Saúde Animal

Saude Animal

Saúde Animal

A Postura Ética do Juiz de Exposição




caes_logo

A filosofia de vida, aprendida com os cães, me impede de teorizar sobre o que os outros devem ou não fazer.

Sou absolutamente avesso a qualquer código de ética como regra de comportamento e postura.

Aliás, meu posicionamento perante a sociedade deste fim de século, do jeito que se apresenta agressiva, ameaçadora e até violenta é de muita preocupação.

Minha atitude relativamente aos cães é essencialmente canina.

Nós, humanos, admiramos os cães pelo seu altruísmo, ausência de revanchismo e franqueza. Por isso sou franco até demais (segundo nós humanos).

Os árbitros, Juizes, apresentadores, proprietários, criadores e cinófilos são, na realidade, todos iguais, mas insistimos em nos segregar e sempre almejar uma posição acima do restante.

A Proposta

é de divulgar minha experiência com os cães ao longo do meu trabalho profissional como Etólogo.
De forma alguma tenho a pretensão de opinar sobre qual deveria ser o comportamento de meus colegas.
Considero uma questão de foro íntimo e estou fazendo este trabalho com objetivo de informar para permitir que cada um possa determinar, para si, o próprio comportamento.

O Conceito de Bondade e de Amizade.

Uma pessoa boazinha é aquela que faz concessões, favores, dá sua própria camisa para aquecer um companheiro etc.
Um amigo nosso está em apuros financeiros. Tentou levantar empréstimos bancários que lhe foram negados.
Envolveu-se com agiotas. Empenhou seus pertences para sustentar a família e nos pede um empréstimo amigo.
Nós temos condições financeiras para fazê-lo.
Vamos retirar nossas economias dos investimentos para emprestar-lhe… mas, se lhe pedirmos que assine promissórias e lhe cobrarmos, para não perder, os mesmos juros bancários que estávamos recebendo dos investimentos, somos imediatamente taxados de sovinas ou outros apelidos mais enegrecedores.
Um amigo sempre acha que o dinheiro da amizade vale menos que o de um negócio normal. Se pedirmos que assine um documento vai imediatamente perguntar se desconfiamos dele.
A mãe boazinha é aquela que tem um filho e que tem uma festa que vai das seis às nove horas, mas ela tem um compromisso exatamente às nove.
Como ela é boazinha, propõe a seu filho levá-lo à festa se prometer sair às oito horas em ponto.
Ora, para ir à festa o Paulinho vai prometer tudo e a mãe boazinha sabe disso.
O Paulinho chega na festa as seis e quinze, porque atrasou, leva cerca de meia hora para se ambientar com os colegas e, às sete horas, está no melhor da diversão. A mãe boazinha, que estava conversando com uma amiga, diz para ela: “Já são sete horas, está na hora de começar a chamar o Paulinho, dá licença!”

– Paulinhoooo! Está na hora!

– Ah! Mãe, só mais um pouquinho!

A mãe boazinha vai lhe conceder mais meia hora do tempo que já era dele.
Passada a meia hora a mãe boazinha volta a atacar.
O Paulinho vai pedir mais quinze minutos, depois só mais um minuto e ele só sairá da festa debaixo de pancada e xingado de malcriado.

Dar ao cão dum amigo o primeiro lugar numa exposição em detrimento de outro exemplar melhor é, na realidade, enganar meu amigo. É prejudicar a criação do seu canil. É fazê-lo acreditar numa inverdade. É não ser amigo.
Quando uma entidade cinófila me convida para julgar uma exposição, é porque os associados estão interessados na minha opinião.

A exposição enche.

No final de cada julgamento o Árbitro vai, com certeza agradar os vencedores, mas esquece que o número de perdedores é sempre muitíssimo maior.
Os handlers são profissionais que vivem dos resultados. Dar-lhes a certeza que vencerá o melhor é dar-lhes a certeza das regras do jogo. Certamente procurarão escolher sempre exemplares melhores para conduzir.

