Saúde Animal

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Por que o que é alimento para um pode não ser nada bom para outro? Entenda a alergia alimentar em cães e gatos




logo_caes_gatos

destaque_alergiaA pele é o maior órgão do corpo. Dentre as suas maiores funções estão a proteção contra a desidratação e as agressões físicas, a percepção sensorial, a regulação térmica, a proteção contra microrganismos e a reserva de alguns nutrientes. Metabolicamente, ela é bastante ativa e, por este motivo, é afetada quando a nutrição não vai bem. Seus anexos, como pelos e unhas, dão diversos sinais quando há deficiência nutricional, por exemplo. Os pelos ficam sem brilho, quebradiços, caem…

Mas ela também pode ser afetada quando organismo reage imunologicamente a algum componente do alimento. Explico: o entra no corpo e que não pertence a ele é considerado potencial ameaça. É desta forma que os animais (e nós) se protegem contra microrganismos, por exemplo, e uma supressão do sistema imunológico é bastante séria. No entanto, pense comigo, os alimentos (de origem animal ou vegetal) também não são estranhos ao organismo? Pois é, são! Então para que o animal possa se alimentar sem problemas ao mesmo tempo em que se defende contra os patógenos é necessário que ocorra um fenômeno denominado tolerância oral.

E o que é a tolerância oral? Em geral, as proteínas são os componentes responsáveis por disparar respostas imunes porque tem alto peso molecular, complexidade e estabilidade estrutural. Assim, quando um alimento novo é ingerido as células do sistema imunológico precisam identificar esses possíveis antígenos e realizar a exclusão imune. Dessa forma, quando as proteínas entram em contato com a mucosa intestinal, são apresentadas a diferentes células do sistema imunológico que dependendo de suas características dão origem a variadas respostas que visam “neutralizar” os antígenos potenciais daquele alimento. Se há falha neste processo, a hipersensibilidade (alergia alimentar) se desenvolve.

A coceira é o sinal mais comum da alergia. Ela aparece entre 4 e 24 horas após a ingestão do alimento e as áreas mais afetadas são os membros posteriores, as axilas e as virilhas (nos cães) e a região ao redor da cabeça, pescoço e orelhas (nos gatos). Também pode ocorrer seborreia, formação de crostas e uma hiperpigmentação da pele. Em alguns casos, otite também aparece.

É uma doença que ocorre em qualquer época do ano, não tem relação com sexo ou idade. No entanto, em cães, a prevalência é maior em algumas raças como Pastor Alemão, Golden Retrievier, West Highland White Terrier, Dálmata, Collie, Shar Pei, Lhasa Apso, Cocker Spaniel Inglês, Springer Spaniel, Schnauzer miniatura e Retriever do Labrador.

No consultório, o médico veterinário fará os testes diagnósticos e a diferenciação de outras dermatites alérgicas (como a dermatite alérgica a picada de pulgas) e de outras doenças de pele.

Mas sendo diagnosticada a alergia alimentar, a dieta deverá ser imediatamente alterada. É feito o uso de fontes de proteína com as quais o animal nunca teve contato anteriormente ou de hidrolisados proteicos (onde as proteínas são “quebradas” produzindo um arranjo de peptídeos pequenos demais para gerarem uma reação por parte do sistema imunológico). Ácidos graxos essenciais, além de algumas vitaminas, aminoácidos e minerais tem efeito benéfico.

Titius Lucretius, filósofo romano (96 a.c), dizia que “O que é alimento para um homem pode ser potente veneno para outro”. É, agora a gente já sabe que depende do sistema imunológico de cada um…

Adriana Aquino
Médica Veterinária, Dra. em nutrição de cães e gatos.