Orangotango do Bornéu Declarado “Criticamente Ameaçado” – Destruição de Florestas Continua
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) declarou que o orangotango-do-bornéu (Pongo pygmaeus) se encontra agora criticamente ameaçado, o que significa que ambas as espécies de orangotango existentes enfrentam um “risco extremamente elevado de extinção na natureza”.
Segundo um dos autores desta nova avaliação, Andrew Marshall, isto vem demonstrar o que já é óbvio há muito tempo: “a conservação dos orangotangos não está a resultar”.
Esta análise da IUCN, publicada esta semana, cita a caça, a destruição e a degradação do habitat e a fragmentação como as maiores causas deste declínio da população, explica o The Guardian.
Em 2010, apenas 59,6% das florestas da ilha do Bornéu se adequavam às necessidades dos orangotangos e, embora grande parte destas terras esteja protegida pelos governos da Indonésia, da Malásia e de Brunei, o abate de árvores ilegal e os incêndios fora de controlo – sendo a indústria do óleo de palma um dos responsáveis – continuam a ser ameaças recorrentes.
Os fragmentos de floresta de menor dimensão sobejantes podem não conseguir garantir a sobrevivência dos grupos que neles habitam. Estas populações de orangotangos conseguem adaptar-se para sobreviver durante décadas em habitats degradados ou isolados, mas os números reduzidos destas populações ou os problemas de saúde podem interferir com a reprodução destes animais, que têm o maior intervalo entre nascimentos de qualquer mamífero terrestre – uma vez a cada 6 a 8 anos.
“O problema de se avaliar uma espécie como os orangotangos é que existe um efeito de retardamento muito prolongado”, disse Andrew Marshall. “Muitas populações nestes fragmentos de floresta podem já estar a caminho da extinção e a trágica realidade é que existe pouco que possamos fazer para alterar esta trajetória. Poderíamos remover todas as ameaças agora mesmo e muitas das populações poderiam continuar a decrescer ao longo de várias gerações.”
De acordo com as estimativas dos autores, “os impactos combinados da perda e degradação de habitat e da caça ilegal traduzem-se numa redução de 86% da população entre 1973 e 2025”.
Contudo, isto não significa que a extinção é inevitável. Como Andrew Marshall indica, estudos recentes têm descoberto que os orangotangos conseguem adaptar-se e sobreviver melhor em florestas degradadas do que se pensava e novos compromissos por parte do governo indonésio e das corporações para limitar ou acabar com a desflorestação poderiam ter impactos positivos significativos na perda de habitat. Na sua opinião, também se deveria procurar envolver as indústrias, que os ambientalistas têm visto como adversárias ao longo dos anos, na conservação.
“Embora ache que as coisas vão provavelmente piorar antes de melhorarem, não é demasiado tarde para os orangotangos”, declarou.