O conceito de Erro.

Quando uma pessoa acerta a solução diante de um problema é porque conseguiu equacionar todos os seus erros anteriores para não cometê-los numa próxima vez.
Não aprendeu nada. Só se aprende com os erros.
As características do ser humano são as do cientista, é preciso prestar atenção aos erros para que possam ser corrigidos na próxima tentativa.
Nenhum mecânico consegue consertar um motor se não souber onde está o defeito.
Um cão nunca faz coisas erradas porque não tem esse conceito de erro.
Se nós aprendêssemos a valorizar o correto no lugar de valorizar os erros, seríamos todos muito mais felizes, com certeza.
Nós só sabemos ensinar aos cães, coisas erradas.
O erro para nós tem um valor imenso enquanto que o acerto nada mais é do que obrigação.
Um exemplo: estamos, em casa, realizando um importantíssimo trabalho, do qual não podemos desviar a atenção por um segundo sequer. Nosso estimado cão deita-se ao lado para nos fazer companhia. Nós achamos ótimo, mas não podemos dar-lhe a mínima. Se ele ficar quietinho não estará fazendo mais do que sua obrigação.
Passadas meia hora, quarenta minutos, o cão, não obtendo nossa atenção porque estamos ocupadíssimos, se cansa, levanta, se espreguiça, anda de um lado para o outro e nós,… nada. Continuamos ocupadíssimos.
Aí o cão vê, embaixo de nossa cama, um par de chinelos e os acha interessante.
Assim que ele pega o chinelo na boca, tudo aquilo que era importantíssimo perde, instantaneamente, sua importância e saímos atrás dele para pegar o chinelo de volta. Como ele não chegou a estragar o chinelo, nós zangamos, um pouquinho, com ele: Ai! Ai! Ai! Não faça mais isso.
Ora, quem já viu uma ninhada, sabe que a brincadeira deles é de luta, zangando uns com os outros, e que jamais resulta em ferimento.
Pronto! Acabamos de ensinar ao cão que, para brincar conosco, basta pegar o chinelo.

A Missão do Árbitro

Porque se tiram os melhores de cada classe, de cada raça, de cada grupo e da exposição?
Uma exposição de criação, definição mais usada pelos clubes especializados na Europa, tem a função precípua de avaliar o plantel de cada raça e orientar a criação, tanto faz seja ela de cães, de bovinos, caprinos, eqüinos ou qualquer outra espécie. Fazem-se até exposições de plantas, flores, e criação de pássaros e peixes.
A missão de um arbitro é arbitrar. Atribuir valores de acordo com os parâmetros estabelecidos por uma norma. Emitir um conceito de cada exemplar, seja ele escrito (súmula), verbal ou mesmo mental para, finalmente, qualificá-lo.
Em cinofilia qualifica-se um exemplar, utilizando o padrão da raça como parâmetro, para julgar, por meio do conhecimento das normas estabelecidas neste padrão em: quase perfeito, muito próximo, próximo, com algumas discrepâncias e sem as características mínimas da raça.
Adotou-se então, para externar uma avaliação e uniformizá-las em todo o território nacional termos como: Excelente, Muito Bom, Bom, suficiente e insuficiente ou desqualificado.
O cuidado com esses valores deve ser de extrema cautela e máxima responsabilidade. A atribuição desses valores é o termômetro do expositor para saber a quantas anda a sua criação.
É para isto que um expositor submete seu cão à avaliação de um árbitro.
A classificação, importa muito pouco numa exposição e terá sua importância de acordo com o número de exemplares apresentados. Quando se apresentam três ou quatro animais qualificados como excelente somente um vai se classificar em primeiro lugar. Perder ou ganhar é uma questão absolutamente secundária.
Se o padrão da raça, estabelece parâmetros palpáveis, não subjetivos ou passíveis de interpretação, tais como: altura na cernelha, mordedura, dentadura, proporção crânio-focinho, cores aceitas ou recusáveis etc. devem ser rigorosamente seguidas pelo árbitro que deve fazer cumprir as normas.
Um árbitro absolutamente não tem direito de ter gosto pessoal durante seu julgamento, sequer ficar com peninha de certo exemplar ou apresentador e muito menos deixar-se influenciar por apresentadores profissionais que conhecem, por profissão, tanto o regulamento, quanto os padrões das raças que apresentam.
A preocupação principal, numa pista de exposição, é passar segurança aos expositores!
Faço questão de revelar minha experiência, adquirida em conversa com meus clientes que se interessam em levar seus cães para uma exposição. Os expositores trazem seus cães mais para obter uma avaliação competente e ouvir conselhos, do que para ganhar. Raro é o expositor principiante que pretende vencer uma disputa. Mas ele tem esperança, por isso gosto de fazer súmulas e, entre o julgamento de cada raça, converso e esclareço as dúvidas dos expositores.

