Dermatofitoses
(FUNGOS DERMATÓFITOS)
AS DERMATOFITOSES que nada mais são que as dermatoses causadas por fungos, são doenças da pele cujo agente causal é um fungo, também denominado cogumelo, sob cujo nome incluem-se os bolores e as leveduras, organismos inferiores do reino vegetal.
A Ciência que estuda tais organismos vivos, é a MICOLOGIA, que é um ramo da Microbiologia, esta última estudando também, além dos cogumelos e bolores, também as bactérias, protozoários e os vírus: MICRÓBIOS de uma maneira mais ampla, como eram todos esses seres vivos antigamente e mesmo nos dias de hoje, denominados pelo povo.
Os franceses empregam para os cogumelos a expressão “champignon”, usando também a mesma palavra para designar os fungos comestíveis; Em espanhol usa-se a designação hongo, e na língua inglesa as expressões yeast para levedura e mold para bolor. Os alemães designam os cogumelos tanto por Pilze como Hefepilze.
Na MICOLOGIA são estudados os fungos e bolores sem a preocupação de separá-los em benéficos e maléficos, pois incluem-se entre os mesmos seres responsáveis inclusive pela fermentação das bebidas alcóolicas, e mesmo para a produção de substâncias químicas utilizadas como medicamentos, como os antibióticos; No entretanto, sendo o nosso propósito apenas as doenças que os mesmos podem causar, serão tais seres agrupados num sub-ramo, que denominaremos de MICOLOGIA MÉDICO VETERINÁRIA.
Na classificação de Engler e Gilg (Syllabus der Pflanzen-familien), mundialmente aceita pelos botânicos, que agrupa o reino vegetal em XIII divisões, os cogumelos estão compreendidos entre os Schizophyta (grupo I), e os Eumycetes (grupo XI), incorporando portanto nove divisões do reino dos vegetais, o que por si diz da magnitude e diversidade desses seres.
A Micologia geral, estuda esses seres vivos em seus aspectos genéricos comuns, tanto em seus caracteres morfológicos como em suas propriedades biológicas; A Micologia industrial investiga seus agentes de interesse industrial, como aqueles responsáveis pelas fermentações, das quais tem origem as bebidas alcoólicas como a cerveja, o vinho, o Whisky, a cachaça, e os diferentes tipos de álcoois, e produtos de aplicação terapêutica, como os antibióticos, as vitaminas do complexo B e mesmo em química, onde são tais seres utilizados na obtenção da glicerina, ácido cítrico, ácido glucínio, ácido láctico, ácido gálico e ácido fumárico, entre outros. A Micologia agrícola estuda-os sob o ponto de vista de produtores de doenças em outras plantas, e também como fertilizadores do solo, pois importantíssimos processos desempenham os mesmos na degradação de substâncias orgânicas, possibilitando assim aproveitamento posterior por outros vegetais, como nutrientes. Estuda-os a Micologia dos alimentos, principalmente em lacticíneos, pois também colaboram na fabricação de determinados derivados do leite, desde simples queijos até elaborados Iogurtes, Kefires e Qualhadas.
As Dermatofitoses, também denominadas Dermatofícias, vul-garmente chamadas de TINHAS E EMPIGENS, são causadas por fungos do grupo dos Dermatófitos. Tais seres possuem um biotropismo especial para os tecidos de estruturas queratinizadas, como o são os pêlos, unhas e mesmo a pele, raramente parasitando células vivas, como as do tecido sub cutâneo.
São, sob o ponto de vista epizootiológico, distribuídos em três categorias:
ANTROPOFÍLICOS – Primariamente patogênicos para o homem, e ocasionalmente transmissíveis aos animais.
ZOOFÍLICOS – Parasitas de animais, sendo contudo, capazes de determinar micoses no homem.
GEOFÍLICOS – Dermatófitos existentes no solo e que, sob determi-nadas condições, podem parasitar os animais e o homem.
Três gêneros principais, são os causadores das Dermatofitoses:
MICRÓSPORUM – TRICHOPHYTON – EPIDERMOPHYTON
Sendo as dermatofitoses, zoonoses de fácil disseminação, consti-tuindo-se portanto em problema de Saúde Pública, todos os esforços deverão estar centrados nas medidas de prevenção de sua difusão, não só de animal para animal, como deste para o homem.
As medidas básicas preventivas baseiam-se no diagnóstico específico, isolamento dos animais infectados e redução ao mínimo do contato homem – animal. Deve-se ter sempre em mente, que os ambientes freqüentados por animais infectados estão também contaminados; Assim, para evitar-se a reinfecção dos animais tratados ou a transmissão da doença aos animais sadios, e mesmo ao homem, é imperiosa a higienização cuidadosa de tais ambientes, antes do alojamento nesses locais, de novos animais.
