Zoonoses
As Zoonoses são infecções e doenças que podem ser adquiridas em contato com animais de estimação como cachorro, gato e passarinho, ou ainda, pela ingestão de carne contaminada de animais como o gado ou o porco. Outras doenças podem ser contraídas através do contato não desejado com ratos, moscas e baratas, principalmente através da ingestão de água ou alimentos contaminados.
Veja a seguir as mais comuns:
Larva migrans cutânea (bicho geográfico): A larva migrans cutânea é encontrada por toda parte onde se encontrem cães e/ou gatos infectados com ancilostomídeos, sobretudo A. braziliense e A. ceylanicum. O problema é mais frequente em praias e em terrenos arenosos, onde esses animais poluem e meio com suas fezes. Em muitos lugares, são os gatos as principais fontes de infecção. O hábito de enterrar os excrementos, tão característico desses animais, e a preferência por fazê-lo em lugares com areia, favorecem a eclosão dos ovos e o desenvolvimento das larvas. As crianças contaminam-se ao brincar em depósitos de areia para construção, ou nos tanques de areia dos locais destinados à sua recreação. Todos os animais domésticos devem ser tratados sistematicamente e com regularidade para prevenir-se as reinfeções.
Dipilidiose: a infestação por cestódios é extremamente comum em cães e, em menor extensão, em gatos. Os seres humanos podem tornar-se infestados com a forma adulta do cestódio (vermes chatos na sua forma) dipylidium caninum, em seguida à ingestão do hospedeiro intermediário, a pulga. Normalmente a infestação nos seres humanos exibe sintomas clínicos, ocorrendo com maior freqüência em crianças jovens.
Dirofilariose: acomete principalmente o cão doméstico, o gato e várias espécies de animais silvestres. Referidos vermes são classificados na Ordem Spirurida, superfamília Filaroidea, família Filariidae. Nesse gênero (Dirofilaria), foram já descritas várias espécies, entre as quais: Dirofilaria immitis (Leidy,1856), e a Dirofilaria repens (Railliet y Henry, 1911). Ambas em sua fase adulta localizam-se no coração, especialmente em sua porção direita, na artéria pulmonar, e raramente outros vasos hemáticos e órgãos. A dirofilariose humana é raramente reconhecida, sendo causada por êmbolos de larvas mortas do parasita nos pulmões. os êmbolos larvais são revelados radiograficamente como nódulos e, embora a moléstia seja freqüentemente assintomática, requer biópsia cirúrgica e avaliação histológica, para a confirmação do diagnóstico e eliminação de condições mais sérias.
Toxoplasmose: a infecção com o parasita protozoário toxoplasma gondii ocorre numa série de animais de sangue quente, mas a família dos felídeos parece ser o único hospedeiro definitivo (único hospedeiro onde ocorre o ciclo sexual do parasita). os gatos se tornam infectados após a ingestão de animais caçados, ou de carne crua contendo os trofozoítos. Após a infecção, os gatos excretam oocistos em suas fezes durante uma ou duas semanas. os oocistos se tornam infectantes em dois ou três dias, e podem sobreviver no ambiente por diversos meses. a infecção humana ocorre com a ingestão de trofozoítos na carne crua ou mal cozida, Ingestão de oocistos provenientes das fezes de gato, e pela via transplacentária. A infecção raramente produz moléstia clínica em seres humanos adultos, a menos que estejam imunocomprometidos. A infecção congênita do feto humano através da transmissão placentária representa a maior ameaça aos seres humanos. a infecção congênita pode levar a uma grave moléstia por ocasião do nascimento, e as afecções oculares, mais tarde, durante a vida do indivíduo. alguns cuidados durante a gravidez: ao manusear carnes cruas, verduras ou fezes de animais, convém uso de luvas.
Leptospirose: A lepstospirose e enfermidade endemica, bastante comum em épocas de chuvas. É uma doença causada por bactéria, a LEPTOSPIRA ssp, afetando a maior parte dos animais inclusive o homem. É transmitida através da urina, água e alimentos contaminados pelo microorganismo, pela penetração da pele lesada, e pela ingestão. O cão e outros animais como por exemplo rato, bovino e animais silvestres também podem contrair a doença e transmiti-la.
Campilobacteriose e salmonelose: Cães e gatos podem abrigar campylobacter jejuni e uma série de espécies não-tifóides de salmonella. Infecções com estas bactérias em cães e gatos nem sempre cusam moléstias clínica, e têm sido isoladas das fezes de animais sadios. A maior parte dos casos de enteropatia (problema intestinais) humana causada por estas bactérias não está associada à exposição a animais de companhia. os profissionais devem aconselhar os donos de animais que todas as fezes, e em especial as associadas com diarréia, devem ser manipuladas com cuidado, e eliminadas de modo a impedir a potencial exposição humana.
Dermatomicose: a transmissão direta de microsporum canis de cães e gatos de fato ocorre. até 30% dos casos de “tinha” humana em áreas urbanas foram associados a contato direto com animais. os proprietários dos animais devem ser aconselhados a lavar bem as suas mãos, após a manipulação de cão ou gato infectado, e a não permitir que seus filhos brinquem com os animais, até que o tratamento tenha resolvido a moléstia.
Esporotricose: esporotricose é uma moléstia fúngica cutânea ou linfocutânea crônica causada por sporothrix schenckii, cães, gatos, e seres humanos são suceptíveis à moléstia, que geralmente está associada a feridas traumáticas, penetrantes. relatos recentes indicam que os cães infectados podem transmitir diretamente a infecção para os seres humanos. Devido a estes achados, gatos com esporotricose devem ser manipulados com luvas, até à resolução do processo.