Algumas informações úteis:

Psicologia da Percepção Visual

O fenômeno da visão depende de três fatores, sem um dos quais, deixa de existir:

– fonte de luz,
– objeto,
– sistema de percepção visual.

A fonte de luz emite feixes que, colidindo com os objetos, refletem-se, mudam de direção e atingem a retina do olho.

Percepção das Formas

O sentido da visão influencia e é influenciado pela audição, paladar, tato, olfato e, principalmente, pelos componentes psicológicos, responsáveis pela formação da simbologia visual. O que significa dizer que um mesmo objeto, observado por pessoas diferentes, poderá produzir reações diferentes, dependendo do ambiente que o acolhe, da simbologia que representa, das ilusões ópticas provocadas por sua forma, da canalização de interesse do observador, da cultura, preconceito e nível de informação relativa ao objeto.

Audição – Imagine uma mulher com voz de homem, um cavalo que fala ou a falta do ruído ao final da queda de uma travessa de cristal.

Paladar – Os comerciais de televisão utilizam, em larga escala, a imagem que dá “água na boca” para vender comestíveis.

Tato – Quantas vezes você já leu um cartaz com a inscrição: veja somente com os olhos; é proibido tocar os objetos expostos. Há uma necessidade, quase irresistível, de tocar os objetos expostos num museu ou durante a escolha de artigos numa loja, para complementar a informação visual.

Olfato – Que tal uma torta de chocolate com cheiro de peixe?

Ambiente – Um cálice de vinho vermelho, servido num jantar, nos impressiona de uma forma diferente da que, o mesmo cálice, apresentado sobre um altar e, mais diferente ainda se apresentado num ambiente de rituais de magia negra, sobre um pedestal forrado com uma toalha de veludo vermelho, bordada em ouro, na penumbra e iluminado por um facho de luz amarelada, vindo do teto.

Simbologia – Uma gota de tinta vermelha, escorrida no braço duma pessoa, transmite uma sensação diferente da de uma gota de tinta azul. Um hospital pintado de vermelho ou um quartel do Corpo de Bombeiros em azul claro pareceriam totalmente ilógicos.

Ilusões ópticas – A influência, de uma forma sobre outra, pode falsear a percepção, mesmo que tenhamos conhecimento da realidade: mágica.
O estudo desenvolvido pela teoria gestaltista, que nega a interferência da informação na percepção das formas, possibilitou o desenvolvimento da tese, em oposição a Psicologia da Forma, do gestaltismo clássico de Max Wertheimer, Wolfgang Koehler, E. Rubin, Kurt Kofka e outros.

O interesse despertado – Se três pessoas; um estilista de modas, um fabricante de sapatos e outro, cabeleireiro; forem a um mesmo show, cada um canalizará a observação para a sua área de interesse.

Cultura – Um arco e flecha, um violino e um microcomputador, serão percebidos, por um índio primitivo, de uma maneira e, por um cidadão suíço, de outra.

