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Como fóssil de ave pré-histórica pode ajudar a entender a evolução do canto dos pássaros




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-19 de Outubro de 2016-

O órgão vocal das aves - a siringe - é o equivalente da laringe (Foto: Nicole Fuller/Sayo Art for UT Austin)
O órgão vocal das aves – a siringe – é o equivalente da laringe (Foto: Nicole Fuller/Sayo Art for UT Austin)

Cientistas americanos reconstruíram órgão de espécie extinta e descobriram um pouco mais sobre o ambiente sonoro na época em que dinossauros dominavam a Terra.

Como era a paisagem sonora na época em que os dinossauros dominavam o planeta? Uma pesquisa inédita traz pistas sobre esse quebra-cabeça.

Cientistas americanos conseguiram reconstruir o órgão onde é produzido o som das aves a partir de uma espécie extinta. O estudo revela que o pássaro, que viveu na época dos dinossauros, possivelmente grasnava como patos e gansos.

A pesquisa foi realizada em uma siringe no fóssil mais antigo que se tem conhecimento. A ave Vegavis iaai viveu na região que hoje é conhecida como Antártida, cerca de 66 a 68 milhões de anos atrás. Ela é um parente próximo de patos, gansos e cisnes.

Segundo a pesquisadora Julia Clarke, da Universidade do Texas em Austin (EUA), não existem trabalhos sobre a origem e evolução das particularidades no canto dos pássaros.

“Conhecemos bastante sobre a evolução das asas, mas sabemos muito pouco sobre a origem do que talvez seja a característica mais admirável das aves – seus cantos.”

Frequência

Clarke e sua equipe analisaram o fóssil com exames semelhantes aos realizados em hospitais, como tomografia computadorizada e raio-X.

A partir disso, os cientistas construíram uma réplica 3D da siringe e então utilizaram uma técnica para análise de imagens que fornece informações sobre tecidos. Os dados foram comparados com fósseis mais jovens e 12 espécies vivas de aves. Dessa forma, foi possível reconstruir a evolução do sistema ósseo.
“Acreditamos que esse órgão era capaz de grasnar ou assobiar”, disse Clarke. “Mas se quisermos entender melhor a amplitude da frequência, ou a variedade dos sons, teremos que construir modelos novos e conseguir dados de patos vivos para definir o espectro de sons produzidos por essa estrutura.”

Os pesquisadores acreditam que a siringe possa ter se desenvolvido já numa fase avançada da evolução das aves, muito depois das espécies terem adquirido a capacidade de voar.

A ave viveu no final da era dos dinossauros.

Para o professor Patrick O’Connor, da Universidade de Ohio (EUA), não há evidências de que o órgão responsável pela produção de sons já estivesse presente em dinossauros incapazes de voar. “Isso sugere que a siringe chegou mais tarde na linhagem das aves. Dessa forma, ela pode ter exercido um papel significativo na diversificação das espécies.”

Ele diz que a “diversidade incrível dessa classe” pode ter relação com “a evolução da siringe e também de outras áreas do cérebro, que controlam a produção e recepção de sons, no contexto mais amplo das interações sociais.”

Paisagem sonora pré-histórica

No início deste ano, a equipe de Julia Clarke deduziu que alguns dinossauros não-aviários podem ter emitido sons profundos e crescentes, criando uma ideia mais completa sobre como era a paisagem sonora na época em que os dinossauros dominavam o planeta.

“Animais de grande porte, como a maioria dos dinossauros não-aviários, costumam emitir sons de frequências mais baixas”, explica. “Mas quando analisamos a origem do voo desses dinossauros de porte menor, incluindo as aves, concluímos que os sons emitidos tendem a ser com a boca bem aberta, mais estridentes”, conclui.

Fonte: globo.com