Saúde Animal

Saude Animal

Saúde Animal

O que significa (…)? – Parte 1




logo_artigos

destaque_aminoacidoEstive conversando com um querido amigo no último fim de semana, o Luigi Mazzucco, sobre os artigos que estou escrevendo para o Saúde Animal.

Durante nosso papo, ele chamou atenção para um detalhe e me deu uma sugestão fantástica: por que você não faz uma espécie de minidicionário com os termos mais usados em nutrição? Eureca, é isso!

Quando a gente escreve um artigo informativo sobre uma área bastante específica-por mais que tentemos ser objetivos, diretos- não temos como evitar uso de certas palavras e expressões técnicas. E, embora as pessoas possam ter lido ou ouvido algumas delas, muitas vezes o sentido real acaba ficando perdido porque não são vocábulos usuais, de fácil compreensão.

Então, vamos conhecer algumas palavras que você pode ter lido em algum texto por aqui, em alguma matéria sobre saúde ou ouviu algum nutrólogo ou nutricionista dizer. Aí, qualquer dúvida dá para fazer uma consulta rápida… Vamos fazer a apresentação em duas partes: nesta primeira seção do artigo, você verá os termos técnicos mais comuns das letras A até F, ok? Aqui estão:

Ácido graxo: Unidade estrutural dos lipídeos. São formados por carbono, oxigênio e hidrogênio. Só para relembramos nossas aulas de química orgânica, eles são chamados ácidos porque possuem a função ácido (-COOH) na estrutura. Na outra extremidade, encontraremos um grupamento metil (CH3).

Seu átomo de carbono realiza quatro ligações químicas com outros átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. As ligações entre os carbonos podem ser simples ou duplas.

Por exemplo, em C-CH3 (há um átomo de carbono realizando ligações simples com carbono e três átomos de hidrogênio). Já em C=CH2 (há um átomo de carbono realizando ligação dupla com outro carbono e ligações simples com dois átomos de hidrogênio). Importante saber disso para entender os conceitos de ômega 3 e 6 e de gorduras saturadas e insaturadas, que serão explicados mais adiante.

Ácido graxo essencial: O conceito de “essencial” se refere aquilo que não pode ser produzido pelo organismo em quantidade e velocidade adequada para atender às necessidades orgânicas. Por esse motivo, um nutriente essencial é aquele precisa estar presente na dieta, obrigatoriamente.

Ácido graxo da série ômega-3: É aquele que possui a primeira dupla ligação (contada a partir da extremidade metil-CH3) entre os carbonos 3 e 4. Veja a estrutura do ácido alfa-linolênico :

CH3-CH2-CH=CH-CH2-CH=CH-CH2-CH=CH-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-COOH.

Além do alfa-linolênico pertencem à série ômega 3 os ácidos eicosapentaenóico (EPA) e docosaexaenoico (DHA).

Ácido graxo da série ômega-6: É aquele que possui a primeira dupla ligação (contada a partir da extremidade metil-CH3) no carbono 6 e 7. Veja a estrutura do ácido linoleico:

CH3-CH2-CH2-CH2-CH2-CH=CH-CH2-CH=CH-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2- COOH

Além do linoleico, outro ácido ômega 6 importante é o araquidônico (AA).

Alimentos funcionais: São alimentos ou ingredientes que, além das funções nutricionais básicas, oferecem benefícios à saúde.

Aminoácidos: são compostos de nitrogênio, oxigênio, hidrogênio e carbono, unidades básicas estruturais das proteínas. É a combinação deles que forma os peptídeos (com poucos aminoácidos) e as proteínas (muitos aminoácidos). Existem mais de 300 na natureza, mas 22 deles (em diferentes combinações) se encontram nas proteínas. Costumamos dizer que eles são como as letras do alfabeto e dependendo de como o organismo as junta (baseado naquilo que está especificado pelo código genético) formam as palavras (as proteínas) que exercem funções específicas. Há aminoácidos ditos “livres” que, embora não componham proteínas, exercem atividades importantes.

Aminoácido essencial: Precisa estar presente na dieta. No caso dos aminoácidos, isso é conseguido através da inclusão de fontes proteicas ricas nestes aminoácidos essenciais que, para cães são dez e, para gatos, onze. São eles: arginina, histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano, valina e taurina (felinos, apenas).