Preconceito – Um frasco contendo um líquido cristalino será percebido, pela mesma pessoa, de várias formas diferentes dependendo do rótulo: ÁGUA PURA, H2SO4, ÁGUA BENTA DE LURDES, LÁGRIMAS DE CRISTO ou VENENO. A impressão que um homem maltrapilho e sujo nos causa é diferente da que nos causaria o mesmo homem, limpo, muito bem barbeado e elegantíssimo.

Informação – Um caminho, pelo qual já passamos umas quatro ou cinco vezes, causa uma sensação bem diferente daquela que causaria um caminho estranho. Um desconhecido batendo em nossa porta com uniforme dos Correios causa uma sensação e um desconhecido com uniforme da Polícia…

O que os olhos não vêm o coração não sente.

Quase todos são categóricos ao afirmar que gosto, religião, política e futebol não se discute. Entretanto poderíamos discutir parte dessa realidade sem tentar contestá-la.
Se, na premissa, pudermos compreender que cada indivíduo traz uma bagagem genética diferente (impressão digital, características fisionômicas, altura etc.) aceitaremos, também que, parte dessa bagagem, é oculta e corresponde estrutura biológica das vísceras.
O cérebro, como parte das vísceras, coordena todo o nosso comportamento, desde as funções biológicas até as reações psicológicas, diante das informações captadas do mundo exterior.
Os órgãos dos nossos sentidos são as portas das vias aferentes dessas informações e os sentimentos são externados pelas vias eferentes, de acordo com informações eletroquímicas enviadas, pelo cérebro, aos músculos e às outras vísceras.
A memória arquiva, desde a concepção, as informações que irão participar da formação do nosso caráter, trabalhando sob o comando da nossa estrutura mental, que é bagagem genética, formando a nossa personalidade.
Para observar um cão sem permitir que os sentimentos interfiram na avaliação das suas qualidades e defeitos é necessário desenvolvermos nossos conhecimentos técnicos, nossa cultura cinológica e avaliarmos nossos sentimentos com relação ao grau de amizade, simpatia ou antipatia pelo cão ou pelo seu proprietário.
Na realidade, o conceito de amizade pode, também, ter uma outra óptica. Presentear um “amigo” com um prêmio imerecido seria, na minha opinião, uma atitude, no mínimo, pouco sincera porque iria enganá-lo fazendo com que, acreditando que seu cão tenha qualidades que, realmente, não tem, prejudique o aprimoramento de sua criação.
Uma súmula correta, enaltecendo as qualidades e mostrando os pontos, onde a criação poderia ser melhorada é a melhor maneira de servir a um amigo. Se esse “amigo” se ofender, não era amigo.
Ao examinarmos um exemplar de nossa propriedade corremos o risco de não levarmos em conta o corujismo e nos iludirmos, super valorizando suas qualidades e sub-avaliando os defeitos. Corremos o mesmo risco se nos propusermos a ser “mais justos que o rei” e procedermos de forma inversa.

