Febre amarela mata todos os macacos bugios do Parque Horto Florestal, na Zona Norte de SP
Outras três espécies de macacos vivem no local. Um dia após reabertura, visitantes voltam a frequentar o parque para praticar atividades físicas na manhã desta quinta (11).
Todos os macacos bugios do Parque Horto Florestal, na Zona Norte da cidade de São Paulo, foram mortos pela febre amarela. Ao todo, 17 famílias, totalizando 86 macacos, morreram após contrair o vírus da doença, segundo informou o Bom Dia SP. A espécie é uma dentre as quatro que habitam o parque.
O primeiro macaco com a doença encontrado morto no dia 9 de outubro no Horto Florestal, que fica na área vizinha ao Parque da Cantareira. Apesar de serem hospedeiros do vírus, os animais não são transmissores da doença para humanos. Os transmissores da febre amarela silvestre são duas espécies de mosquitos silvestres: Haemagogus E Sabethes. Desde então o estado começou a vacinar a população contra a doença, que pode ser transmitida pelo mosquito.
O biólogo Márcio Carvalho, pesquisador científico do Instituto Florestal, da seção de Animais Silvestres, diz que ainda não sabe ao certo o motivo dos bugios serem mais sensíveis que outras espécieis de macacos. As espécies de macaco prego e saguis resistiram à doença.
Reabertura dos parques
Após ficar mais de dois meses fechado, o Parque Horto Florestal, na região do Tremembé, na Zona Norte de São Paulo, foi reaberto nesta quarta-feira (10). Na manhã desta quinta-feira (11), por volta das 6h, o parque já tinha frequentadores se exercitando.
Os parques Ecológico Tietê e Cantareira também foram reabertos pelo governo do estado na manhã desta quarta-feira.
Os frequentadores estavam ansiosos pela reabertura e ficaram atentos ao aviso de que para visitar o parque é necessário estar vacinado e é indicado o uso de repelentes. De acordo com Regiane de Paula, os visitantes devem esperar 10 dias após tomar a vacina para poder frequentar os parques.
Os locais foram estavam fechados desde o ano passado como uma ação preventiva contra a febre amarela após macacos que contraíram a doença terem sido encontrados mortos.
”Após todas as avaliações e dados na equipe conjunta que foi montada desde o primeiro dia da averiguação da doença dos macacos, nós chegamos a avaliação que era importante reabrir os parques”, afirmou Mauricio Brusadin, secretário estadual do Meio Ambiente.
“O parque para quem está vacinado é lugar extremamente seguro por isso nós vamos reabrir”, declarou Brusadin. “Acreditamos na conscientização das pessoas”, disse.
A reabertura dos parques estaduais já estava prevista pela Secretaria da Saúde para o mês de janeiro, mas a data não havia sido definida.
Os parques do Horto Florestal (Parque Alberto Löfgren) e da Cantareira foram os primeiros a fechar em 20 de outubro de 2017 depois de exames comprovaram a morte de um macaco bugio por febre amarela silvestre no Horto. O Horto Florestal fica em área urbana, tem quase 200 hectares, sendo 20% deles abertos ao público há mais de trinta anos. O parque tem uma grande extensão de Mata Atlântica, com muitos animais nativos. Já o parque Ecológico do Tietê foi fechado em 10 de novembro.
Outros 23 parques municipais permanecem fechados e não há informação de quando serão reabertos ao público.
Vacina fracionada
Foram confirmados 29 casos de febre amarela silvestre no estado de São Paulo desde janeiro de 2017, segundo a Secretaria da Saúde. Foram registradas 13 mortes no período.
De acordo com o secretário estadual da Saúde, David Uip, a vacina fracionada, que será aplicada fora das áreas de risco, é totalmente eficaz.
“Não há mudança de eficácia entre a vacina fracionada e integral. O que estamos discutindo é o número de anos que ela persiste. Hoje nós sabemos que ela protege totalmente integral pelo período de 8 anos”, disse Uip. “Não faltará vacina para o estado de São Paulo”, informou.
Uip também informou que a rede de transplantes de fígado estadual será ampliada, já que a febre amarela costuma danificar o órgão e pacientes infectados necessitam de transplante pois apresentam hepatite. “Nós estamos criando também uma rede avançada de transplante de fígado como modalidade terapêtica de hepatite fulminante”, disse. Ele citou que o único caso de transplante de fígado por causa de febre amarela no mundo foi o que foi feito na engenheira infectada pela doença que está internada no Hospital das Clínicas.
A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, Regiane de Paula, diz que a expectativa é imunizar cerca de 6 milhões de pessoas nos 53 municípios localizados nos corredores ecológicos.
“A estratégia do fracionamento começa dia 3 e continua até o dia 24. A expectativa do estado é que no fracionamento nós vacinamos em torno de 4,5 milhões de pessoas e dose plena, porque a gente precisa continuar vacinando com dose plena um grupo específico, mais 1,5 milhão de pessoas”, afirmou.
As doses convencionais serão aplicadas para crianças com idades entre 9 meses e 2 anos anos incompletos, pessoas que irão viajar para países no exterior que possuem exigência da vacina, grávidas que moram em áreas de risco, transplantados e portadores de doenças crônicas.
Em 40 cidades, a vacina será oferecida para toda a população, já que são regiões de alta densidade de mata. Nos outros 13 municípios do estado, a vacinação será parcial para moradores dos bairros mais vulneráveis.
As carteiras de vacinação receberão um selo especial para informar que a dose aplicada foi a fracionada.