Aminoácido não essencial: Se uma apropriada quantidade de nitrogênio for fornecida na dieta dos pets, o organismo deles será capaz de sintetizá-lo. São doze: alanina, asparagina, aspartato, cisteína, glutamato, glutamina, glicina, hidroxilisina, hidroxiprolina, prolina, serina e tirosina.

Anabolismo: É a parte do metabolismo em que ocorre a “construção”, ou seja, o conjunto de reações que leva à síntese de substâncias mais complexas a partir de outras mais simples e que demanda energia. A síntese de proteínas a partir dos aminoácidos, por exemplo, é uma reação anabólica.

Antioxidantes: Enquanto ocorre a respiração celular, os processos de defesa do nosso sistema imunológico, a destoxificação no fígado, nosso organismo consome oxigênio e radicais livres são produzidos. Estes compostos são altamente reativos e podem lesar DNA, por exemplo. Para evitar esses efeitos deletérios nosso organismo tem um elaborado sistema antioxidante. Alguns nutrientes, como as vitaminas C e E, são antioxidantes naturais e minerais como o selênio, por exemplo, podem fazer parte de enzimas (como a glutationa peroxidase) que participam deste sistema.

Carboidratos: é a classe de nutrientes composta por carbono, hidrogênio e oxigênio. Compreende os monossacarídeos- que contém apenas uma unidade formada por 3 a 7 carbonos- e onde estão incluídas a glicose, a frutose (açúcar presente nas frutas) e a galactose; os dissacarídeos que são a união de duas dessas unidades e incluem a lactose (açúcar do leite), a maltose e a sacarose (açúcar de cana); e os polissacarídeos que são carboidratos mais complexos, formados pela união de vários monossacarídeos. O amido é um exemplo.

O carboidrato complexo, consumido pelo animal, passará pelo processo digestivo, onde será hidrolisado (“quebrado”) em unidades menores capazes de serem absorvidas e utilizadas pelo organismo como fonte de energia (no metabolismo).

Catabolismo: É a parte do metabolismo em que há desconstrução, ou seja, em que moléculas maiores são transformadas em outras menores para a geração de energia. Por exemplo, proteína sendo “degradada” a aminoácido.

Energia (calorias): Para manter-se, o organismo precisa de energia. A energia não é um nutriente, mas propriedade de três nutrientes (proteína, lipídeos e carboidratos). Durante o catabolismo, eles são “desconstruídos” e liberam energia necessária para que o corpo funcione adequadamente. Sua produção gera calor e, é dessa forma que ela é mensurada: uma caloria é a quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de água de 14,5 para 15,5ºC (ou seja, em 1ºC). Com esta unidade de medida é muito pequena, em nutrição usamos Kcal (quilocalorias que é igual a 1caloria x1000).

Enzimas: quase toda a enzima é uma proteína. Elas catalisam as reações químicas importantes para o funcionamento orgânico. Por exemplo, a obtenção de energia a partir da hidrólise (“quebra”) da sacarose (açúcar da cana) é um processo que libera energia, mas se pararmos pra pensar, um pote de açúcar pode permanecer muito tempo na prateleira sem que ele sofra muita alteração, não é?
Dessa forma, para que a transformação de sacarose em (glicose+frutose) seja acelerada no organismo há a ação de uma enzima (sacarase). Ocorre o mesmo em outras reações químicas orgânicas.

Fibras: Também são carboidratos (presentes na parede celular dos vegetais, como a celulose, a hemicelulose, a pectina), mas apresentam um tipo específico de ligação química que não pode ser hidrolisada (“quebrada”) pelas enzimas dos mamíferos. No entanto, as bactérias presentes na microbiota intestinal podem aproveitar certos tipos de fibras, produzindo substâncias como os ácidos graxos de cadeia curta (acético, propiônico e butírico) que podem ser benéficos para a saúde intestinal. Os graus de fermentabilidade variam de acordo com o tipo de fibra e o equilíbrio delas na dieta é fundamental.

O que significa (…)? – Parte 2

Adriana Aquino
Médica Veterinária, Dra. em nutrição de cães e gatos.