A importância da vacinação
Todas as manhãs, antes de começar meu trabalho, leio as notícias em destaque nos principais jornais do Brasil e do mundo. Esta semana, deparei-me com uma matéria triste sobre algo ocorrido há alguns meses: a trágica morte de uma garotinha inglesa de 2 anos acometida pela meningite. No entanto, o motivo da matéria não era falar sobre o luto e a tristeza do fato em si: os pais queriam fazer um alerta sobre a necessidade da vacinação.
A vacinação é uma maneira de prevenir a ocorrência de uma determinada doença através da exposição controlada do sistema imunológico ao agente causador dela. A partir dessa “apresentação prévia”, o organismo é capaz de produzir anticorpos preparando-se para um eventual contato natural posterior. É um tipo de imunização ativa importante não só para humanos, mas também para os pets.
No entanto, este tipo de “estimulação” do sistema imunológico deve ser feita, em geral, a partir do 45º dia de vida. Isto porque, durante a gestação, os fetos recebem através da placenta uma pequena concentração de anticorpos que é grandemente complementada pela ingestão do colostro nas primeiras horas de vida do neonato. Neste período em que eles estão protegidos pelos anticorpos recebidos da mãe, seu sistema imunológico não estará capacitado para a síntese de seus próprios anticorpos. No entanto, esta imunização passiva tem uma duração limitada e, após esta fase, para manter o animalzinho protegido é necessário vaciná-lo.
Para os cães, as principais vacinas são múltipla (V8, V10, V12), contra a tosse dos canis, contra a giardíase e a antirrábica. A múltipla protege contra as seguintes doenças infecciosas: cinomose, hepatite contagiosa, adenovirose, parvovirose, parainfluenza, leptospirose e coronavirose. A diferença entre V8 e V10 ou V12 é a proteção a mais cepas de Leptospira. A vacina múltipla é dada em 3 doses: a primeira aos 45 dias e as outras duas com 21 dias de intervalo entre elas. A de giardísase é dada em 2 doses e a de tosse dos canis é dada em dose única. A vacina antirrábica é administrada a partir do 4º mês de vida do cãozinho. Doses de reforço anuais são recomendadas.
Para os gatos, há vacinas múltiplas (tríplice, quádrupla ou quíntupla) e a vacina antirrábica. A tríplice protege contra panleucopenia, rinotraqueíte e calicivirose, a quádrupla contra as três donças mais a clamidiose e a quíntupla contra as quatro anteriores mais a leucemia felina. As doses também são aplicadas em torno dos 45 dias de idade, sendo necessário mais um reforço após 21 dias. A vacina antirrábica deve ser administrada a partir dos 4 meses e doses anuais das vacinas também são recomendadas.
Para que não haja falha vacinal é fundamental que o animal esteja saudável e que seja feita a desverminação prévia. Caso haja imunossupressão, o sistema imunológico não responderá ao estímulo. O médico veterinário durante a consulta avaliará a condição geral de saúde do gatinho e do cãozinho para garantir a proteção eficiente dos nossos amigos peludos.
Médica Veterinária, Dra. em nutrição de cães e gatos.