Harmonia, Equilíbrio e Proporção

Palavras como beleza, harmonia, equilíbrio e proporção, muito utilizadas em arte, moda, cinofilia etc., são, na maioria das vezes, portadoras dum certo ar de mistério que posiciona o leigo, automaticamente, como incompetente para o conhecimento do belo por falta absoluta de parâmetros. Aí, são estabelecidas discussões monumentais cujo final resulta sempre num impasse: questão de gosto pessoal. É a famosa frase consoladora: ”que seria do azul se todos gostassem do amarelo?”
Beleza ou fealdade são conceitos formados através do aprendizado de parâmetros palpáveis, discutíveis e mutáveis. A beleza da mulher americana está, de tal forma, enraizada nos parâmetros “Marilyn Monroe” que a negra bonita deve ser parecida com uma branca.
No renascimento as mulheres de Tiziano retratam o padrão de beleza da época: gordas e peitudas. No Brasil de 1960 a mulher elegante deveria ser alta, magra e com seios bem pequenos. Nos concursos internacionais de beleza da mulher, “Miss Universo”, esses padrões obedecem à medidas de busto, cintura, quadris, coxas e tornozelos.
Em cinofilia, os padrões de beleza dos cães são escritos, depois de muitas discussões, avaliações e reavaliações, pelos criadores da raça, exatamente para reduzir, ao mínimo, a possibilidade de erros no julgamento, por parte dos árbitros de exposições.
Então, podemos concluir que beleza, ao contrário de ser uma questão de gosto pessoal, é a fidelidade máxima ao texto do padrão da raça e pode sofrer alterações, sempre que houver necessidade de adaptação a novos conceitos. Dessa forma, parte da beleza de um exemplar canino está no seu temperamento e no seu caráter. Existem raças cujo temperamento é tão importante que, para qualquer desvio do ideal, é recomendada a desqualificação do exemplar.

Harmonia

É comum ouvirmos que um cão é harmonioso. Quando pedimos explicação nos dizem que ele é harmonioso porque é bem proporcionado. Se insistirmos em nova explicação dizem que tem formas equilibradas… e aí desistimos admitindo nossa incompetência para assuntos cinófilos.
Harmonia é a ciência que tem por objetivo a formação de uma cadeia de combinações que guarda uma determinada relação que obedece à leis preestabelecidas.
Na música, harmonia é a ciência da combinação, formação e encadeamento de acordes que mantém uma relação lógica, matemática, entre os valores dos sons (número de vibrações por segundo, freqüência) dentro duma oitava (cada oitava seguinte tem o dobro do valor da freqüência da oitava precedente).
Nas artes visuais, harmonia numa composição é determinada por uma relação de proporção que poderá até ter sido criada pelo artista, como, por exemplo, o número de ouro 0,618; fornecido pelo rebatimento da diagonal de um quadrado sobre um dos lados, criado por Fibonaci. Esse valor foi utilizado até o século passado quando Piet Mondriaan, pintor suíço estruturado no abstracionismo concreto, estabeleceu novos valores que influenciaram toda a arquitetura moderna, inclusive a filosofia da Bauhaus, na arquitetura, escultura, teatro e dança.
Na cinofilia é a qualidade do cão, na qual, o corpo deve ter uma relação lógica e matemática de proporção métrica entre as partes, determinada pelo padrão de sua raça. Existem padrões que omitem muitos desses números, tornando o julgamento mais subjetivo e difícil para o árbitro.

Alguns desses números são:

Proporção crânio-focinho:
Doberman – 1:1;
Pastor alemão – 1:1;
Bóxer – 2:1;
Rottweiler – 3:2.

Proporção altura-comprimento:
Doberman – 1:1;
Skye Terrier – 1:2;
Pastor Alemão – 8,9%;
Husky – 10%;
Rottweiler – 15%.

Profundidade de peito:
Doberman – 50% da altura;
Pastor Alemão – 50% da altura;
Husky – 48% da altura;
Rottweiler – 48% da altura.

Equilíbrio

Outra dessas palavras terríveis para o leigo, importada do inglês balance, também muito usada como balanço ou balanceamento. “Angulações bem balanceadas”… Como se pode pesar angulações? Aí as explicações são inversas: é o cão bem harmonioso, proporcional etc.
Num cão em estação (parado com as quatro patas no chão), o equilíbrio de proporções é estudado através das alavancas cujo fulcro (ponto de apoio) está entre as duas forças.
Uma balança de pratos com 1 quilo de peso em cada um o fulcro fica no meio. Na outra, para haver equilíbrio, o fulcro é deslocado de modo que o lado direito do braço da balança seja o dobro do tamanho do braço do lado esquerdo.
Medir isto num cão e calcular esses valores para cada exemplar durante uma exposição seria, além de pouco prático, inteiramente impossível. Entretanto nos possibilita ter uma leve idéia de como é possível ver o equilíbrio das proporções de um cão.
Funciona mais ou menos como numa escola de arte. Aprender a ver é pura questão de exercício da observação e da memória visual.