TRATAMENTO – Dependerá para sua eficácia, de ser previamente diagnosticado o gênero e espécie causal da doença, pois para cada tipo e agente causal, existem fármacos mais eficientes.
MICOSES EXCLUSIVAS DOS PÊLOS
P I E D R A – Também chamada de Tricomicose dos estudantes, ou Moléstia de Beigel, é infeção de natureza fúngica, que ataca principalmente os pêlos do couro cabeludo. É benigna, mas de transmissão fácil, caracterizando-se por apresentarem-se os pêlos parasitados com nódulos de coloração esbranquiçada, de consistência dura e fortemente aderentes, dando a sensação de pequenas pedras quando se passa o pente nos cabelos. Existem dois tipos fun-damentais: A Piedra preta e a Piedra branca, distintas quer pelos agentes causais, que são diferentes, como também por sua distribuição geográfica e epidemiológica; A Piedra preta, causada pelo cogumelo Piedra Hortai, e a variedade branca pelo Trichosporum Beigelii.
Tal denominação (PIEDRA), ocorreu na Colômbia, daí sua grafia em castelhano, porém é também denominada de Tinea nodosa, Tricomicose nodosa e Tricomicose nodular. A variedade branca aparece esporadicamente, sendo pouco contagiosa; Entretanto, a variedade preta tem maior poder de propagação, podendo permanecer visível durante muito tempo, e atacando também a barba.
Os pêlos das axilas e raramente os pêlos pubeanos, podem também ser atacados pela Tricomicose nodular, passando muitas vezes desapercebida, por não causar o corte dos pêlos atacados, e apresentarem-se com colorações diferentes: amarela, vermelha e preta, daí as denominações de flava rubra e nigra.
T I N E A C A P I T I S – É infeção predominantemente de crianças em idade escolar, difundindo-se com relativa facilidade, devido sua contagiosidade grande, sendo infeção tanto dos pêlos como da pele, atacando na região do couro cabeludo. Dividem-se nos seguintes tipos:
TINHA FAVOSA – (FAVO OU FAVUS) – Também chamada de Tinha Lupinosa, pode atacar também as mucosas, estas porém raramente.
Já também assinalada em unhas, em regiões rurais pobres; As lesões são características: o fungo determinando o que se chama godet, formação ao nível do orifício folicular, sendo umbelicado, atravessado por um pêlo de cor amarelada e de consistência friável. De início, determina foliculite (inflamação do folículo piloso), e posteriormente os esporos lesando o folículo piloso, dá formação ao chamado godet fávico, com o pêlo implantado no meio. O cheiro que exala da lesão é comparável ao de uma ninhada de camondongos. Sobrevindo a cura, devido a atrofia cicatricial com a perda de pêlos, processa-se então a alopécia pós fávica, simulando pelada.
TINHAS TONSURANTES – Estas determinando placas de tonsura, compreendendo: a TINHA TRICOFÍTICA (ou TRICOFITÍA), e a TINHA MICROSPÓRICA (ou MICROSPÓRIA). Estas enfermidades nos homens, são causadas entre nós, predominantemente por uma variedade animal do Microsporum canis, semelhante ao M.felinum, respectivamente parasitas do cão e do gato.
Para o tratamento destas últimas, a roentgenterapia epilatória, ou seja, aplicação do RaioX, têm sido o de melhor resultado.
O T O – M I C O S E S
Estas, constituem-se em manifestações relativamente freqüentes, tanto em animais, como no homem, e nada mais sendo que uma inflamação do conduto externo do ouvido, causada por fungos.
A sintomatologia é a mais diversa, dependendo da região do ouvido atacada; Começa quase sempre por simples prurido na região externa do canal auricular, e quando não tratada, evoluindo até o tímpano, acompanha-se então por perda de audição, devido o acúmulo de secreção que acarreta, e sinais dolorosos; Pode progredir até o ouvido médio, e então as conseqüências podem ser graves, e dessa região do ouvido continuar mesmo ao ouvido interno, com sintomas que podem simular sintomas neurológicos, devido a proximidade do cérebro.
Os fungos mais freqüentemente encontrados nessas infeções, são do gênero Aspergilus, grupos glaucus, niger e fumigatus. Além destes, também dos gêneros Penicilium, Scopulariopsis, Mucor, Rhizopus e Cândida. Muitas vezes associam-se ainda bactérias, principalmente do gênero Pseudomonas, espécie ” P. eroginosa”, com complicações ainda mais graves.
Para o tratamento dessas afeções, além da identificação do agente causal, que é efetuada por coleta de material do local, e sua semeadura em meios de cultura apropriados, e posterior identificação pelas características próprias de cada espécie, cuidados especiais são necessários por parte do clínico, com avaliação criteriosa dos vários fatores envolvidos.
Médico Veterinário - crmv-sp-0442