Herpes em Primatas não Humanos
Até a data de hoje, aproximadamente 40 herpesvirus foram descritos ou isolados de macacos do velho e novo mundo e gorilas, mas poucos são considerados zoonoses. Os jovens começam a ser infectados após a perda da imunidade materna, os quais são mais acometidos que os indivíduos adultos. Os adultos podem servir como carreadores latentes, trocando o vírus intermitentemente com ou sem sinais de doença. Os sintomas manifestados incluem pequenas vesículas ou ulceras na língua, lábios, e pele. Raramente um portador adulto morre por esta infecção, a não ser que ele esteja severamente debilitado ou imunodeprimido.
O Herpesvirus hominis é uma doença devastadora em certas espécies de primatas caracterizada basicamente por conjuntivite, descarga nasal, dermatite ulcerativa, úlcera lingual e placas necróticas, ataxia, letargia, depressão e morte. Herpes simplex tipo 1 tem sido descrito em gorilas e o herpes genital tipo 2 em chimpanzés.
O Herpesvirus tamarinus tem como seus hospedeiros assintomáticos o macaco-aranha e o macaco-de-cheiro. Raramente seus hospedeiros naturais desenvolvem sinais de doença. Em contraste, o Hespesvirus tamarinus (Herpes T) causa doença severa e morte em sagüis e macacos-da-noite. Os proprietários destas espécies devem ser avisados em não manter no mesmo ambiente os macacos-aranha e os de cheiro com os sagüis e macacos-da-noite. Os sinais clínicos da infecção pelo herpes T, dependendo da espécie acometida, são lesões orais, anorexia, depressão, desidratação, prurido, espirros, descarga nasal, diarréia, edema palpebral e da área periorbital e aumento acentuado da glândula parótida (salivar). Muitos animais infectados irão morrer entre 4 a 6 dias, sendo que outros terão uma recuperação espontânea em 10 dias.
O Herpesvirus simiae há muito tempo tem sido o mais temido dos vírus de símios, por ser usualmente de conseqüências fatais para os humanos. O Herpesvirus simiae ocorre em primatas do velho mundo, freqüentemente relatados em rhesus, cynomolgus, e o Cercopithecus pygerythrus (vervet monkeys). A evidência sorológica de exposição viral também foi identificada em babuínos (Papio spp), chimpanzés (Pan troglodytes) e macacos verdes africanos (Cercopithecus aethiops). O significado dos títulos e do risco potencial destes três últimos animais é desconhecido. Entretanto, foi descrito um caso de infecção por vírus B em uma pessoa exposta apenas a macacos verdes africanos. Esta doença é transmissível ao homem, causando uma encefalite ascendente fatal.
O primeiro caso humano foi relatado em 1943, quando o vírus foi isolado do cérebro de um tratador, o qual havia sido mordido por um macaco rhesus clinicamente normal. Dezesseis dos dezoito casos relatados em humanos foram fatais, e apenas um dos dois sobreviventes não permaneceu com nenhuma seqüela. Há hoje 24 casos documentados de herpes B em humanos, sendo que dezoito fatais. A doença não é transmitida apenas pela mordida, sendo também por aerossóis ou contato da conjuntiva com gotas de saliva do animal infectado, arranhões ou manejo inadequado de tecidos contaminados (oriundos do primata).O vírus pode ser isolado da saliva, sangue, culturas de tecido renal, urina, e fezes de símios infectados.
O herpes B no homem caracteriza-se por mielite e encefalite ascendentes. Além disso, podem surgir outros sintomas (náusea, dores na garganta e tosse). O diagnóstico definitivo exige uma história comprobatória de exposição a um macaco, títulos crescentes de herpes B e possível isolamento viral. O período de incubação no homem varia entre 10 e 21 dias. Os sinais clínicos em primatas incluem febre, lesões nas junções mucocutâneas dos lábios inferiores e superiores, e lesões ulcerativas no terço anterior do dorso da língua. As lesões desaparecem espontaneamente em 14 dias.
Médico Veterinário - CRMV/SP: 8621
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