Equilíbrio de Angulações

Como sabemos, o equilíbrio se dá quando os dois lados da balança têm o mesmo peso. Esse conceito de equilíbrio é válido, também, para valores diferentes do peso.
Uma pessoa equilibrada é aquela que sabe avaliar bem os prós e os contra duma questão.
Quando falamos de equilíbrio de angulações, nos referimos aos valores dos ângulos formados pelas articulações escapuloumeral e coxofemoral. Embora um cão apresente angulações desconformes com o padrão, poderá apresenta-las equilibradas se as posteriores forem proporcionais às anteriores.
Existem raças cujo padrão pede angulações anteriores mais abertas do que as posteriores, como os terrieres, por exemplo. Nesses casos, o equilíbrio se mantém verdadeiro quando a relação entre as angulações anteriores e posteriores é mantida, mesmo que os valores dos ângulos não correspondam aos estipulados.
Os valores das angulações são estudados pelos criadores das raças com a finalidade de melhorar o seu desempenho no trabalho, otimizando a movimentação, de acordo com a especialidade da raça.

AVALIAR é COMPARAR… e o PARÂMETRO é o PADRÃO DA RAÇA.

O melhor é o ideal… e o ideal é o PADRÃO DA RAÇA.

Nenhum cão poderá ser melhor que o padrão da sua raça porque, se o for, não estará de acordo com o ideal.
Quando os criadores descobrem que angulações mais fechadas ou mais abertas melhoram o desempenho do cão, para a sua finalidade, ou quando um focinho mais longo ou mais curto reduz a incidência de defeitos de mordedura, o padrão é imediatamente alterado.

O ideal será o novo padrão.

Resumo

Ao avaliar um cão, e isso não é nem deveria ser privilégio dos árbitros, mas também, de quem gosta de exposições caninas e, principalmente, de quem cria, é necessário observar alguns pontos importantes:

posicao_da_luz

1. Iluminação do ambiente.

Direção da luz: a fonte deverá estar SEMPRE ATRÁS do observador, no máximo acima, e mesmo assim, deve-se levar em conta que as sombras fortes modificam as formas do objeto observado. Se a fonte de luz estiver atrás do cão observado poderá modificar de forma radical a sua avaliação.

contraluzQualidade da luz: ter o cuidado de examinar o cão sempre durante o dia, preferencialmente nublado. No caso de iluminação artificial evitar as lâmpadas a gás de mercúrio ou iodo, luz fluorescente ou fraca. Os refletores ideais para a iluminação, tanto em exposições quanto nos locais de exame, são as de quartzo.

2. Apresentação.

Peça ao apresentador que posicione o cão no sentido da sua podle_contraluzleitura. Se você seguir o roteiro de exame descrito no capítulo 4 da técnica da observação, a cabeça deverá estar voltada para o lado esquerdo e a cauda para o lado direito.

3. Autoconfiança.

Evite influências, principalmente se você estiver inseguro, não peça nem permita opiniões. Procure errar sozinho, somente nos erros se aprende. Na ocasião em que você acertar, não terá aprendido nada, terá apenas, utilizado os conhecimentos adquiridos com os erros.

4. Padrões de Raças.

Conheça profundamente o padrão da raça que você vai analisar. Isto lhe dará segurança e independe de gosto pessoal.

5. Teoria.

Esqueça toda! A teoria só provoca mais insegurança. Compare o exemplar que você está observando com o que você conhece do padrão da raça.

6. Preconceito.

Faça um esforço para livrar-se de qualquer preconceito.

Bruno Tausz
Consultor: cinologia, cinotecnia, comportamento animal e adestramento