Triquinelose Suína
A Triquinelose Suína é uma verminose causada pela Trichinella spiralis, que em sua fase adulta parasita o intestino delgado do suíno, além dos carnívoros e também do Homem. É um verme muito pequeno, sendo que o macho adulto chega a 1,6 mm e a fêmea pode alcançar até 4 mm de comprimento.
Os Vermes adultos estão geralmente embebidos na mucosa intestinal, de modo que as formas jovens são depositadas diretamente dentro da mucosa; As larvas prosseguem invadindo o tecido linfático de seu hospedeiro definitivo, passando para a circulação, onde são distribuídas por todas as partes do corpo, penetrando nas fibras musculares, onde destróem o sarcoplasma. Finalmente, a sua presença estimula a formação de cistos, mantendo as larvas até calcificarem ou morrerem, ou ainda se ingeridas por um novo hospedeiro desenvolvem um novo ciclo.
Ao ingerir carne contendo os cistos da Trichinella, estas se desenvolvem até a fase adulta em dois dias e começam a produzir larvas em seis dias. O suíno alimentado com restos de comida não cozidos ou de restos de carne crua são maciçamente infectados. Como seria de se esperar, os carnívoros são os mais comumente afetados por esta doença.
Por ser um parasita que não exige fase externa ao hospedeiro, a sua distribuição no mundo só depende dos carnívoros. No homem pode causar uma doença grave, devido ao seu reduzido tamanho, e geralmente passam despercebidas no exame pós-mortem, sendo sempre possível ser causadora de doença no sistema nervoso central, no sistema muscular ou no trato digestivo.
Quase todos os mamíferos podem se infectar experimentalmente com a Trichinella, porém somente os carnívoros e omnívoros são os hospedeiros naturais. A infecção ocorre, como já dissemos, pelo predatismo, pelo canibalismo ou pela ingestão de carne em decomposição; as larvas encistadas nos músculos são extremamente resistentes às condições ambientais externas, inclusive me extremos de putrefação, representando assim, um estágio de vida livre em um biótipo especial, em analogia aos ovos e larvas de outros nematódeos.
A carne com Trichinella é totalmente inofensiva quando devidamente cozida ou congelada a -15º C por 20 dias, porém uma passagem temporária pelo forno não garante que as larvas encistadas no meio de grandes massas musculares sejam destruidas. A temperatura de 60º C’no local do cisto é suficiente para matar as larvas.
Em certos países onde o consumo de carne suína crua é comum, como Alemanha, o Serviço de Inspeção inclui análise microscópica de preparações esmagadas de diafragma.
Os surtos de triquinelose clínica no homem, englobam pequenos grupos de pessoas que ingeriram conservas cruas ou assados mal cozidos de suínos abatidos em clandestinidade. Nos Estados Unidos houve um surto em Illinóis, onde 50 membros de uma família holandesa e 23 de uma alemã ficaram doente ao ingerir embutidos caseiros não inspecionados.
A triquinelose humana pode se manifestar por edema periorbital, mialgia, febre, erupções cutâneas, gastroenterites, conjuntivites, pruridos, etc…
Atualmente, na suinocultura tecnificada, onde o suíno é alimentado exclusivamente com rações balanceadas, é impossível haver incidência de Trichinella, pois o animal não tem contato com fontes de infecção, como carnes cruas, cadáveres ou restos de comida.
Além disto é sempre importante consumir carnes somente de origem reconhecida e passadas pelo Serviço de Inspeção Federal, Estadual ou Municipal, que são órgãos competentes na preservação da saúde humana.
Médico Veterinário CRMV-MG 4.640 - Passos/MG