diante
|
2
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2
|
1 OU 2
|
Consideramos, aqui, que a partir de 1,5 mês de vida a alimentação já deve ser, gradativamente, fornecida ao filhote.
Essa tabela pode ser seguida independente do tipo de alimento escolhido. É importante, porém, que horários sejam estabelecidos e respeitados. Por exemplo, para um cão de 2 meses, os seguintes horários: 7h00, 12h00, 17h00, 22h00. Ao colocar a refeição, coloque o filhote em frente ao pote. Se ele não comer em 15 minutos, retire a refeição e sirva somente no próximo horário. Faça isso sempre, sem exceções. Nos primeiros dias, o cão comerá bem em algum horário e não respeitará os outros. Mesmo assim, siga à risca esse critério. Com o tempo, o animal perceberá que tem determinados horários para se alimentar, e terá que respeitá-los. Esse método auxilia a servir quantidades corretas de alimento, o que ajuda a manter a saúde, além de possibilitar averiguar alguma anomalia (a falta de apetite pode evidenciar algum distúrbio orgânico).
A quantidade de alimento varia de animal para animal. Coloque uma certa quantidade: se perceber que o cão come rápido e fica cheirando em volta da vasilha, é sinal de que a quantidade foi inferior à necessária; nesse caso, sirva maior quantidade na próxima refeição. Se, no entanto, notar que sobra comida, na refeição seguinte diminua a quantidade. No início cão e dono sentirão uma pequena dificuldade nessa percepção, mas nada que em poucos dias não se resolva.
Aprenda a observar atentamente sua mascote. Qualquer alteração de comportamento pode significar o início de uma enfermidade física, ou mesmo algum distúrbio psicológico/comportamental. Nesses casos, consulte o Médico Veterinário.
Bacharel em Química
Auxiliar Veterinário
Aquariólogo