Raiva: A raiva é uma doença provocada por vírus, caracterizada por sintomatologia nervosa que acomete animais e seres humanos. Transmitida por cão, gato, rato, bovino, eqüino, suíno, macaco, morcego e animais silvestres, através da mordedura ou lambedura da mucosa ou pele lesionada por animais raivosos. Os animais silvestres são reservatório primário para a raiva na maior parte do mundo, mas os animais domésticos de estimação são as principais fontes de transmissão para os seres humanos.
Teníase e Cisticercose: Verminoses frequentes em nosso meio causadas pela Tênia, ou “solitária”, como é popularmente conhecida, são transmitidas através da ingestão de carne e derivados de porco e/ou de vaca, ou outro alimento contaminado.
Dengue e Febre Amarela: A dengue é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Ele é escuro, com listras brancas, menor que um pernilongo. Tem por hábito picar durante o dia e se desenvolve em água PARADA e LIMPA.
Ao picar uma pessoa, o mosquito inocula sua saliva contaminada com o vírus responsável pelo desenvolvimento da dengue. Na dengue clássica ocorre febre alta com duração de 5 a 7 dias, manchas na pele, dores de cabeça, olhos, articulações e músculos. Na dengue hemorrágica, mais grave e rara que a forma clássica, ocorre febre alta, hemorragia na pele, olhos e órgãos internos. Metade dos casos hemorrágicos evolui para a morte.
A Febre Amarela se origina em regiões de mata, através da picada de mosquitos silvestres. A doença pode ser trazida para as cidades por pessoas que vão para as áreas de mata, a trabalho ou a passeio, e voltam doentes. Na cidade, esta pessoa doente é picada pelo mosquito aedes que transmitirá a doença quando picar uma pessoa sadia.
Os sintomas são febre alta, dor de cabeça, calafrios, prostração, náuseas, vômitos negros, hemorragias e coloração amarelada da pele e mucosas. Metade das pessoas que contraem febre amarela morrem. A prevenção se faz com a vacina contra febre amarela aplicada 10 dias antes de viajar de férias ou a trabalho para áreas de mata fechada.
Doença de Lyme: descoberta nos Estados Unidos há 15 anos, ainda é pouco conhecida no Brasil. Pode se tornar problema de saúde pública em futuro próximo pois já existem casos recentemente confirmados na região da Grande São Paulo.
Baratas : As baratas estão entre os insetos que encontramos a toda hora e que pouco sabemos sobre os riscos que eles acarretam para a nossa saúde. Existem cerca de 3.500 tipos de barata. A mais conhecida e comum no meio urbano é a barata de esgoto, ou francesinha. Transmitem micróbios que causam infecções respiratórias e intestinais. Suas fezes e suas cascas secas podem causar alergias.
Na época das chuvas, elas procuram abrigo em lugares quentes, úmidos e escuros, dentro dos prédios, nos cantos dasparedes das casas, nas frestas de madeira, nos armários, gavetas, fornos, ralos e depósitos. Estão sempre em busca de alimentos em lixos e esgotos. Ao transitar por locais limpos contaminam os alimentos, louças, pratos, talheres e copos.
Deixe sempre o alimento protegido, não guarde comida sem tampa nos armários, principalmente doces e bolachas. Dê preferência aos inseticidas acondicionados em armadilhas que atraem as baratas para dentro delas. Não contaminam o meio ambiente e são eficientes para acabar com elas.
Moscas: O lixo é o principal responsável pelo aparecimento das moscas, devido a grande variedade de resíduos que servem para sua alimentação.
Depositam bernes e bicheiras nos locais onde posam. Transmitem doenças respiratórias, infecções e alergias. Lave os utensílios de cozinha e da copa antes de usá-los, da mesma forma proteja os alimentos. Lave as frutas antes de comê-las.
Histoplasmose: É provocada por fungos encontrados em fezes secas de passarinhos, pombos e morcegos. A contaminação geralmente ocorre através da inalação ou respiração do ar contaminado com as fezes desse animais, ao fazer limpeza ou ao adentrar locais por eles habitados.
A doença é de evolução crônica tanto nas crianças como nos adultos. Se manifesta através de febre, gânglios ou “ínguas” no pescoço, virilha ou debaixo do braço, infecção pulmonar, úlceras na pele, anemia e diminuição do número de células brancas do sangue responsáveis pela defesa contra infecções.
Medidas preventivas:
Ao limpar galinheiros, pombais e outros locais que contenham fezes secas de aves ou morcegos, utilizar máscaras protetoras, ou um pano úmido cobrindo o nariz. Umidecer as fezes antes de removê-las, para evitar a poeira que elas provocam e assim diminuir o risco de contaminação.
Máscara ou pano úmido também devem ser utilizados ao se visitar túneis, cavernas e minas habitadas por morcegos.
Pulgas e ácaros de sarna: a sarna canina e felina, e pulgas têm um grande potencial zoonósico. A dermatose associada a pulgas ou ácaros de sarna em seres humanos é geralmente autolimitante, mas pode voltar se não for curado o animal ou não for feita a higiene adequada do ambiente.
Bibliografia:
Prefeitura Municipal de São Paulo
Secretaria da Saúde – Centro de Controle de Zoonoses
Zoonoses, que bicho é esse?, 1995.
Ministério da Saúde
Fundação Nacional de Saúde, Centro Nacional de Epidemiologia – CENEPI
Gerência Técnica de Febre Amarela e Dengue, 1995.
O Médico da Família
Nova Cultural, 1994
Animais Peçonhentos
Bruno Soerensen – 1990
Diretora de Conteúdo e Editora chefe